Os Amantes

“Correspondência Astrológica: Gêmeos.

Hermeticamente, o hierosgamos comunica uma união de opostos, na qual o masculino e o feminino se misturam e se tornam um. A carta do Mundo, muitas vezes descrita como “hermafrodita”, incorpora o conceito de união. A dos Amantes aponta para sua expressão completa.

(…) a carta Os Amantes retrata o reencontro dessas duas porções ou princípios.

Newton era, de fato, um hermetista, e ele pode ter pretendido que sua teoria da gravidade contivesse uma mensagem secreta.

(…)

Entrelaçamento (…) emaranhamento, união, combinação, equilíbrio.

Nas primeiras cartas da jornada do Louco, o vemos encontran do vários aspectos da vida que ele deve entender e assimilar principios no caso do Mago e da Sacerdotisa, natureza e regras sociais, bem como mãe e pai, em cartas como Imperatriz e Imperador, até chegar à educação e à tra dição no arcano do Hierofante.

(…) a sexualidade nos ensina uma lição metafisica vital, que é a do poder de nossa mente (…) Falo de apenas olhar para alguém, ou para a foto, ou pensarmos em uma pessoa ou em uma situação, e notar que nossos corpos ficam fisicamente excitados, mesmo que nunca tenhamos sido tocados.

(…) versão Rider. Nela, o homem e a mulher nus símbolos de relacionamentos concretizados – são Adão e Eva. As ramagens afogueadas atrás de Adão representam a Árvore da Vida, enquanto atrás de Eva uma cobra serpenteia a redor da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

(…)porém, na carta dos Amantes, o anjo abençoa a união do casal em vez de puni-la. A imagem torna-se assim subversiva na medida em que reforça, em vez de condenar, o conhecimento e o desejo.

(…) podemos olhar para a carta dos Amantes como um simbolo de Tantra e de outras práticas sexuais destinadas a despertar a energia kun- dalini e nos levar à iluminação. Novamente, podemos contrastar essa carta com a do Diabo. Lá o sexo se torna seu próprio fim, liberação fisica sem es piritualidade ou conexão emocional real.

Na versão Rider, o homem olha para a mulher e ela olha para o anjo, cuja bênção os conecta, como se fechasse um circuito que justamente permite que a energia possa se mover. (…) Na carta dos Amantes, diferentemente, é o homem que, em certo sentido, precisa passar pela mulher para acessar o anjo. Como não estamos falando de pessoas, e sim de símbolos, podemos dizer que o masculino deve passar pelo fe- minino para chegar ao divino.

(…) o masculino racional pode nos servir bem em certos aspectos da vida, mas para alcançar a consciência espiritual é preciso passar pelo instinto feminino. O yang deve abraçar o yin para experimentar o Tao. Dito de outra forma, o eu consciente deve viajar pelo inconsciente para alcançar a superconsciència, o cu divino. Na estrutura de três linhas horizontais dos Arcanos Maiores, a primeira linha representa os desafios da consciência, do nosso lugar no mundo. A segunda, por sua vez, dramatiza uma jornada através do inconsciente até alcançar iniciação, morte e renascimento. Por fim, a terceira nos leva ao reino do espírito, chamado superconsciência.

Essa carta pode também nos mostrar uma imagem de nós mesmos, com nossa própria consciência, inconsciência e super consciência reunidas e fluin- do com energia dinâmica. (…) Ela contém mistérios poderosos.

A sexta posição nas linhas horizontais inclui verticalmente as cartas dos Amantes, da Morte e do Julgamento amor, morte e ressurreição.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág. 121-129.

Adulto Jovem – A Era do Pai

“A criança com o tempo chegará a um importante estágio de transição que é a adolescência, uma fase que normalmente se inicia entre os 11 e 13 anos de idade. Esse é o início da transição para a idade adulta. Nesse ponto, há necessidade de uma forte separação entre o Mundo Mãe e o que chamaremos de Mundo Pai. O adolescente se afasta do apego à mãe e a outros cuidadores primários e passa a se apegar a grupos de pares e outras figuras não parentais adultas.

(…)uma nova identidade como um jovem adulto começa a ser formada com base em novas identificações que se desenvolvem ao redor de outros, que não fazem parte da família de origem.

O adolescente é um exemplo clássico de pessoa limiar – separada do Mundo Mãe, mas ainda não completamente apegada ao Mundo Pai.

(…)há uma resistência compreensível em entrar no Mundo Paternal, onde o trabalho, a labuta, o desempenho, o julgamento e a hierarquia das autoridades dominam, um mundo muito diferente da nutrição e proteção garantidas pelo Mundo Materno.

(…)todas essas importantes escolhas de vida ocorrem durante esta fase e dão à pessoa uma identidade social particular e distinta, ou seja, uma persona.

Algumas pessoas resistem em tomar essas decisões ou podem tomá-las de coração, mas muitas vezes ficam presas ao desejo de voltar ao paraíso da infância. Essas pessoas não querem “crescer”. Peter Pan é o representante clássico dessa problemática. Podem experimentar drogas porque essas substâncias proporcionam uma sensação de retorno ao paraíso. Podem resistir em escolher um parceiro de vida, em encontrar uma carreira ou emprego adequado e trabalhar em um nível muito abaixo do seu potencial. Essa resistência à participação plena e ativa no Mundo Pai é baseada tanto em um complexo paterno negativo quanto em um desejo geral de permanecer na infância e no paraíso.

Em termos arquetípicos, o papel do pai é ajudar a criança a deixar o Mundo Mãe e avançar para o próximo estágio de individuação. Tanto meninas quanto meninos precisam experimentar um tipo de sedução no mundo, assim como a primeira sedução em que o bebê se apega a um objeto de amor, uma figura materna. No entanto, agora o jovem precisa encontrar algo no Mundo Pai que lhe traga satisfação e senso de pertencimento.

Durante o estágio do Pai, as escolhas se tornam extremamente importantes, pois podem definir a trajetória da vida futura. No entanto, a liberdade para fazer essas escolhas pode variar muito, dependendo de diferentes pressões sociais e culturais.

Psicólogos muitas vezes aconselham que se dedique mais tempo a essa fase e que não se encerre as possibilidades muito rapidamente, nem se escolha de forma impulsiva. Além disso, as pressões familiares também podem desempenhar um papel significativo, especialmente quando se espera que o indivíduo siga uma determinada carreira ou profissão.

Em suma, a liberdade de escolha durante o estágio do Pai pode variar muito, e a capacidade de tomar decisões com sabedoria e autonomia é fundamental para se alcançar uma vida significativa e satisfatória.

Os psicólogos, em geral, recomendam que as pessoas não forcem uma escolha decisiva, mas permitam que ela surja espontaneamente a partir da experiência e do sentimento pessoal. É importante que essa escolha seja baseada no respeito mútuo, na compatibilidade e no compromisso, e que o indivíduo tenha a liberdade de escolher o parceiro que melhor se alinha às suas necessidades e desejos.”

STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023. Local, 281-351.

Pilar 1

Estágio Dois: Adulto Jovem – A Era do Pai

 

 

Os Enamorados

Desde a época romana, vê-se em vasos e afrescos a ilustração de um casal de apaixonados. Nos primeiros tarôs ita- lianos, trata-se simplesmente da representação de um casal que se une sob a proteção bene- volente de Cupido.

(…) ainda com o Cupido no alto da carta, parece indeciso entre duas mulheres. (…) “Ao atingir a puberdade, idade concebida pela natureza para que o indivíduo possa escolher o rumo que deseja tomar (portanto, essa história se refere a um rapaz, como vemos na carta), Hércules reti- rou-se na solidão. Sentado, viu à sua frente dois caminhos, o da volúpia e o da virtude, e refletiu longamente sobre qual deles deveria percorrer. […] Eis que de repente a ele se unem, à esquerda e à direita, caídas dos ares e mais altas do que os mortais, a Virtude e sua ini- miga, a Volúpia. O vício e a virtude se aproximam dele e o puxam pelas vestes, tentando atraí-lo, cada um de seu lado”.

Nessas histórias, o mau caminho que leva à perdição é o da esquerda, e o bom caminho, o da direita. Nos tratados de iconografia, a Virtude costuma ser represen- tada com uma coroa de louros e cara de poucos amigos. Já o Vício tende a adotar o aspecto de uma donzela encantadora e com uma coroa de flores, para melhor enganar o incauto.

Significado

(…) a liberdade.

Sentimento, livre-arbitrio, provação, dupla influência de Vênus ou, mais exatamente, de Ishtar, estrela guerreira da manhã.

Determinismo voluntário, escolha, votos, dúvida, irresolução.

Representa a motivação do desejo, que incita o homem a se unir com o universal, na harmonia ou no desequilíbrio, conforme ele se sacrifique por ele ou queira absorvê-lo em benefício próprio.

A intervenção da polaridade sexual do ser humano em toda ati- vidade que ele é convocado a manifestar, sua ação no discernimento que ele é obrigado a efetuar para conduzir sua vida.

Carta de união, de matrimônio ou uma escolha a ser feita.

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 218-220.

Excesso de escolhas

“O mundo cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos que nem o mais dedicado comensal poderia esperar provar de todos. Os comensais são consumidores, e a mais custosa e irritante das tarefas que se pode pôr diante de um consumidor é a necessidade de estabelecer prioridades: a necessidade de dispensar algumas opções inexploradas e abandoná-las. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso e não da falta de escolha.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 1156.

Capítulo 2 | Individualidade

Tenho carro, posso viajar

Estado de ansiedade perpétua

“Estado de ansiedade perpétua. Nas palavras de Gerhard Schulze, este é um novo tipo de incerteza: “não saber os fins, em lugar da incerteza tradicional de não saber os meios”. Não é mais o caso de tentar, sem ter o conhecimento completo, calcular os meios (os já disponíveis e os tidos como necessários e zelosamente buscados) em relação a determinado fim. O que está em pauta é a questão de considerar e decidir, em face de todos os riscos conhecidos ou meramente adivinhados, quais dos muitos flutuantes e sedutores fins “ao alcance” (isto é, que podem ser razoavelmente perseguidos) devem ter prioridade — dada a quantidade de meios disponíveis e levando em consideração as ínfimas chances de sua utilidade duradoura.Nas novas circunstâncias, o mais provável é que a maior parte da vida humana e a maioria das vidas humanas consuma-se na agonia quanto à escolha de objetivos, e não na procura dos meios para os fins, que não exigem tanta reflexão.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 1117-1123.

Capítulo 2 | Individualidade

Tenho carro, posso viajar

A mão é o órgão de trabalho e de ação

“A mão é o órgão de trabalho e de ação. O dedo, por outro lado, é o órgão de escolha. O homem sem mãos do futuro só faz uso de seus dedos. Ele escolhe ao invés de agir. Ele aperta botões para satisfazer suas necessidades. Sua vida não é um drama que lhe impõe ações, mas um jogo. Ele também não quer ser dono de nada, mas deseja experimentar e desfrutar.”

*phono sapiens.

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 196.

Da coisa à não-coisa

Eliminar o Elemento Humano da Escolha

“… o mais importante —, eles pretendiam, com essa prática, eliminar o elemento humano da escolha. Um observador do século XX pode assumir que os gnósticos deixavam esses assuntos entregues ao acaso, mas os gnósticos pensavam de forma diferente. Acreditavam que como Deus governava tudo no universo, tirar a sorte exprimia Sua escolha.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 46.

Capítulo: 2- “Um Deus, Um Bispo”: A Política do Monoteísmo.

Meditação e Sabedoria

“Embora o homem possa optar livremente por ações boas ou más, depois de agir ele não tem livre escolha quanto às consequências.”

(…)

“Quem não cultiva a verdadeira percepção da sabedoria é responsável por abrigar as trevas do mal”

(…)

“Espiritualizar a própria vida por meio do comportamento correto e, principalmente, pela comunhão divina em meditação regular e profunda é o modo de expulsar as entidades do mal e tornar acessívis as percepções latentes do céu interior.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 449-451.

Capítulo 24: A expulsão de demônios.

Solução Para Atender as Necessidades de Todos

“De fato, ao me comunicar com meus filhos prefiro demorar e falar a partir da energia de minha escolha, ao invés de responder por hábito do modo que fui condicionado a fazer se algo não estiver em harmonia com meus valores. Infelizmente, recebemos do nosso entorno muito mais reforço positivo para agir de forma punitiva e julgadora do que de maneira respeitosa com nossos filhos.

(…) tentava compreender as necessidades dele e procurava entender minhas próprias necessidades para expressá-las de modo respeitoso.

(…) As pessoas muitas vezes confundem a comunicação da qual estou falando com permissividade. (…) A direção que defendo nasce de duas pessoas que confiam uma na outra, e não de uma pessoa que impõe sua autoridade à outra.

(…)Assim que uma pessoa ouve uma exigência, fica muito mais difícil chegar a uma solução que atenda às necessidades de todos.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 26-27.

Abordagem Alternativa

“Há uma abordagem alternativa à omissão e à utilização de táticas coercitivas. Esta outra metodologia requer consciência da diferença sutil, porém importante, entre ter por objetivo conseguir que as pessoas façam o que queremos (o que não recomendo) e, em vez disso, ter a clareza de que nosso objetivo é criar a qualidade de vínculo necessária ao atendimento das necessidades de todos.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 19.