Antítese da Igreja Institucionalizada

(…) a organização da autoridade, a participação das mulheres, o martírio: os ortodoxos reconheciam que os chamados “gnósticos” compartilhavam uma perspectiva religiosa fundamental, que consistia em uma antítese das reivindicações da igreja institucionalizada.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 138.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

A Igreja e a Trindade em uma só Divindade

Porque a igreja, em sua essência, é o espírito no qual existe a trindade de uma só divindade, Pai, Filho e Espírito Santo. (…) A igreja congrega o que o Senhor deseja – uma igreja espiritual para pessoas espirituais, não a igreja de uma multidão de bispos!” *(Tertuliano, De Pudicitia 21.)

Estavam convencidos de que a “igreja visível” – rede vigente das comunidades católicas ou desde o início tivera princípios errados ou desviara-se mais tarde do caminho correto. A verdadeira igreja, em contraste, era “invisível”: apenas seus membros identificavam as pessoas que pertenciam ou não a ela. Com essa idéia de uma igreja invisível, os dissidentes pretendiam opor-se àqueles que se diziam representantes da igreja universal. Martinho Lutero empreendeu o mesmo movimento 1.300 anos mais tarde.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 125.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Qual é a Verdadeira Igreja?

“Durante quase 2 mil anos a tradição cristã preservou e reverenciou os escritos ortodoxos que denunciavam os gnósticos enquanto reprimiam e destruíam – os escritos gnósticos. Agora, pela primeira vez, certos textos descobertos em Nag Hammadi revelam o outro lado da moeda: como os gnósticos denunciavam os ortodoxos. O Segundo Tratado do Grande Seth critica o cristianismo ortodoxo, contrastando-o com a “verdadeira igreja” dos gnósticos. Dirigindo-se àqueles que chamava de filhos da luz, o autor diz:

(…) somos perseguidos e odiados, não apenas pelos ignorantes [pagãos], mas também por aqueles que pensam que estão promovendo o nome de Cristo, pois são inconscientemente vazios, não conhecendo a si mesmos, como animais mudos. *(Segundo Tratado do Grande Seth 59.22-29, em NHL 333-334. Para análise, ver J. A. Gibbons, A Commentary on “The Second Logos of the Great Seth” (New Haven, 1972)

O autor analisa cada uma das características da Igreja católica como uma evidência de que ela é apenas um plágio, uma imitação, uma “irmã” que copia a verdadeira fraternidade cristã. Esses cristãos, em sua arrogância cega, reivindicam uma legitimidade exclusiva: “Aqueles que não entendem o mistério falam coisas que não compreendem, mas vangloriam-se de que o mistério da verdade pertence apenas a eles.- A obediência deles aos bispos e diáconos indica que eles “curvam-se diante do julgamento de seus líderes”. Eles oprimem seus irmãos e difamam aqueles que atingem a gnosis.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 116-117.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Por que a Visão Ortodoxa do Martírio Prevaleceu?

Por que a visão ortodoxa-do martírio- e da morte de Cristo como modelo – prevaleceu? Eu sugiro que a perseguição impulsionou a formção de uma estrutura eclesiástica organizada, que se desenvolveu no final do século II. Para posicioná-la em um contexto contemporâneo, consideremos qual é o recurso que resta para dissidentes confrontados com um sistema político forte e poderoso: divulgar casos de violência e injustiça para angariar o apoio público mundial.

(…)

Pressionados pelo perigo comum, membros de grupos dispersos no mundo inteiro cada vez mais trocavam cartas e visitavam diversas igrejas. Relatos desses mártires, em geral obtidos nos registros de seus julgamentos e em depoimentos de testemunhas, circulavam entre as igrejas na Ásia, África, Roma, Grécia, Gália e Egito. Por meio dessa comunicação, membros das igrejas mais antigas e diversificadas conscientizavam-se das diferenças regionais como obstáculos pleitear a participação em uma igreja católica. Como já mencionado, Irineu insistia em que as igrejas no mundo inteiro deveriam concordar com todos os pontos vitais da doutrina, mas ficou chocado quando Vitor, bispo de Roma, tentou dar mais uniformidade às igrejas regionais. Em 190, Vitor pediu aos cristãos na Ásia Menor para abandonarem sua prática tradicional de celebrar a Páscoa e, cm vez disso, agirem segundo o costume romano – ou então teriam de desistir de seu pleito de serem “cristãos católicos”. Ao mesmo tempo, a igreja romana estava compilando a lista definitiva de livros eventualmente aceitos por todas as igrejas cristãs. Ordens estratificadas crescentes de hierarquia institucional consolidaram as comunidades internamente e regularizaram a comunicação entre, como Irineu chamava, “a Igreja católica dispersa no mundo inteiro, até mesmo nos confins do mundo” uma rede de grupos tornando-se cada vez mais uniformes em doutrina, ritual, cânones e estrutura política.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 112.

Capítulo: 4- A Paixão de Cristo e a Perseguição aos Cristãos.

Maturidade Espiritual

“Os autores gnósticos quase sempre atribuem sua tradição a pessoas externas ao círculo dos 12 – Paulo, Maria Madalena e Tiago.

(…)o que os gnósticos celebram como prova de maturidade espiritual, os ortodoxos denunciam como “desvio” da tradição apostólica. Tertuliano acha uma afronta que

…cada um deles, como convém a seu próprio temperamento,
faça alterações na tradição recebida como aquele que a transmitiu a modificou quando moldou a tradição segundo sua própria vontade. * (Tertuliano, De Praescriptione Haereticorum 42 D · diante citado como DE PRAESCR.)

A conformidade com a doutrina definiu a fé ortodoxa. O bispo Irineu declara que a igreja católica

acredita nesses pontos da doutrina como se tivesse apenas uma alma e um único e mesmo coração, que proclama e ensina em perfeita harmonia (…) Porque, embora as línguas do mundo sejam diferentes, o significado da tradição é igual e único, pois as igrejas na Alemanha não acreditam nem transmitem nada diferente, nem as da Espanha, nem as da Gália, nem as do Oriente, nem as do Egito, nem as da África, nem as estabelecidas em regiões centrais do mundo.* Irineu, AH 1.10.2.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 23-26.

Capítulo: 1- A Controvérsia Sobre a Ressurreição de Cristo: Acontecimento Histórico ou Símbolo?

Cristo Não é Monopólio

“Nas igrejas, templos, tabernáculos e mesquitas, a percepção da Consciência Crística me acompanha; nenhuma limitação me restringe. Pertenço ao Cristo Infinito, o bem-aventurado Kutastha Chaitanya.” Este é o acorde da unidade em torno do qual podem soar em harmonia todas as melodias da vida. “Quero orar a Deus na linguagem da alma e com o anseio de todos os corações. Então, ó Senhor, milhares virão escutar e Te seguir.” Cristo não é monopólio de nenhum grupo de pessoas que se autoproclamem seus únicos seguidores autênticos. Cristo pertence a todos, não importa qual seja a religião, raça ou época.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 221.

Capítulo 40: Conselhos de Jesus aos que pregan a palavra de Deus (Parte I).

O Afastamento da Autorrealização

As igrejas hoje se afastaram do caminho da Autorrealização, isto é, da experiência pessoal de Deus e de Cristo. As congregações geralmente se satisfazem com sermões, cerimônias, organizações e festividades sociais. A completa revitalização e reatauração do Cristianismo só pode ser efetuada com menos  ênfase em sermões teóricos com seus repetidos chavões e em cerimônias psicofísicas externas que despertam emoções superficiais, substituindo-os pela quietude da meditação e pela verdadeira comunhão interior. Em vez de serem membros passivos de uma igreja, satisfeitos meramente com sermões, os devotos devem ocupar-se mais com o esforço para cultivar a perfeita quietude do corpo e da mente. A paz da absoluta quietude física e mental é o verdadeiro templo onde Deus mais frequentemente visita Seus devotos: “Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus“* 

Aqueles que vagueiam de uma igreja a outra em busca de satisfação intelectual raramente encontram Deus, pois o estímulo do intelecto é necessário apenas para nos inspirar a “beber” Deus. Quando o intelecto se esquece de verdadeiramente “experimentar” Deus, ele se torna um empecilho à Autorrealização. A verdade espiritual e a sabedoria não são encontradas em quaisquer palavras de um sacerdote ou pregador, mas no “deserto” do silêncio interior. (…) “O Consolador, o Espírito Santo (…) vos ensinará todas as coisas” (João 14:26).

Por meio do método correto de meditação no Espírito Santo como a luz do olho espiritual e o som sagrado da vibração cósmica de Om, qualquer devoto perseverante, com a prática constante, pode experimentar as bênçãos da manifesta presença vibratória de Deus. A Vibração Sagrada (o Grande Consolador), estando permeada com a consciência universal refletida de Deus, contém a bem-aventurança divina que a tudo permeia.”

Nota: Salmos 46:10.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 134-135.

Capítulo 6: O batismo de Jesus.

Interesses do Imperador Romano.

“O texto que foi datado por volta do século IV d.C., ou seja, praticamente no início da Idade Média, carrega em seu enredo muitos dos anseios da igreja da época e dos interesses do imperador romano. Em 325 d.C. o imperador Constantino convocou o Primeiro Concílio de Nicéia e neste concílio duas questões principais foram discutidas, a natureza de Cristo e o dia da Páscoa cristã. O texto do Evangelho Segundo Nicodemos possui um enredo explicativo para questões as quais poderiam haver discordâncias, além de culpar os judeus, eximir os romanos de qualquer culpa e introduzir na cristandade a idéia de que os próprios judeus, que haviam crucificado Jesus, haviam posteriormente reconhecido suas culpas e se convencido de que Jesus realmente era justo e divino, pois os imperadores sempre zelaram por ter um império unificado em todos os sentidos inclusive o espiritual/ religioso, pois assim eles poderiam ter domínio e controle total sobre seus governados.”

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Segundo Nicodemos (Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro XI) – Versão Kindle, Posição 1084.

Os Malfeitores de Nicodemos

“Passagem citada nos evangelho sinóticos e igualmente encontrada no Evangelho de Nicodemos, mas com o detalhe que no Evangelho de Nicodemos o autor atribui nomes aos malfeirores, sendo Dimas o bom ladrão e Gestas o mal. É interessante e contraditório este evangelho não ser canônico, principalmente para a Igreja Católica, pois o nome São Dimas vem deste evangelho apócrifo.

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Segundo Nicodemos (Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro XI) – Versão Kindle, Posição 1014.

Condição dos Operários

“Entretanto, Leão XIII vem ao campo da luta com a encíclica Rerum Novarum, tentando conciliar o braço e o capital, apontando a cada qual os seus mais sagrados deveres. Se o efeito desse documento teve considerável importância para as classes mais cultas do velho e do novo Mundo, tanto não se deu com as classes mais desfavorecidas, fartas de palavras.”

Xavier, Francisco Cândido / Emmanuel. A Caminho da Luz. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 2016, p. 193.