Suspensão Experimental na Cruz | Imagens

Figura: 6-25

“Suspensão experimental na cruz. Posição típica de suspensão. O voluntário é constantemente monitorado durante o procedimento.”

Figura: 6-26

“Suspensão experimental na cruz, com arqueamento. A posição arqueada era tipicamente assumida para aliviar a tensão nos ombros e para estender as pernas a fim de aliviar as cãibras.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 128-129.

 

Calvário – Ferimento na Mão

“Um prego longo, quadrado, enferrujado e com formato de tacha feito de aço e medindo em torno de 12 centímetros foi pregado na palma da mão, na área carnuda abaixo do polegar, contra a cruz. A dor deve ter sido brutal, como se raios atravessassem seus braços, fazendo que Jesus contorcesse o tronco e emitisse gritos penetrantes. (…) Então, dois membros do esquadrão de execução provavelmente amarraram as extremidades da barra da cruz, enquanto um terceiro membro agarrava Jesus pela cintura, colocando-o de pé. Eles O apoiaram no poste, em uma espécie de plataforma, e dois homens ergueram a barra horizontal, enquanto outros dois seguravam Jesus pelas pernas. Então, inseriram essa travessa num encaixe no topo da estaca. Eles curvaram os joelhos de Jesus até que Seus pés ficassem acomodados na cruz e em seguida os pregaram. Novamente, Jesus deve ter gritado de dor no momento em que cada pé foi pregado.

Figura: 6-9

Figura: 6-12

Facada através da palma da mão (ferimento de defesa). Uma jovem ergueu sua mão para tentar se proteger de um cruel ataque. Note o ferimento na área da palma, no sulco tenar. A faca passou pela área Z, emergindo no mesmo local que se observa na imagem do ferimento da mão no Sudário.

(…)

A expressão “Será que um falsificador poderia ter imaginado isso?” foi cunhada por Barbet quando ele postulou que o polegar que falta no Sudário devia-se ao ferimento no nervo mediano, causado pela passagem do prego, que acabou estimulando o nervo, fazendo que o polegar se recolhesse para a palma da mão. (…) a explicação de Barbet é incorreta por duas razões: 1) o nervo mediano não passa pelo espaço de Destot, e 2) mesmo que passasse e fosse ferido, não haveria flexão do polegar. O dr. Lampe relata que, na ruptura do nervo mediano, “dá-se a inabilidade para flexionar o polegar, o indicador e o dedo médio”.

(…)

O método cientifico é definido como os princípios e processos empíricos de descoberta e demonstração considerados característicos de ou necessários para a investigação científica, geralmente envolvendo a observação de um fenômeno, a formulação de uma hipótese relativa ao fenómeno, experiência para demonstrar a verdade ou falsidade da hipótese e a conclusão que valida ou modifica a hipótese” (Microsoft Bookshelf, 1988).

Para dar início ao método cientifico, existe uma observação inicial o uma ideia que leva à coleta de dados. Uma hipótese é então formulada experimentos são desenvolvidos para obtenção de evidencias que sustentem a hipótese. Os resultados são cuidadosamente analisados par determinar se a hipótese é válida ou não e se outras experiências são necessárias. Os resultados são publicados ou submetidos a outros cientistas para avaliação e confirmação. É importante saber que o filósofo francês Denis Diderot escreveu, em 1753: “Existem três meios principais para adquirir conhecimento que se encontram disponíveis para nós: observação da natureza, reflexão e experimentação. A observação coleta fatos reflexão os combina; o experimento verifica o resultado da combinação nossa observação da natureza deve ser diligente, a nossa reflexão, profunda, e os nossos experimentos, exatos. Nós raramente vemos esses três meios combinados; e, por essa razão, os gênios criativos não são comuns (Denis Diderot, On the Interpretation of Nature n. 15,1753).

(…)

(…) a conclusão de Barbet foi baseada na fórmula de tensão, que é aplicável somente a uma pessoa suspensa livremente, mãos estão atadas na barra horizontal da cruz e os pés não estão presos à estaca. A experiência de Barbet só seria aplicável a uma pessoa em suspensão livre. (…) o braço provavelmente estava gangrenado, já que amputações são executadas, em geral, quando existe comprometimento vascular causado por obstrução arterial ou severo trauma local.

Figura 6-13

Representação matemática da força de tensão. É importante notar que a tração em cada mão é igual ao dobro da co-seno do ângulo que os braços fazem com a estaca (stipes) dividido pelo peso do corpo. Essa fórmula só é aplicável quando as pernas estão pendendo livres, e não pode ser empregada se os pés estiverem presos à estaca.

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 89-111.

 

Chaga do Coração

“(…) O Lançado dado no lado direito atingiu a aurícula direita do coração, perfurando-lhe o pericárdio.

(Jo 19,33 s.)- “Ora, quando (os soldados) vieram a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o lado com a lança e, ato contínuo, saiu sangue e água”.

(…)

Mas limitemo-nos ao texto evangélico: um dos soldados feriu-lhe o lado com a lança, e logo saíram dali sangue e água. Pedi à anatomia e à experimentação a explicação deste texto, e agora vamos ouvi-la de tal como me responderam.

A Mortalha tem manifestamente os traços dessa chaga do lado esquerdo, o que quer dizer, sendo suas imagens inversas, que o cadáver a tinha do lado direito.

(…) o estigmatizado teria a chaga localizada do mesmo lado em que vê a chaga de Jesus crucificado. Em vez de propor teorias também científicas, prefiro confessar que isto ultrapassa o domínio da ciência e respeitar o mistério destes fenômenos.

(…)

Na parte superior da imagem sanguínea se distingue nitidamente, tanto no original como nas fotografias, uma mancha oval com o eixo maior um tanto oblíquo de dentro para fora e de baixo para cima, que dá, nitidamente, a impressão da chaga do lado, de onde saiu este sangue. Tem esta chaga 4,4 cm no eixo maior e 1,5 cm na altura. É dela que devemos procurar a localização exata para a transferir a outro corpo. Notemos, de passagem, que a relíquia do ferro de lança que se encontra no Vaticano tem 45 mm, em sua parte mais larga. As chagas são sempre mais estreitas do que os agentes perfurantes por causa da elasticidade da pele.

A extremidade interna da chaga está a 9,5 cm abaixo e um pouco para fora do mamilo, em uma horizontal que passa a 9 cm abaixo dele.

A) IN VIVO. RADIOGRAFIAS

(…) a lança escorregou sobre a sexta costela, perfurou o quinto espaço intercostal e penetrou na profundidade. Que encontrou em seguida? A pleura e o pulmão.

O lançaço foi, portanto, oblíquo e próximo da horizontal, o que é fácil de executar se a cruz, como penso, não fosse muito alta.

Esse golpe desferido ao coração pela direita, sendo sempre moral deveria constituir um dos golpes clássicos e ser ensinado nos exércitos romanos; tanto mais que o lado esquerdo estava normalmente protegido pelo escudo. Encontrei aliás, ao reler os “Comentários de César que a expressão “latus apertum – lado descoberto (desprotegido) era clássica para designar o lado direito.

Então a ponta se dirige naturalmente através da parte anterior, delgada, do pulmão direito e atinge, segundo as radiografias, após um trajeto de 8 cm, o bordo direito do coração envolvido pelo pericárdio.

Ora, aqui está o cerne da questão, a parte do coração que ultrapassa à direita o esterno é a aurícula direita. Essa aurícula, prolongada em cima pela veia cava superior e embaixo pela veia cava inferior, está sempre, no cadáver, cheia de sangue líquido.

(…)

Se o golpe tivesse sido desferido do lado esquerdo, teria atingido os ventrículos, que no cadáver estão vazios.

B) NO CADÁVER. EXPERIÊNCIAS

O sangue vem, portanto, naturalmente, do coração, e em tal quantidade não poderia vir senão dali. Mas de veio a água?

(…)

Era, portanto, a água líquido pericárdico. Pode-se supor que após aquela agonia excepcionalmente penosa, que foi a do Salvador, esse hidropericárdio fosse particularmente abundante e suficiente para que São João, testemunha ocular, tivesse podido ver claramente correr sangue e água. Para ele a serosidade não podia ser senão água, da qual tem toda a aparência.

(…)

Meu amigo Judica (…) Para ele, trata-se de “pericardite serosa traumática”. Essa pericardite fora provocada pelos golpes, pauladas e sobretudo pela flagelação atroz sofrida pelo tórax, no pretório. Tais violências poderiam bem provocar uma pericardite que, após estádio muito curto de hiperemia, não excedendo, muitas vezes, senão algumas horas, produz um derramamento seroso rápido e abundante.

OUTRAS HIPÓTESES

Sim! São João era bem clarividente. O que viu foi, sem dúvida, o sangue da aurícula e a água do pericárdio. 

(…)

O que aconteceu, agora, durante o transporte em posição horizontal, da Cruz para o Túmulo? Não esqueçamos que a chaga do coração é nitidamente lateral, está situada na região subaxilar. É muito provável que, nesta posição, o líquido pleural aflore a esta chaga e pelo lado direito, como o descrevi. Esta saída de sangue e serosidade foi favorecida pelas oscilações transversais, inevitáveis no transporte. Foi esta mescla hidroemática que se espalhou transversal mente na parte inferior das costas, no meio das pregas da faixa que suponho tenha sido usada no transporte. Uma tal diluição do sangue explica talvez o largo halo em volta, de coloração muito pálida, que envolve e ultrapassa para cima e para baixo os coágulos irregulares dia hemorragia posterior.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 138-153.

 

Prefácio

“(…) reunisse em um livro o resultado de minhas experiências anatômicas, pesquisas arqueológicas e escriturísticas, bem como de minhas meditações e reflexões sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E este, com efeito, um assunto que há mais de vinte anos não me tem deixado o pensamento, indo às vezes até a obsessão.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 11.