Ritos de passagem

“Os rituais dão forma às passagens essenciais da vida. São formas de conclusão. Sem eles, deslizamos pela vida afora. Ganhamos idade sem que fiquemos velhos. Ou permanecemos consumidores infantis que nunca crescem. A descontinuidade do tempo próprio dá lugar à continuidade da produção e do consumo.

Os ritos de passagem, Übergangsriten, rites de passage, estruturam a vida como épocas do ano. Quem ultrapassa um limiar concluiu uma fase da vida e adentra em uma nova. Limiares como passagens dão ritmo, articulam e até mesmo narram espaço e tempo. Tornam possível uma experiência profunda de ordem. Limiares são passagens intensivas de tempo. Hoje têm sido demolidos em prol da comunicação e da produção acelerada, ininterrupta. Com isso, ficamos mais pobres em espaço e tempo. No esforço de produzir mais espaço e tempo, os perdemos.

O global é construído pelo desmantelamento desrespeitoso de portais e passagens. Informações e mercadorias preferem um mundo sem portais. O liso sem resistência acelera sua circulação. Passagens intensivas de tempo se desintegram, hoje, virando acessos rápidos, links contínuos e cliques infinitos.”

HAN, Byung-Chul.O desaparecimento dos rituais: Uma topologia do presente. Ed. Vozes, 2021, Local 501-509.

Rituais da Conclusão

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