“O bem atrai o bem, tanto no mundo visível quanto no invisível. Na sociedade humana, afinidades de caráter, de cultura, de educação, de tendências, de paixão reúnem os homens em grupos. No mundo invisível, a mesma lei se aplica.
A religião é o conjunto integral e completo de uma doutrina sagrada capaz de ser compreendida pelas massas: mesmo que tenha uma ori- gem verdadeira, profunda e científica, fala à multidão sob o disfarce de preceitos e advertências divinas. Personifica a divindade e transmite uma relativa moralidade ao progresso das massas.
Magia, sabedoria e ensinamentos sobre o que existe, síntese das leis das coisas criadas, o processo de criação em si no domínio da verdade e da natureza, esta é a chave de todas as religiões tradicionais.
Tanto o homem religioso quanto o discípulo da magia buscam conhecimento do mundo divino, o primeiro de modo passivo, aplicando preceitos religiosos, o segundo de modo ativo, tentando forçar a natureza humana a penetrar no mundo invisível, a descobrir as leis e usá-las, como queriam os mestres, para a conquista de poderes divinos.
O homem religioso pode se tornar um santo. O discípulo da magia tem de se tornar um mago ou desaparecer.
A santidade é a virtude do iniciado, não seu objetivo. O objetivo do mago é a integridade divina com suas virtudes sobre-humanas.
O santo pode chegar à graça; o mago tem de realizar ações divinas. O primeiro não precisa de ciência; o último não pode existir sem a ciência.
A santidade é alcançada; a magia é conquistada. Chaignet, em seu estudo da filosofia pitagórica, diz: “Todas as regras da vida pitagórica podem ser resumidas nesta grande máxima: primeiro se torne um homem, depois um deus; una-se em um relacio- namento íntimo com Deus, siga e imite Deus”.
KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.68-69.
Segunda Parte
Preparação