Descrição Geral do Tecido do Santo Sudário

“1°) O tecido- O Sudário é uma peça de linho de 1,10 m de largura por 4,36 m de comprimento.

(…)

Pode-se estudar à vontade a estrutura desse tecido, graças às fotografias em ampliação direta de Enrie, que fornecem uma superfície 7 vezes maior. Pode-se examinar em todos os seus detalhes, melhor do que sob a lupa; é o que têm feito peritos competentes na França e na Itália. Tem resultado, dessas perícias, que se trata de linho urdido em espinha de peixe”. A confecção de sua contextura: “3 liga 2”, necessita um tear de 4 pedais. Comporta, segundo Timossi, especialista de Turim, 40 fios por centímetro para a trama e 25 batiduras por centímetro. É uma tela de linho puro, cerrada e opaca, executada com fio grosseiro e de fibra crua. Isto é muito interessante, porque o exame fotográfico do tecido demonstrou que todas as imagens do Santo Sudário resultam de simples impregnação dos fios; impregnação esta que foi facilitada pela característica propriedade do linho de ser excelente absorvente.

(…)

Um tecido desta espécie está perfeitamente em seu lugar no tempo de Jesus. Tecidos análogos foram encontrados em Palmira e em Doura Europos. Parece mesmo que o lugar destas teceduras era a Mesopotâmia e, em particular, a Síria. Devia, portanto, ser encontradiço no comércio de Jerusalém no ano 30. Foram encontradas, em Antinoé peças de linho da mesma largura e sensivelmente mais compridas.

2º) As partes queimadas- (…) Estas partes queimadas estão circundadas por uma coloração ruiva, como a do traço de um ferro demasiadamente quente. Tinham elas estragado uma parte da tela em seu centro, partes estas que foram substituídas por peças novas: trabalho das Clarissas de Chambéry A água empregada para apagar o incêndio se espalhou pelo tecido, ocasionando um círculo carbonizado e produzindo largas zonas delimitadas, também elas em série simétrica, porém mediana.

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3°) As dobras – (…) pode-se também ficar desconcertado, inicialmente, por certo número de traços transversais (negros sobre o positivo, porém brancos sobre os fac-símiles da chapa) que riscam as imagens. São simplesmente o resultado das dobras do tecido que se não conseguiu desfazer completamente, ao estendê-lo em sua moldura leve.

4°) As impressões do corpo – Na parte mediana da Mortalha podem-se notar perfeitamente dois corpos impressos, opostos pela cabeça, que, no entanto, não se tocam. Enquanto o primeiro retrata a imagem anterior de um corpo humano, reproduz o outro a imagem posterior. Na suposição de imagem produzida por um cadáver, a explicação é muito simples. O corpo foi deitado de costas sobre uma das metades do comprimento da mortalha, que foi, em seguida, dobrada por cima da cabeça sobre a face anterior do cadáver, até os pés. A miniatura de G. B. della Rovere (séc. XVIII) (fig. 1) representa perfeitamente esta manobra. (…) tendo o corpo impresso sua imagem sobre a Mortalha, deve esta estar invertida nas duas impressões.

Figura: 1 (Fonte da imagem: ofielcatólico.com.br)

(…) se olharmos um homem de pé, face a face, seu lado direito estará à nossa esquerda e vice-versa. (…)  A coloração sépia destas impressões é devida, já o dissemos, ao escurecimento individual de cada fio.

O conjunto revela uma anatomia perfeitamente proporcionada, elegante e robusta, de um homem que mede cerca de 1,80 m.

(…)

O que também chama a atenção no conjunto destas impressões corporais é sua surpreendente expressão de relevo. Não há um traço, um contorno, nem uma sombra sequer, e, no entanto, as formas surgem de modo estranho no fundo.

(…)

5°) As impressões sanguíneas – Estão espalhadas por todas as partes, a merecerem minuciosa análise: chagas da flagelação, da coroação de espinhos, de todas as sevícias do processo, do transporte da cruz, da crucifixão e até finalmente o ferimento produzido pela lança sobre o cadáver, que, em duas etapas sucessivas, lhe esvazia velas de todo sangue.

Todas estas impressões sanguíneas têm coloração muito especial, que sobressai sobre a sépia das do corpo. São carmíneas, tendendo um pouco para o violeta pálido, segundo Vignon.

(…)

Outra particularidade importante: enquanto sobre a impressão do corpo tudo está em claro-escuro, em gradação insensível, bordos imperceptíveis, os decalques sanguíneos têm limites muito mais precisos e parecem mesmo muito nítidos nas fotografias reduzidas. (…) são vistos, às vezes, envolvidos por uma auréola muito mais pálida por uma espécie de halo. Isto é devido, como o veremos, ao soro que transuda de um coágulo ainda fresco formado sobre a pele.

(…)

(…) O que imediatamente impressiona um cirurgião e que, em seguida, se confirma por estudo mais atento do inconfundível aspecto formados sobre uma pele (…)

(…)

O próprio sangue tingira o tecido por contato direto: e eis a razão pela qual as imagens das chagas são positivas enquanto todo o resto é negativo.”

BARBET, Pierre. A Paixão de Cristo, segundo o cirurgião. São Paulo: Edições Loyola, 2014, pág. 29-33.

 

Publicado por

Juliano Pozati

Strengths coach, Escritor, Espiritualista e empreendedor. Membro do Conselho do The Institute for Exoconsciousness (EUA). Meio hippie, meio bruxo, meio doido. Pai do Lorenzo e fundador do Círculo. Bacharel em Marketing, expert em estratégia militar, licenciando em filosofia. Empreendedor inquieto pela própria natureza. Seu fluxo é a realização!

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