Homens perfeitos

“Assim, aqueles que ouviram a pregação e embeberam-se de conhecimento, esses participaram da gnose e, tendo recebido o conhecimento, vieram a ser homens perfeitos; mas aqueles que se desviaram da pregação, esses são os lógicos, que não tomaram em acréscimo o conhecimento, que desconhecem por que e por quem vieram a existir.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 149.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IV

Também eu quero ser imerso

“Também eu quero ser imerso, ó pai. Se primeiramente não odiares o teu corpo, ó filho, não podes amar a ti mesmo, tendo, porém, amado a ti mesmo, terás conhecimento, e tendo conhecimento, também participarás da ciência. O que queres dizer com essas coisas, ó pai? – Pois é impossível, ó filho, vir a ser de ambas as coisas, das mortais e das divinas.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 149.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IV

Criação do Demiurgo

“Visto que o Demiurgo fez todo o mundo, não com as mãos, mas com uma palavra, sendo assim, compreenda como é o corpo daquele que é Presente, Sempre Existente, que fez todas as coisas, o Uno, e o que criou todos os seres por vontade sua; com efeito, isto é o corpo dele: não é tangível. nem visivel, nem comensurável, nem dimensional, nem semelhante a qualquer outro corpo. (…) o homem, o ornamento do corpo divino, o vivente mortal do vivente imortal; (…) Por que, então, ó pai, Deus não repartiu o conhecimento entre todes? Quis, ó filho, colocar isso como prêmio no meio para as almas. -E onde o colocou? Tendo enchido uma grande cratera disso, enviou; designando um arauto, também the ordenou apregoar aos corações dos homens estas coisas: mergulha-te a ti mesmo nessa cratera, tu que podes, tu que crês que subirás para o que tem enviado o vaso de mistura, tu que conheces por que vieste a ser.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 147.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IV

Gnose no Corpus Hermeticum

“(…) o conceito de gnose no Corpus Hermeticum está relacionado a um processo propedeutico que envolve reflexões teológicas, cosmológicas e antropológicas (teoantropocósmica), baseando-se em especulações metafisicas. A diferença entre essa gnose e aquilo que se julga como gnosticismo cristão está no fato de que, no hermetismo, γνῶσις não é um conhecimento quase cientifico de um mundo que transcende toda experiência humana terrestre, ou seja, de um conhecimento hipercósmico ou supramundano. Pelo contrário, no Corp. Herm., γνῶσις ἐ uma disciplina de reflexões e especulações sobre Deus, o cosmo e o homem, que culmina na visão mistica, ou seja, na deificação ou theõsis (θέωσις) do ser humano. E evidente que, para os autores herméticos, as verdades teoantropocósmicas divinamente reveladas não são meras espe culações nem a γνῶσις se limitava a especulações metafísicas.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 37.

Parte I- Ensaios: Aproximações e enfoques.

Capítulo I- Gnosis Hermética como Conhecimento do Sentido da Vida.

Jung e alquimia

“Jung encontrou na alquimia medieval um nexus entre o antigo gnosticismo e a psicologia moderna.

Em termos junguianos, aquilo que se chama de gnose de Deus ou da divindade é o conhecimento do inconsciente, proveniente dele. Para os herméticos, a gnose não é meramente conhecimento sobre Deus, mas de Deus. A divindade imaterial, parcialmente impessoal e primordial, é simbolicamente o inconsciente. Ela se revela por meio de intermediários, de emanações, que se chamam personalidades arquetípicas. O conhecimento sobre o homem é o conhecimento do ego independente, emergente do inconsciente para a consciência, sendo distinto tanto do inconsciente quanto do mundo externo. Vindo a ser independente, consequentemente passa a esquecer suas origens, projetando-se sobre o mundo, sobre a Natureza. A concepção junguiana da gnose está em flagrante paralelo com o caráter gnóstico teoantropocósmico do hermetismo.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 20.

Prefácio

Para que filosofia?

“Ora, muitos fazem uma outra pergunta:“Afinal, para que filosofia?”. É uma pergunta interessante. Não vemos nem ouvimos niguém perguntar, por exemplo, Para que matemática ou física?“,Para que geografia ou geologia?”, “Para que história ou sociologia?”, “Para que biologia ou psicologia?”,“Para que astronomia ou química?”, “Para que pintura, literatura, música ou dança?”. Mas todo mundo acha muito natural perguntar Para que filosofia?”. 

Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudan­tes de filosofia: “A filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 22.

Introdução: Para que filosofia?

Para que filosofia?

Aula Magna

Contradições de crença

“Esses conflitos entre várias de nossas crenças ou entre nossas crenças e um saber esta belecido indicam a principal circuntância em que somos levados a mudar de atitude.Quando uma crença contradiz outra ou parece incompatível com outra, ou quando aquilo em que sempre acreditamos é contrariado por uma outra forma de conhecimento, entramos em crise.”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 19.

Introdução: Para que filosofia?

Momentos de crise

Aula Magna

 

Conhecimento pelo conceito

“O saber no sentido autêntico só é possível no nível do conceito: “O conceito é o inerente às próprias coisas, pelas quais elas são o que são, e assim compreender um objeto significa tomar consciência de seu conceito”

A própria realidade é transferida para o conhecimento ao ser apreendida pelo conceito.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 700.

Inteligência Artificial

Tudo e nada

“Hoje nós corremos atrás de informações sem obter nenhum saber. Tomamos ciência de tudo sem chegar a nenhum conhecimento. Vamos a todos os lugares sem obter nenhuma experiência. Nós nos comunicamos ininterruptamente, sem participar de nenhuma comunidade. Armazenamos imensas quantidades de dados sem buscar memórias. Acumulamos friends e followers sem toparmos com outros. Assim, as informações desenvolvem uma forma de vida sem constância e duração.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 166.

Da coisa à não-coisa