Bebendo do Mesmo Cálice

Enquanto ele me olhava, o Santo Graal surgiu junto à sua boca e desceu até meus lábios: em seguida, voltou a Jesus. Depois de alguns momentos de silenciosa comunhão extática, ele me disse: “Tu bebes do mesmo cálice que eu”.

Curvei-me, então, diante dele. Eu estava imensamente feliz por receber o testemunho de suas bênçãos, de sua presença. Exatamente as mesmas palavras que me disse nessa visão ele também dissera a Tomé, embora eu nunca as tenha lido.”

Nota: As palavras de Jesus estão registradas no não-canônico Evangelho de Tomé, sentença 13:
“Comparai-me e dizei-me com quem me pareço.

“Simão Pedro respondeu-lhe: ‘Tu és como um anjo justo’.

“Mateus lhe disse: ‘Tu és como um filósofo sábio’.

“Disse-lhe Tomé: ‘Mestre, minha boca é totalmente incapaz de dizer-te com quem te pareces’.

“Jesus lhe disse: “Já não sou teu Mestre, porque bebeste da fonte borbulhante que te ofereci, e te inebriaste’.”

Em outro trecho do Evangelho de Tomé (sentença 108), Jesus declara: “Aquele que beber de minha boca se tornará como eu, e eu mesmo me tornarei como ele, e as coisas ocultas lhe serão reveladas”.

Fragmentos desse Evangelho foram descobertos no final do século 19, mas o Evangelho completo, incluindo o trecho citado acim, só foi descoberto em 1945. Ele era, parte de uma coleção de manuscritos coptas do século 2 encontrados durante escavações em Nag Hammadi, no Egito, e traduzido para o inglês em 1955. (Paramahansa Yogananda deixou seu corpo em 1952.) Entretanto, foi em 1937 que Paramahansaji fez a afirmação acima de que as palavras ditas por Jesus a ele transmitiam a mesma mensagem das palavras de Jesus a Tomé. (Nota da Editora).”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. XXX.

Parte: Introdução.

O Gral Sagrado

“(…) Eles reconheceram no ato de beberem todos da mesma taça sagrada um símbolo muito antigo de ordenação bênção, símbolo de poder e de igualdade de posição em qualquer trabalho ou missão. Jesus pegou, a seguir, do pão e, após pedir a Deus que o abençoasse, dividiu-o, em pequenos pedaços, entre eles, explicando: “Esta forma material que agora vos sirvo simboliza meu corpo, o qual vos dou e divido entre vós, e por ela vos lembrareis de mim como sendo dividido entre vós, e uno convosco, e um de vós.

O beber do vinho da taça, ou gral sagrado, ainda é uma cerimônia simbólica e sagrada das escolas secretas do Oriente e do Oriente Próximo, e mesmo dalgumas escolas de sabedoria espiritual e sagrada no mundo ocidental. A divisão do pão e do vinho não era ideia original de Jesus, mas um costume antigo e sagrado que Ele aplicou de modo novo, por que nova era a Sua missão na terra, baseada em antigos símbolos e cerimônias sagradas. Comer do pão era, deste modo, partilhar do corpo físico do Cristo, e beber do vinho era beber do Seu sangue e, assim, estar não só em sagrada comunhão com Ele, mas ser parte Dele em qualquer obra sagrada de que Ele os encarregasse e lhes transferisse.”

LEWIS, H. Spencer. As Doutrinas Secretas de Jesus. Rio de Janeiro: Biblioteca Rosacruz, V. II, Ed. Renes, 1983, p. 106-107.

Amparo Espiritual sem Dogmas

“– Oh! – inquiriu Hilário, curioso – quem será aquele homem tão bem acompanhado?

Áulus sorriu e esclareceu:

– Nem tudo é energia viciada no caminho comum. Deve ser um médico em alguma tarefa salvacionista.

– Mas, é espírita?

– Com todo o respeito que devemos ao Espiritismo, é imperioso lembrar que a Bênção do Senhor pode descer sobre qualquer expressão religiosa – afirmou o orientador com expressivo olhar de tolerância. – Deve ser, antes de tudo, um profissional humanitário e generoso que por seus hábitos de ajudar ao próximo se fez credor do auxílio que recebe.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, pp. 135-143.

Oração e Refazimento do Corpo Espiritual

“(…) Sinto-me reconfortado, quase feliz! Indiscutivelmente, não mereço as dádivas recebidas, pois me vejo no grande Lar, amparado por afeições inolvidáveis e sublimes! As preces do nosso grupo alcançam-me cada noite, como projeção de flores e bênçãos!(…)”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, pp. 95-103.

Recusa do Retorno

“Terminada a busca do herói, por meio da penetração da fonte, ou por intermédio da graça de alguma personificação masculina ou feminina, humana ou animal, o aventureiro deve ainda retornar com o seu troféu transmutador da vida. O círculo completo, a norma do monomito, requer que o herói inicie agora o trabalho de trazer o símbolos da sabedoria, o Velocino de Ouro, ou a princesa adormecida, de volta o Reino humano, onde a benção alcançada pode servir a renovação da comunidade, da nação, do planeta ou dos 10.000 mundos.

Mas essa responsabilidade tem sido objeto de frequente recusa.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 195.

Imortalidade

“A busca da imortalidade física procede de uma incompreensão do ensinamento tradicional. (…) Conhecer a eternidade é iluminar-se; não reconhecer a eternidade produz a desordem e o mal. (…) A bênção concedida ao fiel sempre segue a própria estatura deste, assim como a natureza do desejo que o domina: a bênção é tão-somente um símbolo da energia da vida adaptado às exigências de um caso específico.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 175-177.

O Encontro Com a Deusa

“O encontro com a deusa (que está encarnada em toda mulher) é o teste final do talento de que o herói é dotado para obter a benção do amor (caridade: amor fati), que é a própria vida, aproveitada como o invólucro da eternidade”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 119.