A mais elevada religião do helenismo

“(…) livro do teólogo Charles Harold Dodd, intitulado, em português, A Interpretação do Quarto Evangelho (The Interpretation of the Fourth Gospel, 1953). Surpreendeu-me a ênfase dada por Dodd à literatura hermética como sendo a mais elevada religião do helenismo, como se intitula o segundo capítulo da primeira parte do seu livro. (…) Em todo caso, não foi necessariamente a unicidade de Deus que me chamou atenção, mas o fato de esse autor citar várias passagens gregas do Corp. Herm., nas quais algumas em muito se assemelhavam aos escritos neotestamentários, despertando o interesse pela relação entre o Corp. Herm e o Novo Testamento, uma vez que os escritos do Corp. Herm. são contemporâneos.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 17.

Prefácio

Explorar a Psique

“Porque os gnósticos, ao explorarem a psique, explicitaram um tema que hoje é para muitos implícito – a busca da religião. Algumas pessoas que procuram seu direcionamento interior, como os gnósticos radicais, rejeitam as instituições religiosas como um obstáculo ao seu progresso. Outros, como os valentinianos, participam de bom grado nelas, embora considerem a igreja mais um instrumento de sua autodescoberta do que a necessária “arca de Noé da salvação”.

Além de definir Deus de formas opostas, os cristãos gnósticos e ortodoxos caracterizaram a condição humana de modo muito diverso. Os ortodoxo seguiram o ensinamento judaico tradicional, no qual o que separa a humanidade de Deus, além da dissimilaridade essencial, é o pecado do homem. A palavra que designa o pecado no Novo Testamento, hamartia, procede do esporte de arco-e-flecha; literalmente, significa “não acertar o alvo”.

(…)

Muitos gnósticos, ao contrário, insistem em que a ignorância e não o pecado é que acarreta o sofrimento humano. O movimento gnóstico tinha algumas afinidades com os métodos contemporâneos de explorar o eu por meio de técnicas da psicoterapia. O gnosticismo e a psicoterapia valorizam, acima de tudo, o conhecimento – o autoconhecimento perceptivo.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 140-141.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Esconderijo dos Manuscritos

“Frederik Wisse sugeriu que os monges que viviam no monasténo de São Pacômio, próximo ao penhasco onde os textos foram encontrados, poderiam ter guardado os documentos de Nag Hammadi em sua biblioteca devocional. Mas em 367, quando Atanásio, o poderoso arcebispo de Alexandria, enviou uma ordem para expurgar todos os “livros apócrifos” com “heréticas” tendências, um (ou muitos) monge pode ter escondido os preciosos manuscritos na jarra e a
enterrado na montanha de Jabal al-Tarif, ondeMuhammad ‘Ali a encontrou 1.600 anos mais tarde.

(…) clero, o credo e o cânone do Novo Testamento.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 137.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Hereges- Campo de Rebeldes

“(…) prontos a falar, com sinceridade, de alguns aspectos de sua crença, “Isso não é assim”, “Tenho uma visão diferente”. “Não admito isso“.

Tertuliano adverte que esse questionamento leva à heresia: “Essa norma (…) foi ensinada por Cristo e não causa entre nós perguntas além daquelas que as heresias introduzem e que convertem os homens em hereges!” Também destaca que os hereges não se restringem às Escrituras do Novo Testamento: acrescentam outros escritos ou desafiam a interpretação ortodoxa de textos-chave.” Mais tarde, como já observado, ele condena os hereges de serem “um campo de rebeldes” que se recusam a submeter-se à autoridade do bispo. Solicitando uma ordem estrita de obediência e submissão, conclui que a “evidência de uma maior disciplina que existe entre nós é prova adicional da verdade”.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 124.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Nicodemos Era Um Fariseu

“Conforme mencionado nos versículos bíblicos acima, Nicodemos era um fariseu. Josefo, historiador judeu do primeiro século, escreve sobre as crenças dos fariseus: “Eles dizem que as almas são imortais; que as dos justos passam depois desta vida a outro corpo e que as dos maus sofrem tormentos que duram para sempre” (Guerra dos Judeus Contra os Romanos, Livro 2, capítulo 12). Alguns eruditos religiosos afirmam que esta é uma referência à reencarnação; outros sustentam que é apenas uma declaração da doutrina dos fariseus sobre a derradeira ressurreição dos virtuosos. Independente disso, há ampla evidência de que muitos judeus acreditavam na reencarnação. A enciclopédia alemã Meyers Konversationslewikon declara: “No tempo de Cristo, a maioria dos judeus acreditava na transmigração da alma. Talmudistas julgavam que Deus havia criado um número limitado de almas judaicas que retornariam enquanto houvesse judeus. (…) Entretanto, no dia da ressurreição, todas seriam purificadas e ressuscitadas nos corpos dos justos na Terra Prometida.”

(…)

Em várias passagens do Novo Testamento fica evidenciado que o conceito da reencarnação era conhecido dos judeus: quando “os sacerdotes e levitas” perguntaram a João Batista: “És tu Elias?” (João 1:21, Discurso 6); e quando os discípulos de Jesus disseram: “Uns dizem que és João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias ou um dos profetas” (Mateus 16:14; ver Discurso 45, no volume II). (Nota da Editora)”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 268-269.

Capítulo 13: O segundo nascimento do homem: o nascimento no Espírito – Diálogo com Nicodemos, parte I.

O Estudo dos Livros Sagrados e a Meditação

Os pergaminhos tibetanos relatam que enquanto esteve entre os budistas Jesus dedicou-se ao estudo de seus livros sagrados e podia discorrer perfeitamente sobre eles. Aparentemente por volta da idade de 26 ou 28 anos, ele pregou sua mensagem no estrangeiro enquanto se dirigia de volta a Israel através da Pérsia e de países adjacentes, encontrando fama entre a população e hostilidade por parte das classes sacerdotais do zoroastrismo e outras.

Isso não significa que Jesus tenha aprendido tudo o que ensinou de seus mentores espirituais e daqueles com quem se associou na Índia e regiões vizinhas. Os avatares já vêm com seu cabedal de sabedoria. O tesouro de realizacão divina de Jesus foi meramente reavivado e moldado de forma a adequar-se à sua missão singular, durante sua permanência entre os sábios hindus, monges budistas e particularmente os grandes mestres da yoga, de quem recebeu iniciação na ciência esotérica da união divina por meio da meditacão. Do conhecimento que acumulara e da sabedoria que brotara de sua própria alma em meditação profunda, ele destilou para as multidões parábolas simples acerca dos princípios ideais pelos quais se deve dirigir a vida aos olhos de Deus. Todavia, ele ensinou os mistérios mais profundos aos discípulos mais próximos, que estavam prontos para recebê-los, como está evidenciado no livro do Apocalipse de São João no Novo Testamento, cuja simbologia tem correspondência exata com a ciência iogue da realização divina.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 97-98.

Capítulo 5: Os anos desconhecidos da vida de Jesus – estadia na Índia.

Os Anos Desconhecidos na Índia

“No Novo Testamento, uma cortina de silêncio desce sobre a vida
de Jesus após seus 12 anos, para erguer-se novamente apenas dezoito anos mais tarde, na oportunidade em que ele recebe o batismo de João e começa a pregar às multidões. Ouvimos apenas:

E crescia Jesus em sabedoria, em estatura, e em graça para com Deus e os homens. Lucas 2:52

Que os contemporâneos de um personagem tão extraordinário nada tenham encontrado digno de nota desde a infância de Jesus até seus trinta anos é por si só surpreendente.

(…) Registros preciosos encontram-se ocultos em um monastério tibetano. Eles se referem ao Santo Issa de Israel, “em quem estava manifestada a alma do universo”; que, dos 14 aos 28 anos, ele permaneceu na Índia e regiões do Himalaia, entre santos, monges e sábios; que pregou sua mensagem naquela região e então retornou para ensinar em sua terra natal, onde foi tratado de forma vil, sentenciado e condenado à morte.

(…)

(…) esses antigos registros foram descobertos e copiados por um viajante russo, Nicholas Notovitch. Durante suas viagens pela Índia em 1887, Notovitch deleitava-se com as maravilhas dos estimulantes e acentuados contrastes da antiga civilização indiana (…) ele ouviu histórias sobre Santo Issa, cujos detalhes não lhe deixaram dúvidas de que Issa e Jesus Cristo eram a mesma pessoa. (…) alguns monastérios tibetanos continham um registro dos anos da permanência de Issa na Índia, no Nepal e no Tibete.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 90-91.

Capítulo 5: Os anos desconhecidos da vida de Jesus – estadia na Índia.

Distinção Entre Fatos Bíblicos e Ficção

O tempo trabalha na mente dos homens, de modo especial daqueles que estão distantes da época dos acontecimentos, para acrescer ou minorar os atributos de personagens importantes e os eventos associados com suas vidas. Se estes tiverem conotação religiosa, transformaçõs de fatos em lendas parecem ocorrer de forma ainda mais temerária. (…) a Índia recobriu sua riqueza espiritual mais sagrada – e os agentes divinos deste tesouro – com um simbolismo e a profundidade de uma mitologia rica de significados que preservaram os princípios e os preceitos de suas escrituras ao longo de gerações de dominacão e influência estrangeira. Talvez as vozes da Antiguidade não devessem ser inteiramente silenciadas ou descartadas precipitadamente de nossa consideração mental. Todavia, um atento discernimento está por certo justificado.

Essa distinção entre fato e ficção, de modo a manter a integridade da Igreja e da doutrina cristãs, era claramente a intenção dos patriarcas da Igreja. Os 27 livros do Novo Testamento que hoje constituem o relato bíblico da vida e dos ensinamentos de Jesus foram compilados, nos primórdios da Igreja, de uma coleção muito mais ampla de textos. 

(…)

É difícil deixar de concordar em alguma medida com o comentarista John Jortin (1698-1770; arquidiácono de londres), que, segundo nos diz Hone, ao analisar a autoridade desses Concílios Gerais, concluiu ironicamente: “O Concílio dos Apóstolos em Jerusalém [Atos I] foi o primeiro e o último de que se pode afirmar ter sido presidido pelo Espírito Santo”

(…)

O surgimento da compilação específica de livros hoje conhecida como o Novo Testamento ocorreu no ano 367 d.C.

Durante séculos, a existência de muitos dos textos que foram suprimidos e destruídos era praticamente desconhecida – tanto para os eruditos quanto para os que professavam a fé. Alguns deles vieram à tona na famosa descoberta em Nag Hammadi, Egito, em 1945. Devido às descobertas de Nag Hammadi, escreve Elaine Pagels Ph.D., professora de religião na Universidade de Princeton e renomada estudiosa do Cristianismo original, “nós começamos a ver que o que chamamos de cristianismo – e o que identificamos como sendo a tradição cristã – na realidade representa somente uma pequena seleção de fontes específicas, escolhidas dentre dezenas de outras. (…)

Por volta do ano 200 (…) o cristianismo se tornara uma instituição encabeçada por uma hierarquia em três níveis constituída de bispos, padres e diáconos, que se viam como os guardiães da única ‘fé verdadeira’. (…) Os esforços da maioria para destruir todos os vestigios de ‘blasfemia’ herética tiveram tanto êxito que, até a descoberta em Nag Hammadi, praticamente todas as informações sobre formas alternativas de cristianismo dos primeiros séculos vinham dos violentos ataques ortodoxos contra elas. (…) Se tivessem sido encontrados mil anos antes, [esses] textos quase certamente teriam sido queimados como heréticos. (…) Hoje nós os lemos com olhos diferentes, não como mera ‘loucura e blasfemia’, mas como os cristãos dos primeiros séculos devem tê-los lido – como uma vigorosaalternativa para o que conhecemos como a tradição ortodoxa cristã.” – Elaine Pagels, The Gnostic Gospels (Nova York: Vintage Books, 1981) [Os evangelbos gnósticos (Ed. Objetiva)]. (Nota da Editora).”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 75-77.

Capítulo 4: A infância e a juventude de Jesus.

Ressureição de Lázaro

“O caso de Lázaro explica-se hoje na esfera da patogenia cataléptica, motivo por que Jesus afirmou que, no futuro, outros fariam muito mais do que ele fizera. O corpo do suposto ressuscitado estava rígido, mas vivo, pois o jovem Lázaro sofria de terríveis ataques catalépticos. Houve, sim, um despertamento salvador, mas não a ressurreição de um corpo já em desintegração. Conforme diz o Novo Testamento, Jesus achegou-se a Lázaro e ordenou-lhe, num tom imperativo, que ele se levantasse. E jorrando-lhe forças magnéticas de alta vitalidade, que o desentorpeceram do choque epiléptico e da rigidez muscular, Lázaro levantou-se.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 245.

 

Homem do Sudário

“Em 1902, Yves Delage, professor de anatomia comparada na Sorbonne e agnóstico convicto, procedeu a um estudo detalhado da figura do Sudário, e ficou impressionado com as coincidências que notou com o que os Evangelhos nos relatam. Apesar do escândalo que iria suscitar, declarou que o homem do Sudário não podia ser outro senão o Jesus Cristo histórico do Novo Testamento.

(…)

A figura é a de um homem com barba, de aproximadamente 1,80 de altura. O pano foi dobrado sobre a sua fronte, passando por cima da cabeça, e colocado entre as costas e uma superfície plana, formando uma imagem que mostra simultaneamente a frente e as costas por inteiro. Calcula-se que a idade do homem se situa entre os 30 e os 35 anos. Possui boa constituição física e é musculoso – um homem habitua do ao trabalho manual.

(…)

A barba, o cabelo e os traços faciais coincidem com os verificados no grupo racial judeu ou semita, fácil de encontrar ainda hoje, sobretudo entre pastores judeus e nobres árabes.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 25-26.