“Portanto, Eliphas Lévi foi o primeiro a associar o tarô e a cabala. Antes de continuarmos, voltemos um pouco à definição de cabala. Em sua origem, o termo deriva do hebraico qabbala, que significa “tradição transmitida”. Ele remonta a dois textos principais: O Livro do Iluminação ou Sefer ha-Bahir, também chamado de O Bahir (as primeiras citações remontam ao último terço do século XII), e O Livro do Esplendor ou Sefer ha-Zohar, popularmente chamado de O Zohar, obra em parte de Moisés de Leão, que data do último quarto do século XIII. (…)Se quisermos dar uma definição simples da cabala, podemos dizer que ela trata da natureza de Deus e das emanações divinas.
No século XV, os humanistas cristãos integraram o hebraico a seus estudos em busca das fontes originais. Também buscaram uma compreensão mais aprofundada do Antigo Testamento. Foi Pico della Mirandola (1463-1494) quem lançou esse movimento de estudos da cabala, logo chamada de “cabala cristã”. (…) Segundo a cabala, o mundo foi criado com dez algarismos e 22 letras, as 22 letras sagradas do alfabeto hebraico. Dai a fazê-las corresponder aos 22 arcanos do tarô foi apenas um passo. Pode parecer curioso que esse passo só tenha sido dado em 1856 por Eliphas Lévi.”
NADOLNY, Isabelle. História do Tarô. Um estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 182.