O Outro Lado da Mente

Essas concepções gnósticas fascinaram o psica-nalista C. G. Jung: para ele, essas idéias expressavam “o outro lado da mente” – pensamentos espontâneos, inconscientes, que qualquer ortodoxia exige que seus adeptos reprimam.

Entretanto, o cristianismo ortodoxo, como definido pelo credo apostólico, contém idéias que nos poderiam parecer estranhas até hoje. O credo requer, por exemplo, que os cristãos confessem ser Deus perfeitamente bom e, ainda, que criou um mundo que inclui dor, injustiça e morte; e que Jesus de Nazaré nasceu de uma mãe virgem; e que, depois de ser executado por ordem do procurador romano Pôncio Pilatos, ressurgiu da sepultura “no terceiro dia”.

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. XI.

Capítulo: Introdução.

Imagens Arquetípicas

“Numa palavra: a primeira tarefa do herói consiste em retirar-se da cena mundana dos efeitos secundários e iniciar uma jornada pelas regiões causais da psique, onde residem efetivamente as dificuldades, para torná-las claras, erradicá-las em favor de si mesmo (isto é, combater os demônios infantis de sua cultura local) e penetrar no domínio da experiência e da assimilação, diretas e sem distorções, daquilo que C. G. Jung denominou “imagens arquetípicas”. Esse é o processo conhecido na filosofia hindu e budista com viveka, “discriminação” [entre o verdadeiro e o falso].

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 27.

Símbolo Dogmático

“Doutor Jung observou, sabiamente: “a função incomparavelmente útil do símbolo dogmático [consiste no fato de ele] proteger a pessoa da experiência direta de Deus, já que ela não expõe si mesma de modo prejudicial. Mas se… A pessoa deixar a casa e a família, viver muito tempo isoladamente e observar de modo excessivo o espelho negro, então o formidável evento do encontro pode deitá-la por terra. No entanto, mesmo assim o símbolo tradicional, que vem a florescer em sua plenitude ao longo do séculos, pode operar como corrente de cura e desviar a fatal incursão do Deus vivo nos espaços tornados ocos da igreja.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 201-202.