“Quando partimos da ideia de que os símbolos das cartas poderiam ser associados à arte da guerra, encontramos autores que comparam as espadas e os bastões a armas úteis ao combate, os denários e as copas a objetos indispensáveis ao abastecimento. Uma associação simples, mas não desprovida de fundamento, quando consideramos que as cartas poderiam provir de um jogo de guerra indiano.”
Seguindo a mesma ideia, no início do século XVII, um certo Covarrubias pensa que os quatro naipes representam os perigos mais nocivos e mortais da humanidade: as espadas servem para atrair os homens à luta; os bastões sucederam aos punhos para finalmente serem superados pelas espadas; e as copas, que parecem ter sido inventadas para sustentar o vício, ou seja, a embriaguez, tornaram-se fontes de inúmeras rixas e querelas. Os denários, por fim, incitam os homens ao roubo e ao assassinato. Assim, os naipes são, respectivamente, símbolos de violência, embriaguez, desordem (estamos longe do Graal!), cupidez e crime.”
NADOLNY, Isabelle. História do Tarô. Um estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 51.