Quando a filosofia surge?

“Podemos dizer que a filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 21.

Introdução: Para que filosofia?

Buscando a saída da caverna ou atitude filosófica

Aula Magna

 

O que é filosofia?

“Assim, uma primeira resposta à pergunta O que é filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como naturais, óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los in­vestigado e compreendido”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 21.

Introdução: Para que filosofia?

Buscando a saída da caverna ou atitude filosófica

Aula Magna

 

O desejo de saber

“Essa mudança de atitude indica algo bastante preciso: quem não se contenta com as crenças ou opiniões preestabelecidas, quem percebe contradições e incompatibilidades en­tre elas, quem procura compreender o que elas são e por que são problemáticas está expri­mindo um desejo, o desejo de saber. E é exatamente isso o que, na origem, a palavra filosofia significa, pois, em grego, philosophía quer dizer “amor à sabedoria.”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 20.

Introdução: Para que filosofia?

Momentos de crise

Aula Magna

 

Hospitalidade à crítica

“O tipo de “hospitalidade à crítica” característico da sociedade moderna em sua forma presente pode ser aproximada do padrão do acampamento. O lugar está aberto a quem quer que venha com seu trailer e dinheiro suficiente para o aluguel; os hóspedes vêm e vão; nenhum deles presta muita atenção a como o lugar é gerido, desde que haja espaço suficiente para estacionar o trailer, as tomadas elétricas e encanamentos estejam em ordem e os donos dos trailers vizinhos não façam muito barulho e mantenham baixo o som de suas TVs portáteis e aparelhos de som depois de escurecer. Os motoristas trazem para o acampamento suas próprias casas, equipadas com todos os aparelhos de que precisam para a estada, que em todo caso pretendem que seja curta. Cada um tem seu próprio itinerário e horário. O que os motoristas querem dos administradores do lugar não é muito mais (mas tampouco menos) do que ser deixados à vontade. Em troca, não pretendem desafiar a autoridade dos administradores e pagam o aluguel no prazo. Como pagam, também demandam. Tendem a ser inflexíveis quando defendem seus direitos aos serviços prometidos, mas em geral querem seguir seu caminho e ficariam irritados se isso não lhes fosse permitido. Ocasionalmente podem reivindicar melhores serviços; se forem bastante incisivos, vociferantes e resolutos, podem até obtê-los. Se se sentirem prejudicados, podem reclamar e cobrar o que lhes é devido — mas nunca lhes ocorreria questionar e negociar a filosofia administrativa do lugar, e muito menos assumir a responsabilidade pelo gerenciamento do mesmo.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 449.

Capítulo 1 | Emancipação

As casualidades e a sorte cambiantes da crítica

Fazer de si mesmo um idiota

“De acordo com Deleuze, a filosofia decola com um faire l’idiot [fazer de si mesmo um idiota]. Não é a inteligência, mas um idiotismo que caracteriza o pensar. Todo filósofo que produz um novo idioma, um novo pensar, uma nova linguagem, é um idiota. Ele se despede de tudo o que foi. Ele habita esse patamar imanente do pensar virgem, ainda sem descrição. Com faire l’idiot, o pensar ousa saltar para o completamente outro, para o não acontecido. A história da filosofia é uma história de idiotismos, de saltos idiotas: “O velho idiota queria evidências a que ele chegasse por si mesmo: enquanto isso ele duvidava de tudo […]. O novo idiota não quer nenhuma evidência […], ele quer o absurdo – isso é um quadro completamente diferente do pensar”. A inteligência artificial não é capaz de pensar, porque não é capaz de faire l’idiot. Ela é inteligente demais para ser uma idiota.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 724.

Inteligência Artificial

BYUNG-CHUL HAN

“BYUNG-CHUL HAN nasceu na Coreia, mas fixou-se na Alemanha, onde estudou Filosofia na Universidade de Friburgo e Literatura Alemã e Teologia na Universidade de Munique. Em 1994, doutorou-se em Friburgo com uma tese sobre Martin Heidegger. É professor de Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Berlim e autor de inúmeros livros sobre a sociedade atual publicados pela Editora Vozes.”

HAN, Byung-Chul. Infocracia: Digitalização e a crise da democracia. Ed. Vozes, 2022, Local 979.

 

Filosofia é dizer a verdade

“Filosofia é dizer a verdade. Os filósofos têm que, segundo Foucault, implacavelmente se ocupar com o “hoje”. Praticam a parrhesia em relação àquilo que acontece hoje.

A preocupação com o hoje como preocupação com a verdade vale, ao fim e ao cabo, para o futuro: “eu penso que nós [filósofos] somos aqueles que fazem o futuro. O futuro é o modo como reagimos ao que acontece, é o modo como transportamos um movimento, uma dúvida, à verdade”74. À filosofia de hoje falta totalmente a relação com a verdade. Ela vem se afastando do hoje. Também não tem, assim, futuro.

HAN, Byung-Chul. Infocracia: Digitalização e a crise da democracia. Ed. Vozes, 2022, Local 910-912.

A crise da verdade

Temenos: espaço sagrado

“Temenos é um espaço sagrado recortado do espaço público que é reservado às divindades; um peribolos (literalmente um cercadinho ou um cercado), ou seja, um espaço cercado, uma área do templo delimitado por muros.

Utilizado em sentido filosófico, o temenos é um reino de ideias imortais.

(…)

O temenos paira sobre a polis e a domina. Por isso, ele frequentemente está situado na colina. A polis grega é impensável sem essa acro-pólis (literalmente cidade elevada ou cidade superior).”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 1125-1131.

O Pathos da ação

O pensar não é pura atividade

“Também o pensar não é pura atividade e espontaneidade. A dimensão contemplativa que nele habita o transforma em um corresponder. Ele corresponde àquilo que “se dirige a nós como voz [Stimme] do ser”, ao se deixar de-finir por ela. Pensar significa “abrir nossos ouvidos”; ou seja, escutar e ouvir atentamente. Falar pressupõe escutar e corresponder: “Philosophia é o corresponder verdadeiramente consumado que fala enquanto atenta ao chamado do ser do ente. O corresponder ouve a voz do chamado.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 646.

Da ação ao ser

Filosofia da realização

“O mundo está precisando de uma filosofia de realização prática
e inteligível, organizada a partir
de conhecimento resultante da experiência de homens e mulheres
da grande universidade da vida.”

Hill, Napoleon. Mais Esperto que o Diabo: O mistério revelado da liberdade e do sucesso,Ed. Citadel, 2014, pág.14.