Percepção Energética

Diário Espiritual de 14 de fevereiro de 2019

Percepção energética da Shellyana seguida de incrível percepção da acoplagem de um aparelho em meu ouvido esquerdo, antes da narrativa começar.

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Em meio aquele ambiente de instabilidades agressivas que davam conta do iminente colapso nosso planeta, adentramos o ambiente das naves, cujas proporções eram realmente colossais. Eram ao todo 8 grupos em cada transporte, com aproximadamente 200 pessoas cada. Enquanto os oficiais do agrupamento se dirigiam às salas de operação, mães aflitas socorriam seus filhos assustados, buscando dentro de si a força e a certeza de que nosso plano de escape era respaldado por amigos ocultos capazes nos abraçar e proteger, mesmo invisíveis aos nossos olhos.

Das entranhas de Zephyr, o magma abrasante era expelido violentamente até a superfície do planeta tão desprezado por nosso orgulho. Vimos nossa terra martirizada pelas inconsequências da ganância cega, que por milênios provocou em nossa ciência sem alma sua máxima potência. Nossa sociedade caminhava a passos largos na vanguarda de todos os avanços, sem que percebêssemos que o caminho que estávamos trilhando nos levaria fatalmente ao abismo de nossa ruína.

Ouvimos o início de um zunido oco e surdo. Lembro-me dos sentimentos que meu tutor me transmitira com um único olhar, num misto confuso de alívio e apreensão. A nave estava operacional e sua estrutura de navegação começava a funcionar. Sentimos o momento em que ela rompera a gravidade do planeta e passara a operar segundo seu próprio campo gravitacional.

Do amplo saguão onde a maioria de nós ainda se achava reunida, pudemos ver, através de amplas paredes do vídro metálico que a compunha, a saga da capital de nosso antigo país, agora desmantelado pelo caos.

Das janelas de nossa nave, que agora rumava aos cumes da atmosfera, nosso pequeno grupo de exilados assistia com profunda dor ao espetáculo dramático que se apresentava diante de nós. Dos oceanos de pura podridão evaporaram gases tóxicos que rapidamente dizimavam a vida orgânica sobre o solo. As placas tectônicas, desestabilizadas pela extração inconsequente e desenfreada da seiva mineral gasosa que corria no ventre de nosso orbe, agora pareciam despedaçar-se, fazendo com que cidades inteiras fossem tragadas para as profundezas de nosso arrependimento tardio. Tempestades eletromagnéticas castigavam os poucos fragmentos do continente que ainda resistiam, até que gigantescas ondas de morte invadissem os últimos refúgios de nosso povo.

Nosso grupo, reservado à parte de toda a tragédia dos atos de nossa civilização, não escapou ileso ao dia de nosso juízo. Aqueles dentre nós que eram dotados de maior sensibilidade viveram o choque de um transe compulsivo ao entrarem em contato com a psicosfera do desencarne coletivo de nossa raça. Transportados seguramente pelos Emissários a planos de existência ainda pouco compreendidos por nossa irmandade, assistiram a imensas e inumeráveis naves que no plano espiritual recebiam os espíritos de 15 bilhões de desencarnados que agora seriam encaminhados para outras esferas de existência, ajustadas à singularidade de suas necessidades evolutivas.

A saudade e a dor que nossa irmandade sentia se misturavam à uma esperança indizível e latente em nós, baseada na confiança que tínhamos nos mesmos emissários que orientaram, a partir de seus planos de existência, o nosso êxodo. Se não tivéssemos dado ouvidos aquela voz que nitidamente clamava em nossas mentes, apontando um caminho ousado, não estaríamos agora em relativa segurança a caminho de Órion. Nos sentimos pequenos diante da grandeza deste episódio. Que fizemos para merecer tal orientação? Por que fomos extraídos das entranhas de nossa raça, qual sementes pequeninas de imenso fruto já em estado de decomposição? Seríamos nós, germes capazes de garantir a continuidade da vida orgânica de nossa espécie, sendo transportadas para um mundo que pudesse abrigar nossos ideais de fraternidade e espiritualidade como eixos centrais da filosofia e da ciência e nosso povo? Seríamos nós, as sementes da regeneração?