“O ponto de vista dos autores antigos – que passou inclusive para alguns livros em voga ainda hoje – de que tudo aquilo que não está de acordo com os quadros clínicos conhecidos ou com um sistema dogmático de conceitos não é doença, mas simulação, é triste e nada científico. Particularmente prejudicial para a descrição e o exame é também o otimismo no diagnóstico que se dá muito mal com os fatos.”
“Mas quando uma histérica tortura a si mesma para parecer interessante, então fim e meios são resultado de uma atividade mental doentia. Uma hemorragia pulmonar pode ser simulada, mas nem por isso o paciente é um simulador; está realmente doente, mas não do pulmão. Quando o médico qualifica o paciente de simulador significa que não conseguiu identificar bem o sintoma, isto é, não reconheceu o sintoma como histérico.”
Gostaria de resumir os resultados do meu trabalho nas seguintes conclusões:
1. Há pessoas que apresentam uma reação anormal a fortes emoções (sobretudo susto e medo) na forma de perplexidade duradoura que poderíamos chamar de “estupidez emocional”.
2. As emoções e sua ação específica sobre a atenção fomentam o surgimento de automatismos psíquicos no sentido mais amplo.
3. Provavelmente certo número de casos de simulação deve ser explicado pela reação anormal a emoções e automatização (ou autohipnose) e, por isso, considerado doentio.
4. Provavelmente o complexo de Ganser em prisioneiros pode ser explicado da mesma forma e deve ser considerado um sintoma automatizado e intimamente relacionado com a simulação.”
JUNG, C.G. Estudos Psiquiatricos. OC, vol.1. Petrópolis: Vozes. 2013. Pág. 194-196
Páragrafo 351-354