Totalidade do tempo

“Tenho ainda uma lembrança precisa: no início, na época do jardim das romãs, pedia à irmã que me perdoasse caso sofresse algum dano; havia tal sacralidade no quarto que lhe poderia ser prejudicial. Naturalmente ela não compreendia. Para mim a presença do sagrado criava uma atmosfera mágica, no entanto, eu temia que fosse insuportável para outra. Era por esse motivo que me desculpava; pois nada podia fazer para evitá-lo. Foi então que compreendi por que dizem que um quarto recende a “odor de santidade”. Era isso! Havia no espaço um pneuma de inefável santidade, do qual o mysterium coniunctionis era a manifestação. Nunca pensei que se pudesse viver uma tal experiência, e que uma beatitude contínua fosse possível. Essas visões e esses acontecimentos eram perfeitamente reais. Nada havia de artificialmente forçado; pelo contrário, tudo era de extrema objetividade. Teme-se usar a expressão “eterno”; não posso, entretanto, descrever o que vivi senão como a beatitude de um estado intemporal, no qual presente, passado e futuro são um só. Tudo o que ocorre no tempo concentrava-se numa totalidade objetiva. Nada estava cindido no tempo nem podia ser medido por conceitos temporais.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 5339.

Visões

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