Tradição dos santos

“A tradição dos santos deriva não da Igreja, mas da insistência de certas camadas em manter seus cultos domésticos, desse modo, o culto aos santos, que só foi aceito pela Igreja no 2º Concílio de Niceia em 787dc, é uma substituição aos cultos pagãos, que em muito contribuiu para formar um catolicismo popular italiano, que era uma mistura de crenças pré-cristãs sobre a qual a Igreja não tinha controle.”

LELAND, Charles G. Aradia.O Evangelho das Bruxas, 2019, Pág. 18.

O Corpus Hermeticum

“Provavelmente fruto do caldeirão criado pelas diversas religiosidades iniciáticas experienciadas na região do Mediterrâneo ao longo do século II E.C., O Corpus Hermeticum se arroga uma origem que remontaria aos primordios de uma religiosidade egípcia. A mensagem hermética deixou suas marcas já nos chamados Padres da Igreja, aqueles autores fundamentais para a construção dos pilares do cristianismo latino.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 11.

Prefácio

Reedificou outra igreja

“Depois que o santo de Deus trocou de hábito e acabou de reparar a mencionada igreja, mudou-se para outro lugar próximo da cidade de Assis. Aí começou a reedificar outra igreja, abandonada e quase destruída, e desde que pôs mãos à obra não parou enquanto não terminou tudo.”

Frei Tomás de Celano. Primeira Vida: Vida de São Francisco de Assis Escrita em 1228 D.C, Ed. Família Católica,2018, Local: 398.

PRIMEIRO LIVRO

Capítulo IX- Francisco muda o hábito e repara a igreja de Santa Matia da Porciúncula.

O tesouro espiritual da Igreja

“O tesouro espiritual da Igreja, constituído pelos infinitos méritos e satisfações de Jesus Cristo e pelos da Santíssima Virgem e dos Mártires e santos, é inesgotável. A Igreja dispõe deles não só em favor das almas do purgatório, mas também dos fiéis deste mundo que com as devidas condições pratiquem as obras piedosas que ela assinala. Jubileus, indulgências plenárias ou parciais, contêm um acúmulo imenso de satisfação e de expiação por nossos pecados ante a justiça divina. A bênção papal na hora da morte e a indulgência plenária outorgada a variados atos religiosos que nesse momento se pratiquem, não têm outro fim senão preparar a alma para sua pronta entrada no céu, quiçá sem passar pelo purgatório.”

Santa Catarina de Gênova. Tratado do Purgatório, Ed. Santa Cruz, 2019, Local: 987.

Capítulo III – Considerações Morais

Ganhar indulgências

Não mais Cristão, mas Cristo

“Quem alcança a gnosis torna-se “não mais cristão, mas Cristo” ” Assim sendo, podemos observar que esse gnosticismo tinha um significado maior que um movimento de protesto contra o cristianismo ortodoxo. O gnosticismo também incluía uma perspectiva religiosa que, de modo implícito, opunha-se ao desenvolvimento do tipo de instituição na qual se converteu a antiga Igreja católica. Aqueles que esperavam “tornarem-se Cristo” possivelmente não reconheceriam as estruturas institucionais da igreja -seus bispos, padres, cre- dos, cánones ou rituais – como detentoras da autoridade final.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 152.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Igreja para Todos

“Desejando abrir a igreja para todos, acolheram membros de todas as camadas sociais, de qualquer origem racial ou cultural, cultos ou iletrados – todos, é evidente, que se submetessem ao seu sistema organizacional. Os bispos opuseram-se àqueles que desafiavam quaisquer dos três elementos do sistema: doutrina, ritual e hierarquia clerical – e os gnósticos questionavam todos eles.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 134.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

A Verdadeira Igreja é a União

” O Segundo Tratado do Grande Seth declara de modo similar que a característica da verdadeira igreja é a união que seus membros desfrutam com Cristo e entre si, “unidos pela amizade perene de amigos, que desconhecem a hostilidade, a maldade e são ligados pela gnosis (…) [na] amizade que nutrem uns pelos outros”.Possuem a intimidade do casamento, um “casamento espiritual”, pois vivem “na paternidade e na maternidade, e na fraternidade racional e nasabedoria”, como aqueles que se amam como “amigos espirituais”.

Essa visão etérea de um-a”igreja celestial” contrasta drasticamente com o enfoque terreno das fontes ortodoxas. Por que os autores gnósticos abandonaram à concretude e descrevem a igreja em termos tão irreais e imaginários? Alguns estudiosos dizem que isso prova seu escasso entendimento e seu desapreço quanto às relações sociais. Carl Andresen, em seu recente e denso estudo sobre os primórdios da igreja cristã, denominou-os de “solipsistas religiosos” preocupados apenas com seu próprio desenvolvimento espiritual, indiferentes às responsabilidades comunitárias de uma igreja.Mas as fontes citadas acima mostram que esses gnnósticos definiam a igreja presisamente em termos da qualidade de interação entre seus membros.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 121.

Unir-se ao Bispo é Unir-se à Igreja

“Como um fiel poderia identificar os verdadeiros e os falsos cristãos? Os cristãos ortodoxos e gnósticos ofereciam respostas diferentes, pois cada grupo tentava definir a igreja de modo a excluir o oponente. Os cristãos gnósticos, pleiteando representar apenas “uns poucos”, sugeriam critérios qualitativos. Em protesto contra a maioria, insistiam em que o batismo não convertia um ser em cristão: segundo o Evangelho de Filipe, muitas pessoas “mergulham na água e retornam à superfície sem terem recebido nada”,  e ainda assim afirmavam ser cristãos. Nem a profissão do credo ou martírio contava como evidência: “qualquer pessoa pode fazer essas coisas.” Acima de tudo, recusavam-se a identificar a igreja com a comunidade visível e real que, diziam, com frequência apenas a imitava. Em vez disso, citando um dito de Jesus (“Pelos seus frutos os conheceremos”), demandavam provas de maturidade espiritual para demonstrar que uma pessoa pertencia à verdadeira igreja.

No entanto, os cristãos ortodoxos no final do século II começaram a estabelecer critérios objetivos para o ingresso na igreja. Quem quer que confessasse o credo, aceitasse o ritual do batismo, participasse na adoração e obedecesse aos clérigos era aceito como um companheiro cristão. Procurando unificar as diversas igrejas espalhadas pelo mundo em uma única rede, os bispos eliminaram os critérios qualitativos para que as pessoas se tornassem membros da igreja. A avaliação de cada candidato com base na maturidade espiritual, percepção ou santidade pessoal, como os gnósticos preconizavam, necessitaria de uma administração muito mais complexa. Além disso, tenderia a excluir muitos que precisavam do acolhimento da igreja. A fim de tornar-se verdadeiramente católica-universal, a igreja rejeitou todas as formas de elitismo, com o intuito de atrair mais e mais fiéis. Nesse processo, seus líderes criaram uma estrutura clara e simples, consistindo em doutrina, ritual e organização política, que provou ser, surpreendentemente, um sistema organizacional muito eficaz.

Assim Inácio, o bispo ortodoxo de Antioquía, define a igreja em termos do bispado que representa esse sistema:

Ninguém que pertença à igreja permanecerá excluido do bispado. A eucaristia será válida quando celebrada pelo bispo ou por quem ele indicat (Qualquer que seja a oferenda do bispo [a eucaristia], acongregação deverá estar presente, assim como em qualquer lugar onde Jesus Cristo esteja, a Igreja católica estará presente *(Inácio, Smyrneans8.1-2.)

(…) Inácio declara:

É ilegítimo batizar ou realizar um ágape (rito eucarístico) sem o bispo (…) Unir-se ao bispo é unir-se à igreja; separar-se do bispado significa não apenas separar-se da igreja, mas do próprio Deus. *(Ibid., 8.2.)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 118-119.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Qual é a Verdadeira Igreja?

“Durante quase 2 mil anos a tradição cristã preservou e reverenciou os escritos ortodoxos que denunciavam os gnósticos enquanto reprimiam e destruíam – os escritos gnósticos. Agora, pela primeira vez, certos textos descobertos em Nag Hammadi revelam o outro lado da moeda: como os gnósticos denunciavam os ortodoxos. O Segundo Tratado do Grande Seth critica o cristianismo ortodoxo, contrastando-o com a “verdadeira igreja” dos gnósticos. Dirigindo-se àqueles que chamava de filhos da luz, o autor diz:

(…) somos perseguidos e odiados, não apenas pelos ignorantes [pagãos], mas também por aqueles que pensam que estão promovendo o nome de Cristo, pois são inconscientemente vazios, não conhecendo a si mesmos, como animais mudos. *(Segundo Tratado do Grande Seth 59.22-29, em NHL 333-334. Para análise, ver J. A. Gibbons, A Commentary on “The Second Logos of the Great Seth” (New Haven, 1972)

O autor analisa cada uma das características da Igreja católica como uma evidência de que ela é apenas um plágio, uma imitação, uma “irmã” que copia a verdadeira fraternidade cristã. Esses cristãos, em sua arrogância cega, reivindicam uma legitimidade exclusiva: “Aqueles que não entendem o mistério falam coisas que não compreendem, mas vangloriam-se de que o mistério da verdade pertence apenas a eles.- A obediência deles aos bispos e diáconos indica que eles “curvam-se diante do julgamento de seus líderes”. Eles oprimem seus irmãos e difamam aqueles que atingem a gnosis.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 116-117.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Cristo Não é Monopólio

“Nas igrejas, templos, tabernáculos e mesquitas, a percepção da Consciência Crística me acompanha; nenhuma limitação me restringe. Pertenço ao Cristo Infinito, o bem-aventurado Kutastha Chaitanya.” Este é o acorde da unidade em torno do qual podem soar em harmonia todas as melodias da vida. “Quero orar a Deus na linguagem da alma e com o anseio de todos os corações. Então, ó Senhor, milhares virão escutar e Te seguir.” Cristo não é monopólio de nenhum grupo de pessoas que se autoproclamem seus únicos seguidores autênticos. Cristo pertence a todos, não importa qual seja a religião, raça ou época.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 221.

Capítulo 40: Conselhos de Jesus aos que pregan a palavra de Deus (Parte I).