A Sacerdotisa

“Correspondência Astrológica: Lua.

O termo “Sacerdotisa” é moderno, outra inovação da Golden Dawn. Originalmente, e ainda hoje em muitas versões europeias, sobretudo no tarot de Marselha, a carta é chamada de “Papesse”, ou seja, “papa feminino”. A imagem de uma mulher com a tríplice coroa do papa segurando um livro.

(…)letra hebraica Beth, o Papa Feminino. A casa de Deus e do Homem, o santuário, a lei, a gnose, a Kabbala, a igreja oculta, o dual, a esposa ou a mãe.

A porta do santuário oculto. Conhecimento.

A Sacerdotisa. Ciência, sabedoria, educação.

Segredos, mistérios, o futuro não revelado (…) sabedoria e ciência.

Em sua origem, seria essa figura uma resposta satírica ou subversiva a um sacerdócio exclusivamente masculino? (…) Papisa Joana.

Nos anos 1200, um movimento radical surgiu na Europa, liderado por uma mulher chamada Guglielma da Boêmia. Ela pregou que Cristo retornaria em 1300 para iniciar uma nova Era na qual as mulheres seriam ungidas papas. A própria Guglielma morreu antes deste grande dia, e assim os guglielmitas elegeram uma mulher chamada Manfreda Visconti para ser a primeira mulher papa. O ano de 1300 veio e se foi sem Cristo aparecer pelo menos até onde a história registra, com os homens da igreja deixando clara sua posição sobre essas papisas: eles queimaram Manfreda em uma fogueira. Cento e cinquenta anos depois foi criado o primeiro baralho de tarot conhecido, encomendado pelos governantes da cidade-estado de Milão a supracitada família Visconti.

Quando a Igreja Católica estabeleceu um “rosto divino” exclusivamente masculino observe que a própria expressão sugere uma ca beça sem corpo, as pessoas se voltaram para visões da Virgem Maria, uma figura gentil que intercederia por eles em contraste com as duras punições advindas de um Deus masculino. A igreja resistiu aos primeiros esforços pa ra elevar a figura de Maria, mesmo quando fizeram uso de sua popularidade. A maioria das pessoas até hoje não sabe disso, mas foi somente em 1950 que o Vaticano elevou oficialmente Maria ao Céu, em uma posição de igualdade divina, ao lado de seu Filho.

(…) podemos descrever O Mago como luz, razão, principio ativo, masculino, externo e consciente; ao passo que A Sacerdotisa funcionaria como escuridão, intuição, receptividade, principio feminino, interno e inconsciente.

A postura do Mago – um braço para cima, o outro para baixo – permite que o poder passe por ele, de modo que sua energia ativa e criativa vem do Espírito ou da musa, não de seu próprio poder ou controle pessoal. (…) a versão moderna da carta mostra uma figura feminina sentada entre dois pilares, um claro, o outro escuro, sendo ela própria o ponto de equilíbrio.

A Sacerdotisa do baralho Rider usa a coroa de Ísis, símbolo das três fases da lua.

Não quero dizer que apenas mostrar a carta para aquela mulher a cura- ria magicamente de todo o seu sofrimento. Mas se foram as imagens que nos aprisionaram, então são também elas que podem nos libertar. Podemos ten- tar conduzir o mundo arquetípico discutindo com ele e dizendo coisas do tí- po: “Isso não é racional, isso não faz sentido”. Ou podemos lidar com ele em seus próprios termos, para aproveitar a experiência e aprender. O tarot nos dá o arquétipo em uma forma que podemos usar, tanto para a cura quanto para o autoconhecimento.

Na Arvore da Vida da Cabala, encontramos o pilar masculino de expansão à direita e o pilar feminino da contração à esquerda. Mas no meio está o equilibrio entre eles.

(…) a partir do baralho Rider, a cortina está entre dois pilares marcados com as letras “B” e “J”. As letras representam Boaz e Jaquim, nomes que, segundo a tradição, estavam inscritos nos pilares preto e branco na entrada do Templo de Salomão no antigo Israel. A carta evoca sutilmente a maçonaria, pois os maçons se propuseram a tarefa de reconstruir esse templo antigo. (…) Além disso, os dois pilares evocam o número da carta (II) e o principio feminino, numa alusão à entrada do útero. (…) romãs decoram a cortina. Essa fruta simboliza o princípio feminino.

(…)

Nossa própria palavra “paraíso – em inglês “paradise” – e a palavra hebraca “pardes”, derivam ambas da palavra persa “paradeíza”, que significa jardim fechado – como o Jardim do Éden.

(…)

Na versão Rider, a disposição das romãs sugere a Árvore da Vida(…) Assim, ela própria se torna a árvore.

Como mencionado, a romã evoca a deusa grega Perséfone, e é nela que está representado o ritual mais importante do mundo clássico: os Grandes Mistérios de Eleusis pequena cidade fora de Atenas. No mito subjacente aos próprios Mistérios e com o tempo esse mito me pareceu cada vez mais significativo para o tarot, quer os criadores e artistas originais pensassem nisso ou não, Hades, deus dos mortos, sequestra Perséfone, a fim de que ela se torne sua noiva no submundo. Quando a mãe de Perséfone, Deméter, convence os deuses a permitir que a filha retorne ao mundo dos vivos, a Morte dá a Perséfone uma semente de romã para comer. Por ter con- sumido comida no submundo, ela é condenada a retornar todo ano por um dado período veja também A Imperatriz, A Roda da Fortuna, O Diabo e A Estrela. Assim, A Sacerdotisa torna-se a senhora dos mistérios, da morte e da passagem pela morte para uma existencia superior.

Qual é exatamente a diferença entre um sacerdote e uma sacerdotisa? Tradicionalmente, eles representam os aspectos externos e internos da experiência mística. O sacerdote detém o poder sobre a tradição, com suas regras e ensinamentos. A sacerdorisa, por sua vez, aponta para niveis de compreensão que não podem ser colocados em palavras ou doutrinas, para saberes que não se sustentam ou então que resultam em absurdos quando tentamos descrevé-los racionalmente.

Na tradição Rider, A Sacerdotisa usa a coroa de İsis, formada por duas luas crescentes, com uma lua cheia entre elas.

(…) a Deusa Triplice (…) Donzela, Mãe e Ancia. (…) Os ciclos menstruais das mulheres de fato seguem o ciclo lunar. Em outros termos, os ciclos de vida das mulheres seguem o mesmo padrão dos da lua. “Como acima, assim abaixo” (…) significa que ambos pertencem a uma existência maior.

(…) na tradição Rider, inclusive, vemos a própria lua crescente a seus pés. (…Ártemis/Diana.

A cortina, de forma geral, representa o “véu” sobre os segredos oculros da existência. (…) de templo, nenhum documento antigo, nenhuma abertura para o outro mundo. Em vez disso, encontramos água sem forma, serena, insondável. O miséria supremo.

Em termos modernos, chamamos essas águas ocultas de “inconsciente”, mas somente se as distinguirmos do “subconsciente”, a massa de pensamentos, desejos e emoções reprimidos que o ego consciente luta para não reconhecer. (…) Aqui, o inconsciente significa o vasto mar da vida além de nossa experiência pes- soal, de nossas necessidades e desejos.

(…)Shekinah. (…) “presença interior”, isto é, o poder divino que está presente na Terra e que habita a Arca da Aliança.

(…)ela pode significar dou trinas e ensinamentos secretos (…) O sacerdote oficia e dirige, e em seu melhor aspec to direciona a energia divina a fim de abençoar um povo ou uma região. Já a sacerdotisa inicia pessoas, levando-as a niveis mais profundos e internos de compreensão, nos quais elas podem descobrir seus próprios mistérios.

(…) pode sinalizar algo muito profundo que é despertado dentro de nós, especialmente a consciência sensitiva ou espiritual.

(…)ela nos lembra da importância de às vezes ficarmos em silêncio, de olharmos para dentro e contemplarmos a quietude.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.77-86.

Fazer o bem significa amar

“A Myriam dos terapeutas é uma onda de amor que emana de um centro pulsante de natureza desconhecida, de uma pessoa ou de uma cadeia de almas. A alegoria pode parecer mística, mas tem um nome de mulher, ela que foi a primeira e a mais notável dentre os magos, um receptáculo, um profundo tesouro de Amor, porque – e não se escandalize com a verdade que vou contar – Amor é matéria, como o calor, o magnetismo, a luz, a eletricidade, a radioatividade.

Aponte seu conhecimento para isso.

Não importa o que faça, faça sempre o bem.

Fazer o bem significa amar.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.39.

Para os discípulos da Grande Arte

Formas de magia

“A magia cerimonial é uma operação com a qual o homem tenta, pelo jogo de forças naturais, coagir poderes invisíveis de diversos tipos a fazerem o que ele quer.

(…)

(…)a magia supõe firme confiança na ciência, e só nela, exigindo apenas o conhecimento das forças invisíveis. A magia implica o uso desse conhecimento porque ele está reservado àqueles cujo amor pelo ser ascendeu à altura do autossacrificio (12º arcano do tarô).

(…)

A Feitiçaria é outra forma dessas práticas passivas, ainda mais repugnante porque, além da fraqueza de suas operações, revela a ignomínia e a covardia de más ações escondidas, perpetradas a fim de satisfazer às paixões mais vis.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.256-257.

Capítulo 10

A pedra angular da MAGIA

“A pedra angular da MAGIA é o profundo conhecimento prático do magnetismo e da eletricidade, de seus atributos, suas correlações e potências. Imprescindível é a familiaridade com seus efeitos no reino animal e no homem. Existem propriedades ocultas em muitos outros minerais, tão estranhas quanto as da magnetita, que todos os praticantes de magia precisam conhecer, mas a chamada ciência exata ignora. As plantas também possuem propriedades místicas em grau muito elevado, e os segredos das ervas dos sonhos e encantamentos se perderam para a ciência europeia (…)

Em suma, a MAGIA é a SABEDORIA espiritual; a natureza, aliada natural, é a discípula e a serva do mago. Um princípio vital comum permeia todas as coisas e pode ser controlado pela vontade humana aperfeiçoada.

O adepto consegue controlar as sensações e alterar as condições dos corpos fisico e astral de outras pessoas, mas não de adeptos; só lhe é dado governar e empregar, à vontade, os espíritos dos elementos.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.108.

Capítulo 5

O Castelo do conhecimento

“Também podia se alimentar com as frutas e raízes com que tinha se acostumado. Nunca mais comeria pombos ou qualquer outra ave ou carne outra vez, porque compreendeu que fazer isso seria literalmente ter amigos para jantar.

(…)o Castelo do Conhecimento a distância. Ele era maior do que o Castelo do Silêncio, e sua porta era feita de ouro maciço.

— O Castelo do Conhecimento foi projetado pelo próprio universo, a fonte de todo conhecimento.

Como estou agora que fiz a barba e cortei o cabelo? — É a primeira vez que você tirou vantagem de ser encurtado — respondeu Sam. O cavaleiro riu da brincadeira de Sam. Ele apreciava seu senso de humor. Se houvesse qualquer semelhança entre o Castelo do Conhecimento e o Castelo do Silêncio, ele ficaria feliz em ter Sam como companhia.

Enquanto empurrava a porta, ele perguntou a Rebecca e Esquilo se eles o deixariam como haviam feito antes. — Não — respondeu Rebecca. — O silêncio é para um; o conhecimento, para todos.

O conhecimento é a luz através da qual você encontrará seu caminho.

Sam falou sem rodeios: — Isso significa que, quanto mais você sabe, mais luminoso ficará aqui dentro.

O cavaleiro resfolegou: — Não tenho tempo para brincar de Perguntas e Respostas. Quero encontrar rápido meu caminho por este castelo, para poder chegar ao topo da montanha! — Talvez o que você tenha a aprender aqui é que você tem todo o tempo do mundo — sugeriu Rebecca.

Envolto em um clarão ofuscante, um pensamento surgiu na mente do cavaleiro: ele necessitara do amor de Juliet e de Christopher porque não se amava! Na verdade, ele necessitara do amor de todas as donzelas que resgatara dos dragões e de todas as pessoas por quem lutara nas cruzadas porque não se amava. O pranto do cavaleiro se intensificou quando ele compreendeu que, se não se amava, não poderia realmente amar os outros. A necessidade que tinha deles era um obstáculo ao amor.

— Você descobriu uma grande verdade — explicou o mago ao cavaleiro. — É somente quando nos amamos que podemos amar os outros. — Como começo a me amar? — perguntou o cavaleiro. — Você já começou, pelo simples fato de saber o que sabe. — Sei que sou um tolo — soluçou o cavaleiro. — Não, você sabe a verdade, e verdade é amor. Isso confortou o cavaleiro, e ele parou de chorar. Quando seus olhos secaram, ele percebeu a luz à sua volta. Era diferente de todas as luzes que tinha visto antes. Parecia vir de lugar nenhum e, ao mesmo tempo, de todos os lugares. Merlin ecoou os pensamentos do cavaleiro: — Não há nada mais bonito que a luz do autoconhecimento. O cavaleiro contemplou a luz e, em seguida, encarou as trevas à frente. — Não existe escuridão neste castelo para você, não é mesmo? — Não — respondeu Merlin —, não mais.

— Não é um espelho comum — insistiu Rebecca. — Ele não mostra como você parece. Mostra o que você realmente é.

— Você está vendo seu eu verdadeiro — explicou Sam —, o eu que vive por debaixo dessa armadura. — Mas — protestou o cavaleiro, olhando de forma penetrante para o espelho —, este homem é um espécime perfeito. E sua face é plena de beleza e inocência. — Esse é o seu potencial — respondeu Sam —, ser belo, inocente e perfeito. — Se esse é o meu potencial — disse o cavaleiro —, algo terrível aconteceu no meu percurso para realizá-lo.

(…)você colocou uma armadura invisível entre você e seus sentimentos verdadeiros. Ela está em você há tanto tempo, que se tornou visível e permanente. — Talvez eu tenha realmente escondido meus sentimentos — disse o cavaleiro. — Mas eu não podia simplesmente dizer tudo que me vinha à cabeça e fazer tudo que tinha vontade de fazer. Ninguém iria gostar de mim. Ao pronunciar essas palavras, o cavaleiro parou abruptamente, compreendendo que vivera toda a sua vida de maneira a fazer com que as pessoas gostassem dele.

O cavaleiro olhou para o espelho mais uma vez. Bondade, amor, compaixão, inteligência e altruísmo retribuíram o olhar. Ele compreendeu que tudo que precisava fazer para possuir essas qualidades era reivindicá-las, pois elas sempre lhe haviam pertencido.

Com esse pensamento, a linda luminosidade resplandeceu novamente, mais clara do que antes. Ela iluminou a sala inteira, revelando, para surpresa do cavaleiro, que o castelo era composto de apenas uma sala gigantesca. — É o código padrão para a construção de um Castelo do Conhecimento — disse Sam. — O verdadeiro conhecimento não é dividido em compartimentos, pois todo ele emana de uma verdade.

(…)será que você estava tão ocupado tentando vir a ser que não podia desfrutar de ser simplesmente?

— A ambição do coração é pura. Ela não compete com ninguém, nem fere ninguém. Na verdade, ela o serve de tal maneira que serve os outros ao mesmo tempo. — Como? — perguntou o cavaleiro, esforçando-se para compreender. — É nesse ponto que podemos aprender com a macieira. Ela se tornou graciosa e plenamente madura, cheia de bons frutos que ela dá livremente a todos. Quanto mais maçãs as pessoas retiram dela — disse Merlin —, mais ela cresce e mais formosa se torna. Esta árvore está fazendo exatamente o que macieiras devem fazer: atingindo seu potencial para benefício de todos. Pode acontecer o mesmo com as pessoas, quando a ambição delas vem do coração.

— Você poderia vender algumas de suas maçãs para pagar pelo castelo e cavalo novos. Depois po- deria doar as maçãs de que não precisasse para que outros pudessem se alimentar. — É mais fácil para as árvores do que para as pessoas neste mundo — disse o cavaleiro, filosoficamente. — É tudo uma questão de percepção — disse Merlin. — Você recebe a mesma energia vital que a árvore. Compartilha da mesma água, do mesmo ar e do mesmo alimento da terra. Garanto-lhe que, se aprender com a árvore, também poderá gerar os frutos que a natureza tem o propósito de gerar — e logo terá todos os castelos e cavalos que desejar.

— Aos seres humanos foram dados dois pés para que não precisassem ficar em um mesmo lugar, mas, se ficassem sossegados mais vezes para aceitar e desfrutar, em vez de ficarem correndo de um lado para o outro atrás das coisas, compreenderiam verdadeiramente a ambição que vem do coração.

Em seguida considerou a si mesmo — emagrecido e com uma barba que começava a ficar desgrenhada novamente. Estava subnutrido, nervoso e exausto de ficar arrastando sua pesada armadura de um lado para o outro. Tudo isso ele adquirira por causa da ambição de sua mente, e agora sabia que tudo isso precisava mudar. A ideia era assustadora, mas, ora, ele já perdera tudo, então o que tinha a perder?

Ele chegou à conclusão de que o tempo realmente passa rápido quando se está em contato consigo mesmo. Relembrou quantas vezes o tempo se arrastara indefinidamente, quando tinha dependido dos outros para preenchê-lo.”

FISHER, Robert. O cavaleiro preso na armadura. Ed. Record, 2020, Local: 702-914.

O Castelo do conhecimento

Proveitos Trazidos a alma por esta noite

“O primeiro e principal proveito causado na alma por esta seca e escura noite de contemplação é o conhecimento de si mesma e de sua miséria.

Esta falta de gosto consigo mesma, e o desconsolo que sente por não servir a Deus, agradam mais a Ele do que todas as obras e gostos que a alma tinha dantes, fossem os maiores, pois tudo aquilo ocasionou muitas imperfeições e ignorâncias.

Na veste de aridez que envolve a alma, não se encerra apenas este proveito a que nos referimos; há também outros de que vamos falar agora, deixando de parte grande número que ainda fica por dizer; mas todos procedem, como de sua fonte e origem, do conhecimento próprio.

Temos agora por averiguado como esta noite escura produz primeiramente o conhecimento próprio, e daí, como de seu fundamento, procede o conhecimento de Deus.

Assim, para o conhecimento de Deus e de si próprio, o meio é esta noite escura, com suas securas e vazios, embora não o seja ainda na plenitude e abundância da outra noite do espírito, pois o conhecimento recebido nesta primeira noite é como o princípio do que receberá mais tarde.

A alma, nas securas e vazios desta noite do apetite, lucra humildade espiritual – virtude contrária ao primeiro vício capital que dissemos ser a soberba espiritual. Por meio da humildade proporcionada pelo conhecimento próprio, purifica-se de todas as imperfeições, acerca da soberba em que costumava cair no tempo de sua prosperidade. Vendo-se agora tão árida e miserável, nem mesmo por primeiro movimento lhe ocorre a ideia – como outrora acontecia – de estar mais adiantada do que os outros, ou de lhes levar vantagem. Muito ao contrário, conhece que os outros vão melhor.

Esta noite torna também as almas submissas e obedientes no caminho espiritual, pois, vendo-se tão miseráveis, não semente ouvem o que lhes é ensinado, mas ainda desejam que qualquer pessoa o encaminhe e diga como devem proceder. Perdem a presunção afetiva que às vezes tinham na prosperidade.

CRUZ, São João da. A noite escura da Alma. Editora Família Católica, 2018, versão Kindle, Posição: 840-917.

É a grande luz

“Confiem em mim, meus irmãos. Entendam o que é a grande luz. O Pai não precisa de mim. Um pai não precisa de um filho, mas é o filho que precisa do pai. Para Ele que eu vou, pois o Pai do Filho não precisa de vós. “Ouça a palavra, entenda o conhecimento, ame a vida e ninguém o perseguirá, ninguém o oprimirá além de você mesmo.”

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Secreto de Tiago
(Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro VI) – Versão Kindle, Posição 533.

O belo apraz o sujeito,

“O belo apraz o sujeito, criando um prazer, pois estimula o concerto [Zusammenspiel] harmônico das faculdades do entendimento. Embora o belo não produza por si nenhum conhecimento, ele entretém o mecanismo do conhecimento.”

HAN, Byung-Chul.O desaparecimento dos rituais: Uma topologia do presente. Ed. Vozes, 2021, Local 1177.

Do mito ao dataísmo

Homens perfeitos

“Assim, aqueles que ouviram a pregação e embeberam-se de conhecimento, esses participaram da gnose e, tendo recebido o conhecimento, vieram a ser homens perfeitos; mas aqueles que se desviaram da pregação, esses são os lógicos, que não tomaram em acréscimo o conhecimento, que desconhecem por que e por quem vieram a existir.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 149.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IV