O escutar tem uma dimensão política

“O escutar tem uma dimensão política. Ele é uma ação, participação ativa na existência do outro e também no seu sofrimento. Só ele liga e medeia os seres humanos primeiramente em uma comunidade. Hoje, ouvimos muito, mas desaprendemos cada vez mais a habilidade de escutar outros e de dar escuta à sua fala, ao seu sofrimento. Hoje, cada um está, de algum modo, sozinho consigo, com seus sofrimentos, com suas angústias. O sofrimento é privatizado e individualizado.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 1244.

Escutar

O elo é a política

“Strauss e Kojève concordavam que o elo entre os valores universais e a realidade da vida social historicamente constituída é a política; escrevendo de dentro da modernidade pesada, tinham como ponto pacífico que a política se imbrica nas ações do Estado. E assim se seguia sem maiores discussões que o problema diante dos filósofos era o de uma simples escolha entre “pegar ou largar”: seja utilizando esse elo, a despeito de todos os riscos que uma tentativa de utilizá-lo deve necessariamente envolver, seja (em nome da pureza de pensamento) mantendo-se longe dele e cuidando da distância em relação ao poder e seus detentores. A escolha se dava, em outras palavras, entre a verdade fadada à impotência e a potência fadada a ser infiel à verdade.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 885.

Capítulo 1 | Emancipação

A teoria crítica revisitada

Distanciamento da prática política

“O problema se reduz a uma escolha entre o envolvimento político e o radical distanciamento da prática política, e ao cálculo cuidadoso dos ganhos, riscos e prejuízos potenciais de cada uma dessas posições.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 854.

Capítulo 1 | Emancipação

A teoria crítica revisitada

Condição de indivíduos

“Repito: há um grande e crescente abismo entre a condição de indivíduos de jure e suas chances de se tornar indivíduos de facto — isto é, de ganhar controle sobre seus destinos e tomar as decisões que em verdade desejam. É desse abismo que emanam os eflúvios mais venenosos que contaminam as vidas dos indivíduos contemporâneos. Esse abismo não pode ser transposto apenas por esforços individuais: não pelos meios e recursos disponíveis dentro da política-vida auto-administrada. Transpor o abismo é a tarefa da Política com P maiúsculo. Pode-se supor que o abismo em questão emergiu e cresceu precisamente por causa do esvaziamento do espaço público, e particularmente da ágora, aquele lugar intermediário, público/privado, onde a política-vida encontra a Política com P maiúsculo, onde os problemas privados são traduzidos para a linguagem das questões públicas e soluções públicas para os problemas privados são buscadas, negociadas e acordadas.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 729.

Capítulo 1 | Emancipação

O Compromisso com a teoria crítica na sociedade dos indivíduos

Predispostos à crítica

“Somos talvez mais “predispostos à crítica”, mais assertivos e intransigentes em nossas críticas, que nossos ancestrais em sua vida cotidiana, mas nossa crítica é, por assim dizer, “desdentada”, incapaz de afetar a agenda estabelecida para nossas escolhas na “política-vida”.

A liberdade sem precedentes que nossa sociedade oferece a seus membros chegou, como há tempo nos advertia Leo Strauss, e com ela também uma impotência sem precedentes.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 440-442.

Capítulo 1 | Emancipação

As casualidades e a sorte cambiantes da crítica

Princípio da territorialidade e do assentamento

“Estamos testemunhando a vingança do nomadismo contra o princípio da territorialidade e do assentamento. No estágio fluido da modernidade, a maioria assentada é dominada pela elite nômade e extraterritorial. Manter as estradas abertas para o tráfego nômade e tornar mais distantes as barreiras remanescentes tornou-se hoje o meta-propósito da política (…)”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 269.

Prefácio

Ser leve e líquido

Políticas de coletividades humanas

“Os sólidos que estão para ser lançados no cadinho e os que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas — os padrões de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas, de outro.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 136.

Prefácio

Ser leve e líquido

Reconciliação entre ser humano e natureza

“São os propósitos e os juízos humanos que destroem a continuidade do ser.

(…)
A reconciliação entre ser humano e natureza é o fim último da política da inatividade.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 395-419.

Considerações sobre a inatividade

Política

“Eu não poderia terminar este capítulo sem deplorar o maior dos inimigos da sintonia: o pensamento tribal.

O prejuízo causado pela nossa impossibilidade de conversar sobre política ou religião é uma verdadeira tragédia do mundo moderno. Quando as pessoas não estão preparadas ou dispostas a ouvir, a comunicação não acontece.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 66-67.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Sintonia.