Eixo persona-sombra

“O paraíso não dura para sempre, como é conhecido na Bíblia. Conforme a criança cresce, ela começa a confrontar o apego e a buscar mais liberdade. Essa fase é conhecida como a “crise dos 2 anos”, em que a criança começa a desenvolver sua própria vontade e busca por autonomia. Se ela tiver um apego seguro, vai querer explorar círculos cada vez mais amplos. Nessa fase, o tema da separação começa a dominar o processo de individuação.

Isso desencadeia um surto de desenvolvimento do ego, que instiga a separação. A criança quer seguir seu próprio caminho, determinar suas próprias escolhas e obter o que quiser, independentemente da aprovação da mãe. Ela começa a manifestar suas necessidades, como fome e sono, demonstrando o impulso inicial de se tornar um indivíduo.

À medida que o ego se desenvolve, uma divisão na psique entre a consciência e o inconsciente começa a se formar. A criança começa a apresentar duas personalidades distintas: uma doce e conformista, e outra obstinada e desobediente. Isso marca o início do desenvolvimento do eixo persona-sombra.

Nessa fase, a criança ainda mantém um forte apego à mãe, embora esse apego comece a se tornar um pouco conflituoso. A presença do pai se torna cada vez mais importante como um outro “polo” dentro da unidade parental. Ele contribui para que a criança desenvolva um relacionamento diferente com a figura materna predominante, que vai além do antigo relacionamento de dependência total.

O pai ajuda a criança a se separar da mãe e a construir uma ponte para o mundo exterior. Ele pode introduzir a criança ao mundo externo, à esfera da escola e do trabalho, e a uma realidade mais ampla relacionada à sociedade e cultura.

Caso a mãe se apegue demasiadamente, a criança terá dificuldades em adentrar o próximo estágio, em que a demanda se trata do desenvolvimento de uma persona social, a interação com estranhos e, eventualmente, na escolha de uma carreira e parceiro amoroso.

Quando uma mãe traz uma criança de 4 a 6 anos para sessões de ludoterapia ou terapia sandplay (Jogo de Areia), o terapeuta deve realizar uma entrevista inicial com a mãe para identificar se o problema está relacionado ao excesso de proteção ou controle materno, ou se é uma questão de ausência do pai na vida da criança. A partir disso, o terapeuta pode ajudar a criança a desenvolver uma sensação de autonomia e independência por meio do brincar. Dentro desse contexto, o terapeuta assume o papel do mundo exterior, que normalmente é desempenhado pelo pai, e apresenta à criança novas possibilidades de interação com o mundo. O brincar com a caixa de areia ou outros materiais lúdicos torna-se um meio seguro e estimulante de explorar o ambiente e se separar da mãe de modo gradual, favorecendo o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais importantes para a vida adulta.

O terapeuta que recebe uma pessoa que teve um apego inseguro à mãe pode ajudar essa pessoa por meio do que é chamado de experiência corretiva. Essa é uma experiência que corrige e compensa os déficits anteriores. Para esses casos, um aspecto essencial do processo terapêutico é a relação do terapeuta com o paciente. O terapeuta deve ter muito cuidado para nutrir uma presença estável e confiável para com esse tipo de paciente. Caso contrário, a insegurança assumirá este lugar, e haverá uma repetição do apego inseguro passado experimentado com a mãe. O terapeuta deve adotar uma atitude de contratransferência maternal, que é receptiva, carinhosa e paciente, evitando julgamentos ou críticas. Pode ser necessário aumentar a frequência das sessões, talvez para duas ou três vezes por semana, já que uma sessão semanal pode não ser suficiente. As sessões devem ocorrer em um ambiente seguro e estável para o paciente. A presença consistente do terapeuta é fundamental para criar uma conexão emocional profunda com o paciente e espelhar sua experiência.”

STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023. Local, 219-281.

Pilar 1

Estágio Um: Infância – A Era da mãe

 

O paraíso

“E ainda hei de dizer que, segundo vejo, o paraíso não tem por parte de Deus nenhuma porta, mas que ali entra quem ali quer entrar, porque Deus é todo misericórdia, e se volta para nós com os braços abertos para receber-nos em sua glória.”

Santa Catarina de Gênova. Tratado do Purgatório, Ed. Santa Cruz, 2019, Local: 432.

Capítulo I – Tratado do Purgatório

A alma que vai ao céu

Paradoxo da Ressurreição

“A convicção de que um homem morto retornou à vida é, com certeza, um paradoxo. Mas o paradoxo pode conter o segredo do seu poderoso apelo, pois, ao contradizer nossa própria experiência histórica, exprime a linguagem das emoções humanas. Lida com nosso maior medo e expressa nossa ânsia em suplantar a morte.

Irineu e Tertuliano enfatizam que a antecipação da ressurreição do corpo exige que fiéis levem a sério as implicações éticas de suas próprias ações.

…Contudo, a serpente era mais sábia que todos os animais do Paraíso e persuadiu Eva, dizendo: “No dia em que comer da árvore que está no meio do Paraíso, os olhos de sua mente se abrirão.”  * (Testemunho da Verdade 45.24-46.11, em NHL 411.)

*Serpente: um símbolo da sabedoria divina.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 28-29.

Capítulo: 1- A Controvérsia Sobre a Ressurreição de Cristo: Acontecimento Histórico ou Símbolo?

Expulsos do Éden

“A mente pura da criança está naturalmente centralizada no paraíso, no elevado estado de consciência do olho espiritual; porém, com o despertar do instinto sexual e com os fortes apelos dos sentidos por gratificação, a mente é expulsa das potencialidades superiores do paraíso e descende ao estado de identificação com os sentidos materiais, que permanecem absortos no mundo físico. Como resultado, “Adão e Eva” (a razão e o sentimento) são expulsos do Éden a cada nova geração de crianças que cai na armadilha da ilusão.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. II. Editora Self, 2017, pág. 381.

Capítulo 47: O humilde servidor de todos é “o maior no Reino dos Céus”.

O Rei da Glória Prendeu Satanás

“Então o rei da glória, em sua majestade, pisou a morte, e prendeu Satanás, o príncipe, e o entregou ao poder do inferno, e trouxe Adão a ele para seu próprio brilho.”

(…)

“Pois eis que agora, este Jesus pelo brilho da sua majestade faz fugir todas as trevas da morte, e quebrou as profundezas das prisões, e libertou os prisioneiros e soltou os que estavam presos.”

(…)

“E o Senhor estendeu a mão e disse: Vinde a mim, todos os meus santos, que têm minha imagem e semelhança. Vós que pela árvore e pelo diabo e pela morte foram condenados, eis agora o diabo e a morte condenados pela árvore.”

(…)

“Mas o Senhor segurando a mão de Adão o entregou a Michael o arcanjo, e todos os santos seguiram Michael o arcanjo, e ele os trouxe todos para a glória e a beleza do paraíso.”

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Segundo Nicodemos (Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro XI) – Versão Kindle, Posição 760-812.

Os Quatro Grupos de Base

“As tradições do paraíso perdido passaram de gerações a gerações, até que ficassem arquivadas nas páginas da Bíblia.”

(…)

“Aqueles seres decaídos e degradados, à maneira de suas vidas passadas no mundo distante da Capela, com o transcurso dos anos, reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do tempo, formaram desse modo o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia.”

(…)

“As quatro grandes massas de degredados formaram os pródromos de toda a organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos benefícios no seio da raça amarela e da raça negra, que já existiam.”

(…)

“Tendo ouvido a palavra do divino Mestre antes de se estabelecerem no mundo, as raças adâmicas, nos seus grupos insulados, guardaram a reminiscência das promessas do Cristo, que, por sua vez, as fortaleceu no seio das massas, enviando-lhes periodicamente os seus missionários e mensageiros. Eis por que as epopeias do Evangelho foram previstas e cantadas alguns milênios antes da vinda do sublime Emissário.”

Xavier, Francisco Cândido / Emmanuel. A Caminho da Luz. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 2016, p. 31-32.

Contemplação da Presença

“As palavras de Jesus não se dirigem apenas ao ladrão, mas a toda a humanidade, e se referem à infalível presença de Deus e à Sua morada onipresente de bem-aventurança (o “paraíso“), onde as almas virtuosas se reúnem após a morte diante de Sua Majestade Celestial e de todos os santos libertos. Ao contrário do que ocorre na Terra, onde cada indivíduo é reconhecido por sua forma, no céu as almas não veem necessariamente a Deus na forma de uma personalidade humana. Mas se tiverem suficiente bom karma, poderão contemplá-Lo como uma Luz, ou uma Voz, ou uma Presença bem- aventurada que fala através da intuição de todas as almas ali reunidas que habitam um corpo astral. De acordo com sua devoção e grau de Autorealização, as almas adiantadas que visitam o reino astral podem ver, dentre os infinitos aspectos do Pai, qualquer forma materializada de Deus que seus corações desejem. Assim como o gás invisível constituído de hidrogênio e oxigênio pode ser cristalizado em gelo, também o Espírito invisível pode cristalizar-se em uma forma pelo poder de condensação da devoção profunda.

(…)

As melhores regiões do mundo astral, onde tudo é controlado pelo poder de vontade da mente, sem dependência das forças físicas, estão livres das limitações e sofrimentos do mundo material; ainda assim, seus habitantes estão sujeitos a algumas restrições cármicas. O paraíso supremo e livre de limitações é o estado da Consciência Cósmica e da Bem-aventurança Cósmica. As almas adiantadas podem experimentar a Consciência Cósmica no mais profundo samadhi; mas é somente ao permanecer nesse estado que a alma alcança a unidade absoluta com o Espírito e jamais é compelida a reencarnar outra vez na Terra.

Depois da morte do corpo físico, a alma que não se encontra completamente liberta no Espírito retém seu visível corpo astral luminoso de 19 elementos supramentais e vitatrônicos, bem como seu invisível corpo causal composto de 35 elementos ideatrônicos. Nos três dias transcorridos entre sua crucificação e ressurreição, Jesus libertou sua alma de todos os vínculos que o prendiam à sua forma física encarnada e a seus corpos astral e causal. Quando a alma é libertada da prisão dos três corpos, imerge no Espírito e permanece invisivelmente presente na Infinitude, retendo uma individualidade formal, mas em essência unificada com o Espírito.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. III. Editora Self, 2017, pág. 403-404.

Capítulo 74: A crucificação.

Desencarnados Perdidos

“(…) Desencarnados em grande número suspiravam pelo céu, enquanto outros receavam o inferno, desajustados pela falsa educação religiosa recolhida no plano terrestre.(…)”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 16.

Círculo Como Totalidade e Queda do Paraíso

“A correspondência de um ano no Paraíso com cem anos na existência terrena é um motivo mitológico bem conhecido. A duração de cem anos significa a totalidade. Os trezentos e sessenta graus da circunferência tem o mesmo significado; razão por que os Puranas hindus representam um ano dos deuses como equivalente a trezentos e sessenta anos dos homens. Do ponto de vista dos olímpicos, era após era da história terrestre transcorre, de modo que, onde os homens veem apenas a mudança e a morte, os bem-aventurados contemplam a forma imutável, o mundo sem fim. Mas o problema reside em manter esse ponto de vista diante de uma dor ou prazer terrenos imediatos. O sabor dos frutos do conhecimento temporal afasta concentração do espírito do centro da era para a crise periférica do momento. O equilíbrio da perfeição é perdido, o espírito fraqueja e o herói cai.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 218-219.

Pai Intruso

” (…) a mãe era proteção. Mas veio o pai. Ele era o guia e iniciador para os/nos mistérios do desconhecido. Na qualidade de intruso original no paraíso da criança com a mãe, o pai é o inimigo arquetípico; eis porque, ao longo da vida, todos os inimigos simbolizam (para o inconsciente) o pai”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 150.