A “natalidade” como obrigação

“A “natalidade”, como obrigação à ação, emaranha-nos no tempo. Só a inatividade nos liberta, ou nos redime, do tempo.

Quando festejamos o aniversário, não é para reafirmar o fato de que somos seres ativos. Antes, celebramos, no aniversário, a epifania do gênio que nos eleva para além do tempo. Na festa de aniversário, não nos recordamos de um dia passado. Ela é, antes, “como toda verdadeira festa, uma suspensão do tempo”185. A atemporalidade é a essência da festa. O tempo de festa é um tempo imóvel [Fest-Zeit]186. Assim, celebramos a festa. Só se pode celebrar [begehen] aquilo que permanece [steht] e não passa [vergeht]. Celebramos a festa como se transitássemos por uma obra majestosa. Aquele que age tem objetivos diante dos olhos. Ir a algum lugar e se esforçar por algo é seu modo de caminhar. Aquele que apenas age não é capaz do celebrar festivo que detém o tempo.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 1381-1384.

O Pathos da ação

Obras de arte

“Originalmente, obras de arte são monumentos do tempo de celebração. São testemunhos de momentos supremos e bem-aventurados de uma cultura. Originalmente, só havia obras de arte dentro do culto, das ações cultuais. Originalmente, as obras de arte possuíam um valor cultural. Hoje, elas perderam esse valor cultual.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 1023.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

O tempo de celebração

“O tempo de celebração é um tempo pleno, em contraposição ao tempo de trabalho, como tempo vazio, que deve ser simplesmente preenchido, que se move entre tédio e ocupação. A festa, ao contrário, realiza um instante de elevada intensidade vital. Hoje, a vida está perdendo cada vez mais intensidade. A vida sadia como sobrevivência é o nível absolutamente mais baixo da vida.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 935.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

Festa e celebração

“Tanto a festa quanto a celebração tem uma origem religiosa. A palavra latina feriae significa as ações próprias do culto religioso de um determinado tempo. Fanum significa “sagrado, um lugar consagrado a uma deidade”. A festa começa onde cessa o tempo cotidiano pro-fano (literalmente: o que se localiza antes das cercanias sagradas). Então se é consagrado no tempo celebrativo da festa.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 896.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

Festividades

“Hoje vivemos numa época desprovida de festividade, numa época sem celebração. O que é uma festa? Já a especificidade linguística nos dá uma indicação sobre seu ser. No vernáculo se diz, celebramos uma festa. A celebração acompanha uma temporalidade específica da festa. A palavra celebração (Begehung) destaca a ideia de um objetivo para o qual nos encaminhamos. Na celebração o que se dá primariamente é que não precisamos nos encaminhar para algum ponto para chegar lá. Na festa, o tempo como sequencial de momentos passageiros e fugidios é suspenso. Adentramos na celebração da festa como adentramos num espaço onde nos demoramos. O adentrar numa celebração se contrapõe ao transcorrer. No adentrar a celebração não há nada que transcorre e passa. O tempo de festa num certo sentido não passa. Em seu ensaio “Atualidade do belo”, o filósofo Hans-Georg Gadamer concebe a proximidade específica entre arte e festa a partir da temporalidade que lhes é comum: “A essência da experiência de tempo da arte é que devemos aprender a demorar-nos junto a ela. Talvez essa experiência seja a mais adequada correspondência ao que se costuma chamar de eternidade”.O tempo da festa é o tempo que não passa. É o tempo celebrativo em sentido específico.

(…)

Se vivemos numa época sem festa, se vivemos numa época desprovida de celebrações, já não temos mais qualquer relação com o divino.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 896-914.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

A Páscoa do Senhor

“Por apenas três dias foi permitido a nós, que ressuscitamos dentre os mortos, celebrar a Páscoa do Senhor em Jerusalém com nossos parentes que vivem como testemunho da ressurreição de Cristo, o Senhor; e fomos batizados no santo rio Jordão e recebemos vestes brancas, cada um de nós. E depois dos três dias, quando celebramos a Páscoa do Senhor, todos eles que se levantaram novamente conosco foram arrebatados pelas nuvens, e foram levados sobre o Jordão e não foram mais vistos por ninguém.”

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Segundo Nicodemos (Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro XI) – Versão Kindle, Posição 845.

Razão dos Nascimentos no Solstício de Inverno

“Do que foi dito, depreende-se que, quando a Grande Fraternidade Branca do Egito escreveu em seus registros que o dia e a hora do solstício de inverno era o período Cósmico correto para o nascimento dos Avatares, como estava escrito em todas as anotações antigas, ela não estava ordenando uma data ou estabelecendo arbitrariamente, por decreto, um período para a celebração de aniversários, mas simplesmente proclamando o que havia observado e declarando de que forma a lei Cósmica se manifestava. A razão pela qual os Avatares deveriam nascer no solstício de inverno, e a razão pela qual tantos grandes condutores de homens realmente nasceram nessa época, é uma questão que está envolvida com os princípios da reencarnação, ciclos Cósmicos de existência e leis Cósmicas relativas à periodicidade dos estágios da civilização em progresso.

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 125-126.

Celebração do dia 25 de Dezembro

“O fato de ser o dia 25 de dezembro festejado em muitas partes como uma data associada ao nascimento do Sol, ao aniversário Cósmico de certas leis e princípios manifestados pelo Sol, é indicado em muitos registros antigos referentes a celebrações primitivas dos cristãos em Roma. (…)”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 123.

O Consenso Sobre o Nascimento de Jesus

“Algumas tradições mais antigas da Igreja Cristã definiram o dia 20 de maio como a data correta, enquanto alguns dos Santos Padres insistiam em que a data real era 19 ou 20 de abril. No quinto século depois de Cristo, o assunto ainda estava sendo discutido e foi nesse mesmo século que a comunidade de Roma convocou um de seus famosos Concílios e tomou uma decisão definitiva, escolhendo a data de 25 de dezembro, ou meia-noite de 24 de dezembro, como a hora verdadeira. Nesta decisão está envolvida uma história mística importante e muito bela.”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 118.