Sentimento de vazio

“Justamente a falta de sentimento de ser é responsável pelo autoflagelo. A fenda não é apenas um ritual de autopunição pela própria insuficiência, típica para a atual sociedade do desempenho e da otimização, mas também um grito por amor.

O sentimento de vazio é um sintoma fundamental da depressão e do distúrbio de personalidade borderline. Os borderlines frequentemente não estão em condições de sentir a si mesmos. Apenas pela fenda eles sentem alguma coisa. O sujeito de desempenho depressivo está pesadamente carregado consigo mesmo. Ele está cansado de si mesmo. Completamente incapaz de sair de si próprio, ele se aferra a si mesmo; o que, paradoxalmente, leva ao esvaziamento e à erosão do si. Encapsulado, preso em si mesmo, ele perde toda referência ao outro. Eu me toco, me percebo, porém, apenas por meio do toque do outro. O outro é constitutivo para a formação de um si estável.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 388-391.

Terror da autenticidade

Deus não é inativo

“Pois Deus não é inativo, visto que todas as coisas seriam inativas. Pois todas as coisas estão cheias de Deus. E nem no mundo existe inação em nenhum lugar, nem em alguma outra coisa; pois inação é um nome vazio, tanto do que faz como do que vem a ser, e é necessário que todas as coisas sempre venham a ser e de acordo com o momento de cada lugar.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 199.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus XI

Razão da existência

“(…)pois é aquilo no interior do corpo que move o inamado

(…) Nenhum dos seres é vazio em razão da existência, to ente não poderia ser ente se não fosse cheio da existência, pois o existente nunca pode vir a ser vazio.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 137.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus II

O vazio

“O vazio não significa que não haja nada na sala. Ele é uma intensidade, uma presença intensiva. É uma manifestação espacial de silêncio. Vazio e silêncio são irmãos. O silêncio também não significa que nenhum som possa ser ouvido. Alguns sons podem até enfatizá-lo. O silêncio é uma forma intensiva de atenção.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1442.

Um excurso sobre o Jukebox

Vazio do sentido

“Hoje, não nos encontramos apenas em uma crise econômica ou pandêmica, mas também em uma crise narrativa. Narrativas promovem sentido e identidade. Desse modo, a crise narrativa leva ao vazio do sentido, à crise de identidade e à falta de orientação.”

HAN, Byung-Chul. Infocracia: Digitalização e a crise da democracia. Ed. Vozes, 2022, Local 859.

A crise da verdade

Viva o Vazio!

“(…) Não podemos escrever um livro sem uma folha de papel vazia, quando nossa agenda está vazia podemos fazer qualquer coisa que queiramos. Viva o vazio! Vacuidade significa possibilidade. Vacuidade permite que haja mais espaço -na verdade, que haja espaço ilimitado para que as coisas surjam. Mas não apenas permite que elas surjam; a vacuidade descreve sua própria natureza. Entender a natureza da vacuidade significa conhecer a natureza da ausência de fronteiras das coisas. Vacuidade é só outra maneira de dizer que podemos conhecer as coisas sem objetificá-las. Paradoxalmente, não podemos sequer falar em ter uma experiência plena sem vacuidade. Pense nisso.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 84.

A Palavra V

“É preciso trabalhar com muitas palavras novas para expressar a experiência inefável do Caminho do Meio: qualidade da ausência de fronteiras das coisas, qualidade da ausência de “coisa” na coisa ou incoisitude, qualidade de não ser encontrável… são muitas expressões novas. Mas todas apontam para um termo mais tradicional, e este parece ainda mais desafiador para a maior parte das pessoas: vacuidade, também conhecida como a palavra “V” entre budistas.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 83.

Mistérios Profundos

“A partir do vazio que se encontra além de todos os vazios, desenvolvem-se as emanações que, semelhantes a plantas e misteriosas,sustentam o mundo. (…) Uma tal série sugere a profundidade além da profundidade do mistério do ser (…) eles enumeram os estratos espirituais conhecidos pela mente introvertida na meditação. Representam o fato de a noite escura da alma não ter fim.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 267.

Inefável

“Como representar, numa superfície bidimensional, ou numa imagem tridimensional, um sentido multidimensional? Como expressar, em termos de “sim” ou “não”, revelações que conduzem a falta de sentido toda tentativa de definir pares de opostos? Como comunicar, a pessoas que insistem na evidência exclusiva dos próprios sentidos, a mensagem do vazio gerador de todas as coisas?”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 215.

Crescimento Espiritual

“A agonia da ultrapassagem das limitações pessoais é a agonia do crescimento espiritual.  A arte, a literatura, o mito, o culto, a filosofia e as disciplinas ascéticas são instrumentos destinados a auxiliar o indivíduo a ultrapassar os horizontes que o limitam e a alcançar esferas de percepção em permanente crescimento. (…) Por fim, a mente quebra a esfera limitadora do cosmo e alcança uma percepção que transcende todas as experiências da forma – todos os simbolismos todas as divindades:  a percepção do vazio inelutável.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 177-178.