A Morte João Batista

“UMA NOITE, no mês de agosto, estávamos com o Mestre numa charneca perto do lago. A charneca era chamada pelos antigos Campina das Caveiras. E Jesus estava reclinado na relva e fitava as estrelas.

E, de repente, dois homens vieram correndo e chegaram, já sem fôlego, até junto de nós. Estavam como em agonia e caíram prostrados aos pés de Jesus. E Jesus levantou-se e disse-lhes: “Donde viestes?”

E um dos homens respondeu: “De Nacareus.” E Jesus olhou para ele e ficou perturbado, e disse: “Que é de João?”

E o homem disse: “Foi morto hoje. Decapitaram-no na cela da prisão.” Então Jesus ergueu a cabeça. E caminhou um pouco para longe de nós. Passado um momento, voltou para o nosso meio. E disse: “O rei poderia ter matado o profeta antes deste dia. Em verdade, o rei quis satisfazer seus súditos. Os reis de outrora não demoravam tanto em entregar a cabeça de um profeta aos caçadores de cabeças.

“Pesa-me, não por João, mas por Herodes, que deixou cair a espada. Pobre rei, qual um animal preso e levado com uma argola e uma corda. “Pobres tetrarquinhas perdidos em suas próprias trevas, como tropeçam e caem! E que tiraríeis dum mar estagnado se não peixes mortos?”

GIBRAN, Gibran Khalil.  Jesus, o Filho do Homem. Tradução: Mansour Challita. Associação Cultural Internacional Gibran, 1973, pág. 79.

Conceito de Nazareno

“Em primeiro lugar, devemos tornar claro que o título de Nazareno não queria dizer que a pessoa que o tivesse fosse de uma cidade chamada Nazaré. O título de Nazareno era dado pelos judeus a pessoas estranhas que não seguiam sua religião e que pareciam pertencer a um culto ou seita secreta que existira ao Norte da Palestina por muitos séculos; podemos verificar na Bíblia Cristã que o próprio João Batista era chamado de Nazareno. Também encontramos muitas outras referências a pessoas conhecidas como nazarenos. Em Atos XXIV:5, encontramos um homem qualquer sendo condenado como provocador de uma rebelião entre os judeus em todo o mundo e sendo chamado de “líder da seita dos nazarenos”. Sempre que os entravam em contato com alguém em seu pais que fosse de outra religião, e especialmente se tivesse uma compreensão mística das coisas da vida e vivesse de acordo com um código ético ou filosófico diferente do judaico, chamavam-no de Nazareno falta de um nome mais adequado.

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 57-58.