“Em 1931, depois de quatro anos, o apêndice em forma de torre foi reconstruído e tornou-se uma verdadeira torre. Nesta segunda construção reservei um aposento exclusivamente para mim. Lembrei-me das casas hindus, nas quais existe quase sempre um aposento (ainda que apenas um canto de quarto, isolado por uma cortina), lugar de retiro em que se medita cerca de meia hora ou 15 minutos, e onde se praticam exercícios de ioga.
Nesse espaço fechado vivo só comigo mesmo. Guardo a chave e ninguém pode entrar lá sem a minha permissão. No correr dos anos pintei as paredes desse quarto, exprimindo tudo o que me conduz da agitação do mundo à solidão, do presente ao intemporal. É um recanto da reflexão e da imaginação; as fantasias são muitas vezes desagradáveis e os pensamentos, árduos: é um lugar de concentração espiritual.
Nota pessoal: Torre de Bollingen
Desde o início, a torre foi para mim um lugar de amadurecimento — um seio materno ou uma forma materna na qual podia ser de novo como sou, como era, e como serei.”
JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 4111-4128.
A torre