“O mundo dos deuses se torna manifesto na espiritualidade e na sexualidade. Os celestes aparecem na espiritualidade, os terrestres na sexualidade. A espiritualidade concebe e acalenta. É feminina e por isso a chamamos de MATER COELESTIS, a mãe celeste. A sexualidade gera e cria. Masculina, a chamamos de PHALLOS, o pai terrestre. A sexualidade do homem é mais da terra; a da mulher, mais espiritual. A espiritualidade do homem é mais do céu, vai para o mais vasto. A da mulher, mais da terra, vai para o mais ínfimo.
O homem é fraco, portanto a comunhão é indispensável. Se vossa comunhão não estiver sob o signo da Mãe, então está sob o signo de Phallos. Nenhuma comunhão é sofrimento e doença. A comunhão em tudo é desmembramento e dissolução. A individualidade leva ao isolamento. O isolamento se opõe à comunhão. Mas por causa da fraqueza do homem contra os deuses e os demônios e sua lei invencível, a comunhão é necessária.
Na comunhão, que cada homem se submeta aos demais, para que seja mantida; pois precisais dela. No isolamento, um homem será superior aos demais, para que todos possam vir a ele e evitar a escravidão. Na comunhão haverá continência. No isolamento, prodigalidade. Comunhão é profundeza. Isolamento é elevação. A medida certa na comunhão purifica e preserva. No isolamento, purifica e aumenta. A comunhão nos dá calor; o isolamento, luz.”
JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 7117-7144.
Septem Sermones Ad Mortuos