Excesso de escolhas

“O mundo cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos que nem o mais dedicado comensal poderia esperar provar de todos. Os comensais são consumidores, e a mais custosa e irritante das tarefas que se pode pôr diante de um consumidor é a necessidade de estabelecer prioridades: a necessidade de dispensar algumas opções inexploradas e abandoná-las. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso e não da falta de escolha.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 1156.

Capítulo 2 | Individualidade

Tenho carro, posso viajar

Estado de ansiedade perpétua

“Estado de ansiedade perpétua. Nas palavras de Gerhard Schulze, este é um novo tipo de incerteza: “não saber os fins, em lugar da incerteza tradicional de não saber os meios”. Não é mais o caso de tentar, sem ter o conhecimento completo, calcular os meios (os já disponíveis e os tidos como necessários e zelosamente buscados) em relação a determinado fim. O que está em pauta é a questão de considerar e decidir, em face de todos os riscos conhecidos ou meramente adivinhados, quais dos muitos flutuantes e sedutores fins “ao alcance” (isto é, que podem ser razoavelmente perseguidos) devem ter prioridade — dada a quantidade de meios disponíveis e levando em consideração as ínfimas chances de sua utilidade duradoura.Nas novas circunstâncias, o mais provável é que a maior parte da vida humana e a maioria das vidas humanas consuma-se na agonia quanto à escolha de objetivos, e não na procura dos meios para os fins, que não exigem tanta reflexão.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 1117-1123.

Capítulo 2 | Individualidade

Tenho carro, posso viajar

A mão é o órgão de trabalho e de ação

“A mão é o órgão de trabalho e de ação. O dedo, por outro lado, é o órgão de escolha. O homem sem mãos do futuro só faz uso de seus dedos. Ele escolhe ao invés de agir. Ele aperta botões para satisfazer suas necessidades. Sua vida não é um drama que lhe impõe ações, mas um jogo. Ele também não quer ser dono de nada, mas deseja experimentar e desfrutar.”

*phono sapiens.

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 196.

Da coisa à não-coisa

Eliminar o Elemento Humano da Escolha

“… o mais importante —, eles pretendiam, com essa prática, eliminar o elemento humano da escolha. Um observador do século XX pode assumir que os gnósticos deixavam esses assuntos entregues ao acaso, mas os gnósticos pensavam de forma diferente. Acreditavam que como Deus governava tudo no universo, tirar a sorte exprimia Sua escolha.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 46.

Capítulo: 2- “Um Deus, Um Bispo”: A Política do Monoteísmo.

Meditação e Sabedoria

“Embora o homem possa optar livremente por ações boas ou más, depois de agir ele não tem livre escolha quanto às consequências.”

(…)

“Quem não cultiva a verdadeira percepção da sabedoria é responsável por abrigar as trevas do mal”

(…)

“Espiritualizar a própria vida por meio do comportamento correto e, principalmente, pela comunhão divina em meditação regular e profunda é o modo de expulsar as entidades do mal e tornar acessívis as percepções latentes do céu interior.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 449-451.

Capítulo 24: A expulsão de demônios.

Solução Para Atender as Necessidades de Todos

“De fato, ao me comunicar com meus filhos prefiro demorar e falar a partir da energia de minha escolha, ao invés de responder por hábito do modo que fui condicionado a fazer se algo não estiver em harmonia com meus valores. Infelizmente, recebemos do nosso entorno muito mais reforço positivo para agir de forma punitiva e julgadora do que de maneira respeitosa com nossos filhos.

(…) tentava compreender as necessidades dele e procurava entender minhas próprias necessidades para expressá-las de modo respeitoso.

(…) As pessoas muitas vezes confundem a comunicação da qual estou falando com permissividade. (…) A direção que defendo nasce de duas pessoas que confiam uma na outra, e não de uma pessoa que impõe sua autoridade à outra.

(…)Assim que uma pessoa ouve uma exigência, fica muito mais difícil chegar a uma solução que atenda às necessidades de todos.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 26-27.

Abordagem Alternativa

“Há uma abordagem alternativa à omissão e à utilização de táticas coercitivas. Esta outra metodologia requer consciência da diferença sutil, porém importante, entre ter por objetivo conseguir que as pessoas façam o que queremos (o que não recomendo) e, em vez disso, ter a clareza de que nosso objetivo é criar a qualidade de vínculo necessária ao atendimento das necessidades de todos.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 19.

Conceito de Punição

“(…) esse conceito de punição é muito defendido pela maioria dos pais. Pesquisas indicam que cerca de 80% dos pais norte-americanos acreditam sem reservas na eficácia do castigo físico para crianças. Essa é aproximadamente a mesma porcentagem dos que defendem a pena de morte para criminosos. Havendo uma parcela tão grande da população que defende a punição como justificável e necessária na educação de crianças, tive, ao longo dos anos, bastante oportunidade de discutir essa questão com os pais, e fiquei satisfeito em ver que consegui ajudar muitas pessoas a enxergarem as limitações de qualquer tipo de punição. Para tanto basta perguntar a si mesmo duas coisas.”

Pergunta número um: O que você quer que a criança faça de outro modo? Se pararmos nessa questão, pode parecer que em certas ocasiões a punição funciona, pois por meio de ameaça ou aplicação de castigo, certamente conseguiremos algumas vezes influenciar a criança a fazer o que queremos.

Contudo, ao acrescentar uma segunda pergunta, observei que os pais percebem que a punição nunca funciona: Quais são as motivações que queremos que a criança tenha para agir como desejamos? Essa segunda pergunta nos ajuda a ver que a punição não apenas é ineficaz, mas impede que nossos filhos façam as coisas pelos motivos que desejamos.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 16-17.

As limitações da Coerção e da Punição

“(…)Essa foi uma lição de humildade para mim: aprender que, como pai, eu não tinha poder. Por algum motivo eu havia colocado na minha cabeça que cabia ao pai fazer a criança se comportar “bem”. E ali estavam aquelas criancinhas me ensinando esta lição de humildade: que não se pode obrigá -las a fazer as coisas. Eu conseguia apenas fazer com que se arrependessem de não ter feito o que mandei.

E sempre que fui tolo o bastante para fazê-los se arrepender de não me obedecerem, eles me ofereceram uma segunda lição sobre paternagem e poder, que acabou se mostrando muito valiosa ao longo dos anos: faziam com que eu me arrependesse de ter feito aquilo. Violência gera violência.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 15-16.

Resistência ao Comportamento e Autonomia

Hoje percebo que esse é um objetivo que traz consigo a derrota, pois aprendi que quando nosso objetivo é conseguir que outra pessoa se comporte de determinado modo, elas provavelmente resistirão àquilo que estamos pedindo. Segundo minha experiência, esta regra vale para pessoas com idade de 2 a 92 anos.

Esse objetivo conseguir o que desejamos da outra pessoa (ou conseguir que faça o que nós queremos) – ameaça a sua autonomia, seu direito de escolher o que deseja fazer. E sempre que as pessoas sentem que não podem escolher livremente sua tendência é resistir (…)”.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 14.