Corpo imortal

Que direi, o filho? Não tenho nada a dizer, exceto isto: vendo algo dentro de mim que, da misericórdia de Deus, veio ser uma visão sem forma, e saí de mim mesmo para um corpo imortal, e agora não sou aquele que era antes, mas nasci no nous. Essa coisa não é ensinada, nem com rudimento formado, por meio do qual se vê; assim também não me incomodo com a primeira imagem composta. Não toco mais a superfície nem tenho tato nem medida, mas sou contrário a esses. Agora me vês, ó filho, com olhos, mas o que sou não compreendes quando olhas com o corpo e a visão. Agora contemplo não com estes olhos, ó filho.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 227.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus XIII

Os viventes

“Então, por quem todos os viventes são vivificados? Por quem os viventes imortais são imortalizados? Por quem os viventes mutáveis são transformados? E quer fales de matéria, ou de corpo, ou de essência, saiba também que essas são as próprias energias de Deus; e a energia da matéria é a materialidade; e dos corpos, a corporeidade; e da substância, a substan- cialidade; e isto é Deus, o Universo.

E no todo nada é que ele não seja. Donde nem grandeza nem lugar nem qualidade nem formato nem tempo é referente a Deus; pois ele é tudo; e o Todo está através de todas as coisas e ao redor de todas as coisas. Prosta-te e observa religiosamente esse discurso, ó filho; e a observância reli- giosa de Deus é uma: não ser mau.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 223.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus XII

Todo vivente é imortal

“Então todo vivente é imortal por causa do nous; e dentre todos, o homem é o mais imortal, pois o homem é receptor de Deus e consubstancial com Deus. Pois Deus conversa só com esse vivente, tanto de noite através de sonhos, quanto de dia através de símbolos (…).”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 221.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus XII

O fogo como o instrumento de criação

É necessário, ó filho, o ouvinte compreender o falante, e ser de mesma mente e ter a audição mais aguçada do que a voz do falante; a composição desses indumentos, o filho, vem a ser com corpo terreno, pois é possível o nous, ele por si mesmo, fixar-se nu em um corpo terreno, pois, nem é possivel um corpo terreno aguentar tão grande imortalidade, nem tal virtude tolerar um corpo passivo tendo boas relações consigo, portanto, recebeu a alma como um véu, mas a alma sendo algo divino, usa o pneuma como ajudante; porém, o pneuma rege o vivente.

(…) Porém o nous sendo o mais penetrante de todos os desígnios divinos, também tem o corpo mais sutil de todos os elementos, o fogo; pois o nous sendo Demiurgo de todos, usa o fogo como o instrumento para a criação; e, de fato, o nous do Todo é Demiurgo de todas as coisas, mas o nous do homem é Demiurgo somente das coisas sobre a terra; pois, nos homens, estando desnudo do fogo, sendo humano pela ação de habitar, o nous não pode criar as coisas divinas.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 191.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus X

A morte é destruição

“Pois a morte não é nenhuma delas, mas é uma designação de apelação de imortal (athanatos), sendo chamada morte (thanatos) em vez de imortal (athanatos) por causa da carência da primeira letra ou por bobagem qualquer. Pois a morte é destruição; porém, nenhum desses seres no mundo é destruído.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 169.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus VIII

Sensato reconheça a si sendo imortal

“Então veio, como eu disse, o engendramento desses sete desta forma: com efeito, feminina era <a terra e a água fertilizadora, porém do fogo era a prova de maturação. Do éter, a natureza recebeu o pneuma e produziu os corpos conforme a aparência do Homem.

(…) pois todos os viventes sendo macho-fêmeas, separaram-se conjuntamente com o homem e vieram a ser os machos em parte, e a fêmeas semelhantemente, e Deus logo disse uma palavra santa: Crescei em crescimento e multiplicai em mul- titude todas as criaturas e obras, e <o> sensato reconheça a si sendo imortal, e reconheça que a causa da morte é o eros, e reconheça todos os seres.

(…) por que são dignos da morte os que estão na morte? Porque principia a escuridão tenebrosa do corpo familiar, da qual a natureza procede, da qual, por sua vez, o corpo se compõe no mundo, do qual a morte é irrigada.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 125.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus I