Técnicas Investigativas Aplicadas ao Sudário

“Além disso, as imagens corpo-apenas estão presentes somente na superfície externa das fibras do Sudário, com uma penetração de apenas duas ou três fibrilas. A escuridão da imagem do corpo parece ser determinada pelo número de fibrilas em uma unidade de área; quanto mais fibrilas, mais escura ela é.

ESTUDOS FÍSICOS E QUÍMICOS

Numerosas técnicas de investigações físicas e químicas têm sido aplicadas ao Sudário nos últimos 26 anos, começando em 1978, logo após o exame do Sudário feito pelos membros do Projeto de Pesquisa do Sadino de Turim (STURP). Os integrantes do STURP testaram todos os pigmentos e técnicas que se sabe terem sido usados antes de 1532, aquecendo-os no linho acima da temperatura de carbonização. Essas técnicas de investigações físicas e químicas incluíram microscopia (de luz, de polarização, de fase, fluorescente, estéreo, petrográfica, de varredura, eletrônica); análise imunoquímica; análise química enzimática: análise de sorologia; análise têxtil; testes microquímicos; espectroscopia Raman a laser com microssonda; espectroscopia de massa; espectroscopia ótica e de infravermelho; análise de raios X por energia dispersiva, difração de raios X; espectroscopia FTIR (Espectroscopia no Infravermelho Transformada de Fourier); análise com microssonda eletrônica; análise de imagem com computador VP-8; estudos com computador; espectrometria de pirólise de massa e outros. Em 1981, o STURP publicou um relatório final com algumas das seguintes conclusões oficiais:

1) Não havia pigmentos, pinturas, corantes ou manchas nas fibrilas.

2) Testes de imagem por meio de raios X, fluorescência e microquímica nas fibrilas concluíram que a imagem não poderia ter sido pintada.

3) O realce de imagem por computador mostrou que informações tridimensionais estão codificadas na imagem.

4) A avaliação microquímica indicou que não havia condimentos ou óleos, nem agentes bioquímicos produzidos pelo corpo em vida ou após a morte.

5) Houve um contato direto do corpo com o Sudário que explica as marcas de açoite e o sangue.

6) Os melhores esforços do STURP foram incapazes de providenciar uma explicação adequada para a imagem, que fosse cientificamente satisfatória sob os pontos de vista físico, químico, biológico e médica.

7) Experiências físicas e químicas com linho antigo fracassaram em reproduzir adequadamente o fenômeno criado Sudário.

8) O consenso científico é de que a imagem foi produzida por algo que resultou em oxidação, desidratação e conjugação da estrutura dos polissacarídeos das micro fibrilas do próprio linho.

9) Embora mudanças similares possam ocorrer com o ácido sulfúrico ou o calor, não existem métodos físicos conhecidos que possam ser responsáveis pela totalidade da imagem.

10) A resposta para a questão de como a imagem foi produzida ou o que a produziu é um mistério.

11) A imagem do Sudário é a de um ser humano real, um homem que foi açoitado e crucificado, e não o produto de um artista.

12) As manchas de sangue no Sudário são compostas de hemoglobina e obteve-se resultado positivo quanto à presença de soroalbumina.

Em 1984, um exame completo das várias manchas e imagens no Sudário foi publicado em Archaeological Chemistry III, por Jumper, Adler, Jackson, Pellicori, Heller e Druzik, em que relataram o seguinte:

1) As fibrilas nas áreas de imagem corpo-apenas foram determinadas como sendo amarelas. Essa imagem é visível somente porque as fibrilas superficiais são mais amareladas do que nas áreas de não imagem.

2) A causa da cor amarelada na área da imagem corpo-apenas é compatível com o efeito de envelhecimento devido à alteração das micro fibrilas da estrutura de celulose do linho causada por oxidação, desidratação e a conjugação de uma longa cadeia de moléculas de açúcar que as micro fibrilas. O cromóforo (grupo químico responsável pela cor) parece conter algum tipo de grupo carbonílico conjugado. Quando o linho envelhece, ele vai se tornando amarelado a uma taxa baixa em razão da decomposição. causou um envelhecimento acelerado ou um efeito de decomposição avançada na imagem corpo-apenas se esta for comparada com as áreas de não-imagem que a circundam. As áreas mais coloridas da imagem corpo-apenas apenas refletem a presença de mais fibras por área de superfície.

3) Experiências realizadas por Pellicori para acelerar o envelhecimento processo de decomposição por meio de aquecimento controlado, com ou sem a aplicação de substâncias como suor, azeite de oliva, etc. linhos resultaram na reprodução da mesma coloração amarelada e características espectrais iguais às observadas no Sudário. A aplicação de calor aparentemente acelera o processo de decomposição. Em outras palavras, o que poderia ter normalmente se desenvolvido durante um período relativamente longo é acelerado pelo calor em uma questão de horas.

4) A cor das fibrilas foi sujeita a restes de solubilidade com toda a gama de solventes orgânicos e foi descoberto que essa cor não pode ser extraída. Fortes ácidos ou bases não afetaram a cor.

5) Como a maior parte dos corantes orgânicos é afetada pelas altas temperaturas, se um corante orgânico criou a imagem, deveria haver alguma mudança nas cores das bordas das marcas de queimadura, resultantes do incêndio de Chambéry.

6) As áreas da imagem corpo-apenas não fluorescem sob luz ultravioleta, mas as áreas de queimadura sim, na parte das fibras escuras. Isso foi determinado devido à formação de produtos es de pirólise com combustão em uma atmosfera de oxigênio reduzida. Rogers acredita que a razão por que não vemos fluorescência nas áreas de imagem se deva ao fato de a cor da imagem agir como um filtro ótico e absorver muito fortemente na luz ultravioleta.

7) Testes microquímicos, espectroscopia com sonda Raman a laser e espectroscopia de massa falharam em revelar evidencia de materiais adicionados nas fibrilas da imagem corpo-apenas.

8) Não existe evidência de qualquer aderência entre as fibrilas das áreas de imagem corpo-apenas. Além disso, os testes para proteína nas fibrilas dessas áreas resultaram negativos, abaixo de um milésimo de miligrama, utilizando-se testes de sensibilidade, incluindo o método de fluorescamina, digestão de proteases e o teste de negro de amido. O teste de negro de amido, contudo, se usado isoladamente e sem controle como McCrone fez, pode levar a resultados enganosos, porque pode macular celulose oxidada.

9) As imagens de sangue eram claramente sangue e provavelmente de origem humana, não havendo a presença de nada mais que pudesse ser suspeito. Não havia evidência de realce artístico de uma imagem de sangue preexistente ou de que as imagens de sangue foram pintadas.

10) Nas áreas de imagem relativas ao sangue, as fibrilas parecem estar aderidas. O teste para proteína resultou positivo para essas fibrilas. Isso também foi reportado por Schwalbe e Rogers e por Pellicori. Este último também notou que havia uma cobertura das fibras e variação de cor. Levando tudo em consideração, a cor nas áreas de sangue mostra-se diferente daquela na área da imagem corpo apenas.

11) Testes de mancha microquímicos com iodo indicaram a presença de algumas frações de goma nas fibras do Sudário.

12) Outras descobertas estão listadas a seguir, na Hipótese de McCrone Sobre Pintura com Óxido de Ferro.

13)Em conclusão, esses pesquisadores indicam que eles não têm uma explicação simples e satisfatória para como a imagem se formou na vestimenta, e acharam altamente improvável que ela tenha sido artisticamente produzida.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 303-308.

Estudos Sobre o Sangue

“Estudos científicos das “áreas manchadas de sangue” foram conduzidos pela primeira vez em 1973, por um grupo especial de experts, a Comissão de Turim. (…) é importante saber que as imagens de sangue permeiam a espessura total do Sudário, o que não ocorre com a imagem do corpo, e tais imagens só estão presentes na superfície das fibras externas. (…) Até 1980, porém, não houve nenhuma confirmação, química morfológica, de que essas áreas seriam sangue. Uma questão que sempre se formula é: por que as áreas de sangue apresentam a cor rubra, como a de sangue fresco, e não um vermelho amarronzado, de sangue velho? De acordo com Raes, saponária, que era utilizada para preservar as roupas e foi identificada no Sudário, preserva também a cor do sangue.

Em 1980, porém, os drs. Alan Adler e John Heller, usando um espectroscópio e testes microquímicos, descobriram e reportaram a presença de sangue nas fibrilas de linho utilizando amostras retiradas das áreas de ferimento do Sudário por meio de fita adesiva. Como os testes de sangue usuais podem resultar em falsos positivos que podem até incluir sais de ferro e dar falsas reações negativas, em que existe pouca solubilidade quando se usam amostras envelhecidas, eles escolheram um teste mais específico, que poderia converter o grupo hemático suspeito a uma porfirina que permitiria uma fluorescência Soret característica. O teste exibiu reação positiva para sangue. Além disso, testes imunológicos demonstraram que o sangue é de origem primata.

O Dr. Baima Bollone, junto com os Drs. Jorio e Massaro, reportou em 1981 que o sangue era de origem humana, usando uma técnica de anticorpo fluorescente. O grupo relatou que foi determinado, com sucesso, o grupo sanguíneo, que era do tipo AB.

Uma observação de grande importância, reportada em1984 por Jumper et al. em Archaeological Chemistry, é a ausência de imagens do corpo nas imagens dos ferimentos, sugerindo que as imagens de sangue estavam presentes na vestimenta antes que a imagem do corpo tenha sido colocada, aparecido ou, talvez, se desenvolvido. (…) que a cor da imagem nos pulsos e mãos é bastante densa, que não havia imagem sob o “fluxo de soro”, e que a soma das evidências parece apoiar a posição de que o sangue impediu a formação de imagem. O dr. Adler também mostrou que cada ferimento apresenta anéis de retração de soro que podem ser vistos sob raio ultravioleta, confirmando a presença de exsudatos coagulados. 

Dr. Adler declarou, “Simplesmente não se pode dizer que as imagens de sangue foram pintadas Seria preciso um grande suprimento de exsudatos frescos de coágulos de um ser humano traumaticamente ferido para pintar tudo de uma maneira correta do ponto de vista forense. Ele teria, ainda, que pintar um anel de contração de soro em cada ferimento. A lógica sugere que um falsário ou artesão daquela época não saberia como fazer isso, aliás, nem saberia que seria preciso faze-la.”

É igualmente importante notar que as marcas de açoitamento foram feitas várias horas antes de a vítima ser removida da cruz, de forma que crostas de coágulos se teriam formado nas feridas, tornando difícil entender como 25 marcas de açoitamento poderiam ter deixado impressões tão precisas. Todo patologista forense que eu consultei concordou em que os ferimentos teriam causado grandes sangramentos e que o corpo teria que ter sido lavado, para estar de acordo com a precisão dos ferimentos no Sudário. (…) O dr. Rogers apoiou a teoria de que o corpo foi lavado, pois revelou que não acredita que houvesse evidência química de suor na roupa o tempo em que o homem do Sudário permaneceu envolto nele. Ele argumenta que resíduos de esqualene e outros elementos químicos que compõem o suor- os quais teriam sido transportados para a vestimenta por meio dos efeitos da tensão de superfície na fase liquida-estão ausentes do Sudário.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 273-279.

Descrição Geral do Tecido do Santo Sudário

“1°) O tecido- O Sudário é uma peça de linho de 1,10 m de largura por 4,36 m de comprimento.

(…)

Pode-se estudar à vontade a estrutura desse tecido, graças às fotografias em ampliação direta de Enrie, que fornecem uma superfície 7 vezes maior. Pode-se examinar em todos os seus detalhes, melhor do que sob a lupa; é o que têm feito peritos competentes na França e na Itália. Tem resultado, dessas perícias, que se trata de linho urdido em espinha de peixe”. A confecção de sua contextura: “3 liga 2”, necessita um tear de 4 pedais. Comporta, segundo Timossi, especialista de Turim, 40 fios por centímetro para a trama e 25 batiduras por centímetro. É uma tela de linho puro, cerrada e opaca, executada com fio grosseiro e de fibra crua. Isto é muito interessante, porque o exame fotográfico do tecido demonstrou que todas as imagens do Santo Sudário resultam de simples impregnação dos fios; impregnação esta que foi facilitada pela característica propriedade do linho de ser excelente absorvente.

(…)

Um tecido desta espécie está perfeitamente em seu lugar no tempo de Jesus. Tecidos análogos foram encontrados em Palmira e em Doura Europos. Parece mesmo que o lugar destas teceduras era a Mesopotâmia e, em particular, a Síria. Devia, portanto, ser encontradiço no comércio de Jerusalém no ano 30. Foram encontradas, em Antinoé peças de linho da mesma largura e sensivelmente mais compridas.

2º) As partes queimadas- (…) Estas partes queimadas estão circundadas por uma coloração ruiva, como a do traço de um ferro demasiadamente quente. Tinham elas estragado uma parte da tela em seu centro, partes estas que foram substituídas por peças novas: trabalho das Clarissas de Chambéry A água empregada para apagar o incêndio se espalhou pelo tecido, ocasionando um círculo carbonizado e produzindo largas zonas delimitadas, também elas em série simétrica, porém mediana.

(…)

3°) As dobras – (…) pode-se também ficar desconcertado, inicialmente, por certo número de traços transversais (negros sobre o positivo, porém brancos sobre os fac-símiles da chapa) que riscam as imagens. São simplesmente o resultado das dobras do tecido que se não conseguiu desfazer completamente, ao estendê-lo em sua moldura leve.

4°) As impressões do corpo – Na parte mediana da Mortalha podem-se notar perfeitamente dois corpos impressos, opostos pela cabeça, que, no entanto, não se tocam. Enquanto o primeiro retrata a imagem anterior de um corpo humano, reproduz o outro a imagem posterior. Na suposição de imagem produzida por um cadáver, a explicação é muito simples. O corpo foi deitado de costas sobre uma das metades do comprimento da mortalha, que foi, em seguida, dobrada por cima da cabeça sobre a face anterior do cadáver, até os pés. A miniatura de G. B. della Rovere (séc. XVIII) (fig. 1) representa perfeitamente esta manobra. (…) tendo o corpo impresso sua imagem sobre a Mortalha, deve esta estar invertida nas duas impressões.

Figura: 1 (Fonte da imagem: ofielcatólico.com.br)

(…) se olharmos um homem de pé, face a face, seu lado direito estará à nossa esquerda e vice-versa. (…)  A coloração sépia destas impressões é devida, já o dissemos, ao escurecimento individual de cada fio.

O conjunto revela uma anatomia perfeitamente proporcionada, elegante e robusta, de um homem que mede cerca de 1,80 m.

(…)

O que também chama a atenção no conjunto destas impressões corporais é sua surpreendente expressão de relevo. Não há um traço, um contorno, nem uma sombra sequer, e, no entanto, as formas surgem de modo estranho no fundo.

(…)

5°) As impressões sanguíneas – Estão espalhadas por todas as partes, a merecerem minuciosa análise: chagas da flagelação, da coroação de espinhos, de todas as sevícias do processo, do transporte da cruz, da crucifixão e até finalmente o ferimento produzido pela lança sobre o cadáver, que, em duas etapas sucessivas, lhe esvazia velas de todo sangue.

Todas estas impressões sanguíneas têm coloração muito especial, que sobressai sobre a sépia das do corpo. São carmíneas, tendendo um pouco para o violeta pálido, segundo Vignon.

(…)

Outra particularidade importante: enquanto sobre a impressão do corpo tudo está em claro-escuro, em gradação insensível, bordos imperceptíveis, os decalques sanguíneos têm limites muito mais precisos e parecem mesmo muito nítidos nas fotografias reduzidas. (…) são vistos, às vezes, envolvidos por uma auréola muito mais pálida por uma espécie de halo. Isto é devido, como o veremos, ao soro que transuda de um coágulo ainda fresco formado sobre a pele.

(…)

(…) O que imediatamente impressiona um cirurgião e que, em seguida, se confirma por estudo mais atento do inconfundível aspecto formados sobre uma pele (…)

(…)

O próprio sangue tingira o tecido por contato direto: e eis a razão pela qual as imagens das chagas são positivas enquanto todo o resto é negativo.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 29-33.