A Era do Conhecimento

A economia do conhecimento requer algo diferente. Cada vez mais, o conhecimento especializado, tradicionalmente dominado por seres humanos, vem sendo assumido por computadores. O petróleo não é mais localizado por geólogos, mas por softwares que analisam uma vasta quantidade de dados geológicos em busca de padrões recorrentes. 

Praticamente todas as profissões foram afetadas. Eu assisti a uma demonstração do sistema cognitivo IBM Watson. Seu objetivo era diagnosticar um paciente que apresentava seis sintomas específicos. Enquanto médicos coçavam a cabeça e pediam uma série de exames para obter mais dados, o Watson, em poucos segundos, leu quatro mil trabalhos de pesquisa recentes e relevantes, aplicou algoritmos de probabilidade a cada sintoma e concluiu, com 80% de certeza, que o paciente sofria de uma enfermidade rara da qual apenas um dos médicos tinha ouvido falar.

(…) “Num mundo em que as máquinas rapidamente se tornam superinteligentes em qualquer tarefa especializada a que as submetemos, para que servem os seres humanos?”

Para que servem os seres humanos? Os seres humanos servem para ser mais humanos do que jamais fomos. Mais humanos na forma como trabalhamos. Mais humanos naquilo que aprendemos. E mais humanos no modo como dividimos esse saber uns com os outros.”

(…)

Mais pensamento estratégico sobre sistemas.

Mais inovação.

Mais criatividade. (…) criatividade humana.

Mais utilização de valores exclusivamente humanos.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 210-211.

Capítulo 5 – REFLEXÃO: O Renascimento da Palestra.

 

A Interconectividade do Conhecimento

“Eu pretendo convencer você de uma coisa: por mais que sejam importantes hoje, as aptidões para falar em público se tornarão fundamentais no futuro.

Por causa de nossa conectividade cada vez maior, uma das mais antigas aptidões da humanidade vem sendo reinventada na era moderna. Estou convencido de que, no futuro, mais ainda do que hoje, aprender a apresentar ideias ao vivo a outras pessoas será uma qualificação absolutamente essencial (…)

(…)

E Ricky tinha outro traço de personalidade que indiretamente se mostraria fundamental para o sucesso do TED: a impaciência.

Ricky se aborrecia facilmente com apresentações longas. À medida que o TED crescia, ele passou a conceder um tempo cada vez mais curto aos oradores. E simplesmente subia no palco e interrompia aqueles que estourassem o limite. Também proscreveu as perguntas da plateia, alegando que seria mais interessante encaixar um novo palestrante do que escutar alguém disposto a promover seu negócio sob o pretexto de fazer uma pergunta.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 205-207.

Capítulo 5 – REFLEXÃO: O Renascimento da Palestra.

 

 

A Maldição do Conhecimento

“(…) sofremos de um viés cognitivo (…) “a maldição do conhecimento”. Em suma, temos dificuldade para lembrar como é não saber algo que conhecemos bem.

(…) para haver uma verdadeira compreensão, é preciso comunicar toda a estrutura hierárquica de uma ideia:

Uma descoberta importante da psicologia cognitiva é que a memória de longo prazo depende da organização hierárquica coerente do conteúdo: blocos dentro de blocos dentro de blocos. O desafio de quem fala em público é usar a fala, um meio fundamentalmente unidimensional (palavras em sequência), para transmitir uma estrutura multidimensional (hierárquica e entrecruzada). A pessoa começa com uma teia de ideias na cabeça e, em virtude da própria natureza da linguagem, precisa convertê-la numa fileira de palavras.

Imaginando a estrutura de uma palestra explicativa como uma linha mes tra em que outras partes são ligadas – historietas ilustrativas, exemplos, amplificações, digressões, esclarecimentos etc.—, a estrutura geral pode lembrar uma árvore. A linha mestra é o tronco; os galhos, as diversas partes ligadas a ela.

Cada frase é inteligível, mas o palestrante se esquece de mostrar como elas se ligam. Para ele, isso está óbvio.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 81-82.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Explicação.

Saber Onde se Quer Chegar

(…) quando sabe aonde você quer chegar, o público sente muito mais facilidade para acompanhar seu trajeto.

Nessa metáfora de viagem, a linha mestra traça o percurso. (…)  uma linha mestra não é o mesmo que um assunto.

Então, como definir sua linha mestra?

O primeiro passo é saber o máximo possível sobre a plateia. Quem são essas pessoas? Qual é o nivel de informação delas? O que esperam? Com o que se importam? Sobre o que outros palestrantes já lhes falaram? Só se pode dar de presente uma ideia a mentes preparadas para recebê-la.

(…) A equação é simples: excesso de temas é igual a subexposição.

-Mostrar por que o tema é importante: que pergunta está tentando responder? -Que problema está tentando solucionar? Que experiência pretende compartilhar?
-Embasar cada argumento com exemplos reais, histórias ou fatos.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 43-45.

Capítulo 1 – Fundamentos: Linha Mestra.

Criação do Plano da Palestra

“(…) as perguntas que você faz ao realizar sua pesquisa ajudam a criar o plano geral de sua palestra. Quais são as questões mais relevantes? Como elas se relacionam? Como explicá-las de maneira clara? Quais são os enigmas ainda sem boas respostas? Quais são as principais controvérsias? Você pode usar sua viagem de descoberta para propor os momentos-chave de revelação da palestra.

Em 2015, fizemos uma experiência na sede do TED. A cada duas semanas, dávamos a todos os membros da equipe um dia de folga para se dedicar a estudar determinado assunto. Chamamos esse dia de Quarta-Feira de Aprendizado. A ideia era que, como a organização está voltada para o aprendizado contínuo, durante toda a vida, devemos praticar o que pregamos e incentivar todos os integrantes da equipe a dedicar um tempo a estudar o que lhes interessa. Mas como evitávamos que essa quarta-feira se tornasse apenas um dia sem nada para fazer, passado diante da TV? Bom, havia mais uma coisinha: todos tinham de se comprometer a realizar, em algum momento do ano, uma palestra no estilo TED sobre aquilo que aprenderam para o restante da organi- zação. Com isso, todos somos beneficiados pelos conhecimentos dos demais.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 28.

Capítulo 1 – Fundamentos: Construção da Ideia.

Receber o Conhecimento

“Silvano prossegue:

Bata em si mesmo como quem bate em uma porta e caminhe sobre si mesmo como se percorresse uma estrada reta. Se caminhar nessa estrada, será impossível perder-se. (…) Abra a porta para si mesmo para que possa se conhecer(…) Aquilo que abrires para si mesmo se abrirá. *(Ibid., 106.30-117.20, em NHL 356-361)

O Evangelho da Verdade expressa o mesmo pensamento:

(…) Se alguém possui conhecimento, ele recebe o que lhe pertence e o atrai para si mesmo(…) Aquele que receber o conhecimento dessa forma sabe de onde vem e para onde está indo. *(Evangelho da Verdade 21.11-22.15, em NHL 40)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 145.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Quando Encontrar, Ficará Perturbado

“Muitos gnósticos têm em comum com a psicoterapia uma segunda premissa importante: ambos concordam – em oposição ao cristianismo ortodoxo – que a psique possui dentro de si o potencial para liberar-se ou destruir-se. Poucos psiquiatras discordariam das palavras atribuídas a Jesus no Evangelho de Tomé.

Se revelar o que possui dentro de si, será salvo. Se não o desvelar, será destruído.” *(Evangelho de Tomé 45.30-33, em NHL 126)

(…)

Então Jesus (que disse “Eu sou o conhecimento da verdade”)” declara que quando veio ao mundo

encontrei-os entorpecidos; nenhum deles sedento. E minha alma tornou-se aflita pelos filhos dos homens, por serem cegos em seus corações e não terem visão; do vazio vieram ao mundo e vazios deixam o mundo. Mas, por enquanto, estão entorpecidos. *(Evangelho de Tomé38.23-29, em NHL 121. Para uma discussão dessas metáforas, ver H. Jonas, The Gnostic Religion (Boston, 1963), 48-96, e G. MacRae, “Sleep and Awakening in Gnostic Texts”, em Le Origini de/lo Gnosticismo, 496-507)

O Evangelho de Tomé também adverte que o autoconhecimento envolve uma perturbação interior:

Jesus disse “Deixe aquele que busca continuar buscando até que encontre Quando encontrar, ficará perturbado. Quando se tornar aflito, será surpreendido e reinará acima de tudo.” *(Evangelho de Tomé 32.14-19, em NHL 118)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 143-144.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Conhece-te a Ti Mesmo

“O conformismo à norma da fé limitava todos os cristãos a uma ideologia inferior: “Eles dizem: “[Mesmo que] um [anjo] venha do céu e pregue a você além daquilo que nós pregamos, deixe-o ser excomungado!” A fé nos sacramentos demonstra um pensamento ingênuo e irracional: os cristãos católicos praticam o batismo como um rito de iniciação que lhes garante “uma esperança de salvação”,” por lhes acreditarem que só aqueles que recebem o batismo são “guiados para a vida”.

Contra essas “mentiras” o gnóstico declara que “isto, portanto, é o verdadeiro testemunho: quando um homem conhece a si mesmo e Deus está acima da verdade, ele se salvará”.” Apenas aqueles que reconhecem sua ignorância e aprendem a libertar-se pela descoberta de quem são vivenciam a iluminação como uma nova vida, como “a ressurreição. Os rituais físicos como o batismo são irrelevantes, pois “o batismo da verdade é algo diverso; é pela renúncia [ao] mundo que o encontramos”.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 126.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Eu Sou o Conhecimento da Verdade

“Como poderia, po exemplo, um cristão no século II escrever o Livro Secreto de João? Podemos imaginar o autor na situação que atribui a João no início do livro: perturbado por dúvidas, começa a refletir sobre o significado da missão e do destino de Jesus. Durante esse questionamento interior, as respostas podem ocorrer de forma espontânea em sua mente; padrões mutantes de imagens podem aparecer. Quem compreende esse processo, não nos termos da psicologia moderna como atividade da imaginação ou do inconsciente, mas em termos religiosos, pode vivenciar essas formas de comunicação espiritual com Cristo. Ao ver sua própria comunicação com Cristo como continuação do que os discípulos desfrutaram, o autor, quando expõe o “diálogo” em forma literária, consegue lhe dar o papel dos que questionam. Poucos entre seus contemporâneos – exceto os ortodoxos, a quem considera homens de “mentalidade literal”- o acusariam de tê-lo forjado; ao contrário, os títulos desses trabalhos indicam que foram escritos “no espírito de” João, Maria Madalena, Filipe ou Pedro.

O título do Evangelho de Maria sugere que a revelação vem da comunicação direta e íntima com o Salvador. A insinuação de um relacionamento erótico entre Maria Madalena e ele pode indicar uma reivindicação de comunhão mística; em toda a história, os místicos de muitas tradições escolheram metáforas sexuais para descrever suas experiências. Os títulos do Evangelho de Tomé e do Livro de Tomé, o Contendor (atribuído ao “irmão gêmeo” de Jesus) podem sugerir que “você, o leitor, é o irmão gêmeo de Jesus”. Quem compreender esses livros descobrirá, como Tomé, que Jesus é seu “gêmeo”, seu “outro eu” espiritual. As palavras de Jesus a Tomé, então, são dirigidas ao leitor:

Como foi dito que você é meu irmão gêmeo e verdadeiro companheiro, examine a si mesmo para que possa entender quem você é(…) Eu sou o conhecimento da verdade.
Então, enquanto me acompanha, embora não possa compreender (isso), você já tomou conhecimento e será chamado ‘aquele que conhece a si mesmo’. Porque quem não conhece a si mesmo não conhece nada, masaquele que conhece a si mesmo atingiu, ao mesmo tempo,o conheci- mento sobre a profundeza de tudo.”*

*Livro de Tomé, o Contendor 1,38.7-18, em NHL 189.

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 19-20.

Capítulo: 1- A Controvérsia Sobre a Ressurreição de Cristo: Acontecimento Histórico ou Símbolo?

Conhecer os Mistérios

“Mateus conta, também, que quando Jesus falava em público, falava sempre por meio de parábolas; quando os discípulos perguntavam o motivo, respondia: “Porque lhes foi dado conhecer os mistérios [mysteria; literalmente, ‘mistérios’] do reino do céu, mas a eles não.” Segundo os gnósticos, alguns discípulos, seguindo suas instruções, mantiveram em segredo os ensinamentos esotéricos deJesus, que transmitiam apenas de forma privada a determinadas pessoas que tivessem provado ser espiritualmente maduras e, por isso, qualificadas para “iniciação na gnosis” – ou seja, no conhecimento secreto.”

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 15.

Capítulo: 1- A Controvérsia Sobre a Ressurreição de Cristo: Acontecimento Histórico ou Símbolo?