Perda de empatia na era digital

“A comunidade tem uma dimensão física. Já por causa da falta de fisicalidade, a comunicação digital enfraquece a comunidade. O olhar também solidifica a comunidade. A digitalização faz o outro desaparecer como mirada. A ausência do olhar é corresponsável pela perda de empatia na era digital.

No olhar da mãe que a criança encontra apoio, autoafirmação e comunidade. O olhar constrói a confiança fundamental. A falta do olhar leva a uma relação perturbada consigo mesmo e com os outros.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 389-391.

Smarthphone

Ver e Confiar no Orador

*Sintonia: Eu confio nessa pessoa.

*Envolvimento: Cada frase parece tão interessante!

*Curiosidade: Eu percebo o que você quer dizer em sua voz e vejo em seu
rosto.

*Compreensão: A ênfase naquela palavra com aquele gesto –agora entendi.

*Empatia: Posso sentir como isso lhe causa mágoa.

*Entusiasmo: Uau! Essa paixão é contagiosa.

*Convicção: Quanta determinação nesse olhar!

*Ação: Quero fazer parte do seu grupo. Conte comigo.

“Tudo isso junto é inspiração, em seu sentido mais amplo. Penso nela como a força que diz ao cérebro o que fazer com uma nova ideia.

Há muitos mistérios referentes a como e por que reagimos com tanta força a certos oradores. Essas funções evoluíram ao longo de centenas de milhares de anos e estão profundamente enraizadas. Em algum ponto dentro de você existe um algoritmo para a confiança. Um algoritmo para a credibilidade. Um algoritmo para a forma como as emoções se transferem de um cérebro para outro. Não conhecemos os detalhes desses algoritmos, mas podemos definir pistas importantes. E elas se dividem em duas grandes categorias: o que você faz com a voz e o que você faz com o corpo.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 181.

Capítulo 4 – `NO PALCO: Voz e Presença.

 

 

Ninguém é Perfeito

” (…) isso me ajudou a ver a ironia da situação. Como é fácil ser amoroso com as pessoas lá embaixo, mas com que rapidez eu conseguia ser grosseiro com minha própria família lá em cima!

Respirei fundo e fui primeiro no quarto do meu filho mais velho. Disse a ele que estava triste por ter descontado nele coisas que estava sentindo em relação às pessoas lá embaixo. Ele entendeu, e disse apenas: “Tudo bem, pai. Não foi nada de mais”. Fui até o quarto do mais novo e tive uma resposta semelhante. Quando fui até o quarto da minha filha e disse a ela que estava triste pelo modo que falei com eles, ela se aproximou de mim, pôs a cabeça no meu ombro e disse: “Tudo bem, papai. Ninguém é perfeito”.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 51.

Comunidade de Apoio

“(…) É difícil contemplar opções radicalmente diversas num mundo onde a punição é tão prevalente, e onde há grande chance de sermos mal interpretados se não usarmos punição e outras formas coercitivas de comportamento. Por isso, ajuda muito fazer de uma comunidade de apoio que compreende o conceito de maternagem /paternagem do qual estou falando; ali encontramos o suporte para prosseguir num mundo que muitas rezes não dá incentivo a esse estilo de criação.

Com certeza, para mim sempre foi muito mais fácil persistir com essa metodologia da qual estou falando quando recebia empatia de uma comunidade de apoio – (…) poder falar com eles, ouvir suas frustrações e poder falar a eles das minhas. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 49.

Não Confunda Natural com Habitual

“Para muitos pais, esse modo de comunicação é tão diferente que pensam: “Não me parece natural falar dessa maneira”. Por uma incrível coincidência, um escrito de Gandhi me caiu nas mãos na hora exata: “Não confunda o que é natural com o que é habitual”.

(…)

Aprendi que é muito mais natural as pessoas se conectarem de modo amoroso, respeitoso, e fazerem as coisas pela alegria de estar com o outro, ao invés de usar punições e recompensas, ou culpa e acusações, como instrumentos de coerção. Mas uma transformação dessa natureza exige muita e esforço.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 24.

Poder Baseado em Confiança Mútua

” (…)Na modalidade de poder com as pessoas, não procuramos influenciar através de nossa capacidade de fazer as pessoas sofrerem se não fizerem o que queremos, ou de recompensá-las caso obedeçam. O “poder com” é um tipo de poder baseado em confiança mútua e respeito, que leva as pessoas a se abrirem para ouvir o outro e aprender mutuamente; doarem se uns aos outros de boa vontade pelo desejo de contribuir com o bem-estar do outro, ao invés de motivados por medo de punições ou esperança de recompensas.

É possível obter esse tipo de poder, o poder com as pessoas, quando conseguimos comunicar de modo aberto nossos sentimentos e necessidades sem fazer crítica alguma à outra pessoa. Isso acontece quando dizemos ao outro aquilo que queremos, de tal modo que ele não o ouça como uma exigência ou ameaça. Como mencionei, é preciso também escutar o que os outros estão de fato tentando comunicar, e mostrar que entendemos com exatidão – em vez de imediatamente começar a dar conselhos e querer consertar a situação.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 23.

Conexão Empática e Conselhos

“Não percebem que todos os seres humanos, quando estão sofrendo, precisam de presença e empatia. Talvez até queiram conselhos, mas isto precisa vir depois de receberem conexão empática. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 21.