O bem atrai o bem

“O bem atrai o bem, tanto no mundo visível quanto no invisível. Na sociedade humana, afinidades de caráter, de cultura, de educação, de tendências, de paixão reúnem os homens em grupos. No mundo invisível, a mesma lei se aplica.

A religião é o conjunto integral e completo de uma doutrina sagrada capaz de ser compreendida pelas massas: mesmo que tenha uma ori- gem verdadeira, profunda e científica, fala à multidão sob o disfarce de preceitos e advertências divinas. Personifica a divindade e transmite uma relativa moralidade ao progresso das massas.

Magia, sabedoria e ensinamentos sobre o que existe, síntese das leis das coisas criadas, o processo de criação em si no domínio da verdade e da natureza, esta é a chave de todas as religiões tradicionais.

Tanto o homem religioso quanto o discípulo da magia buscam conhecimento do mundo divino, o primeiro de modo passivo, aplicando preceitos religiosos, o segundo de modo ativo, tentando forçar a natureza humana a penetrar no mundo invisível, a descobrir as leis e usá-las, como queriam os mestres, para a conquista de poderes divinos.

O homem religioso pode se tornar um santo. O discípulo da magia tem de se tornar um mago ou desaparecer.

A santidade é a virtude do iniciado, não seu objetivo. O objetivo do mago é a integridade divina com suas virtudes sobre-humanas.

O santo pode chegar à graça; o mago tem de realizar ações divinas. O primeiro não precisa de ciência; o último não pode existir sem a ciência.

A santidade é alcançada; a magia é conquistada. Chaignet, em seu estudo da filosofia pitagórica, diz: “Todas as regras da vida pitagórica podem ser resumidas nesta grande máxima: primeiro se torne um homem, depois um deus; una-se em um relacio- namento íntimo com Deus, siga e imite Deus”.

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.68-69.

Segunda Parte

Preparação

O capitalismo não é narrativo

“A religião cristã é marcadamente narrativa. Feriados como a Páscoa, o Pentecostes e o Natal são o apogeu narrativo no interior do todo da narrativa, orientando e promovendo sentido. Cada dia contém uma tensão narrativa, uma significação de toda narrativa. O próprio tempo se torna narrativo, ou seja, significativo. O capitalismo não é narrativo. Não conta nenhuma história. Apenas conta números. Tira do tempo tal significação. É profanado em tempo de trabalho. E os dias ficam todos iguais.

Peregrinos e turistas pertencem na realidade a dois regimes bem diferentes. Turistas viajam por não-lugares sem sentido, enquanto os peregrinos em lugares vinculantes que reúnem e conectam as pessoas.”

HAN, Byung-Chul.O desaparecimento dos rituais: Uma topologia do presente. Ed. Vozes, 2021, Local 645-653.

Festa e Religião

Transformação das ideias em dominação

“A grande questão, porém, é se o poder emancipatório dessas idéias pode sobreviver a seu sucesso mundano. A resposta de Adorno a tal questão recende a melancolia: “A história das antigas religiões e escolas, como a dos partidos e revoluções modernas, nos ensina que o preço da sobrevivência é o envolvimento prático, a transformação das idéias em dominação”.

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 811.

Capítulo 1 | Emancipação

A teoria crítica revisitada

Sincretismo

Mesmo empregando elementos de fontes comuns do sincretismo greco-egípcio, os autores eram livres para selecionar, assimilar, absorver e combinar o que eles julgassem mais relevante para sua vida filosófico-religiosa. Ao contrário do que se possa imaginar, os ensinamentos dos autores herméticos não eram meras repetições de dogmas religiosos ou máximas filosóficas. Eles poderiam utilizar crenças de outras religiões e pensamentos filosóficos como se pertencessem ao hermetismo, mas tendiam a purificá-los de todos os estratos que encobrissem a verdade.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 82.

Parte I- Ensaios: Aproximações e enfoques.

Capítulo 6- Aspectos Literários do Corpus Hermeticum.

No nome do Senhor conseguiam a saúde

“Gualfredúcio, um homem religioso, que temia e venerava a Deus com toda a sua família, e morava em Città della Pieve, tinha consigo uma corda que São Francisco já tinha usado em sua cintura. Acontecia que, naquela cidade, muitos homens e não poucas mulheres sofriam de várias doenças e febres. Ele ia à casa de cada um dos doentes, dava-lhes de beber água em que tinha mergulhado a corda ou alguns fiapos e assim, no nome do Senhor, todos conseguiam a saúde.”

Frei Tomás de Celano. Primeira Vida: Vida de São Francisco de Assis Escrita em 1228 D.C, Ed. Família Católica,2018, Local: 944.

PRIMEIRO LIVRO

Capítulo 21- Pregação aos pássaros e obediência das criaturas.

Política

“Eu não poderia terminar este capítulo sem deplorar o maior dos inimigos da sintonia: o pensamento tribal.

O prejuízo causado pela nossa impossibilidade de conversar sobre política ou religião é uma verdadeira tragédia do mundo moderno. Quando as pessoas não estão preparadas ou dispostas a ouvir, a comunicação não acontece.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 66-67.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Sintonia.

Instruções Secretas

Entretanto, muitos ensinamentos gnósticos sobre disciplina espiritual não foram, em princípio, escritos pois qualquer um pode ler um texto – mesmo aqueles que não são “maduros”. Os professores gnósticos, em geral, não revelavam sua instrução secreta, partilhando-a apenas verbalmente, para garantir a adequabilidade de cada candidato para recebê-la. Essa instrução requeria de cada professor a responsabilidade de conferir ao candidato uma atenção altamente selecionada e individualizada. Por sua vez, o candidato precisava devotar energia e tempo – quase sempre anos– ao processo.

Obviamente, esse  programa de disciplina, assim como os níveis mais elevados do ensinamento budista, atraía poucos adeptos. Embora os temas mais relevantes do ensinamento gnóstico como a descoberta do divino dentro de si mesmo seduzissem tantas pessoas a ponto de constituírem uma grande ameaça à doutrina católica, as perspectivas religiosas e os métodos do gnosticismo não eram voltados para a religião de massa.

(…)somente idéias não asseguram poder religioso, embora este não possa ter êxito sem elas; as estruturas sociais e políticas são igualmente importantes para identificar e unir pessoas em uma afiliação comum.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 159-160.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Poder Infinito

Essa convicção de que quem explora a experiência humana descobre simultaneamente a realidade divina- é um dos elementos que marca o gnosticismo como um movimento religioso distinto. Simão Mago, relata Hipólito, alegava que cada ser humano é uma moral, “e na qual habita um poder infinito (…) a raiz do universo” Mas, uma vez que o poder infinito existe de duas formas, uma real, a outra, potencial, então esse poder infinito “existe em uma condição latente em todos nós, porém potencialmente, não verdadeiramente”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 153.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Antítese da Igreja Institucionalizada

(…) a organização da autoridade, a participação das mulheres, o martírio: os ortodoxos reconheciam que os chamados “gnósticos” compartilhavam uma perspectiva religiosa fundamental, que consistia em uma antítese das reivindicações da igreja institucionalizada.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 138.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Implicaçoes Políticas e Sociais

“(…) questões acerca da natureza de Deus, de Cristo – possuem, ao mesmo tempo, implicaçoes políticas e sociais cruciais para o desenvolvimento do cristianismo como religião institucional. Em termos mais simples, ideias com implicações contrárias a esse desenvolvimento foram rotuladas de “hereges”; e as ideias que as sustentam de forma implícita tornaram-se “ortodoxas”.

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. XI-XII.

Capítulo: Introdução.