“O sol é um aspecto da consciência, sendo um fenômeno parcialmente ligado ao ego e parcialmente ao Si-mesmo. (…) Em Mysterium Coniunctionis, Jung descreve o sol como uma imagem da divindade espiritual, isto é, o Eu por um lado e um aspecto do ego pelo outro.
O ego é idêntico ao Si-mesmo na medida em que é o instrumento de autorrealização para o Si-mesmo. Somente um ego presunçoso e egoísta está em em oposição ao Si-mesmo. Em sua função legítima, o ego é a luz nas trevas do inconsciente e, em alguns aspectos, idêntico ao Si-mesmo.
O ego de uma pessoa individuada, por exemplo, seria uma manifestação do Si-mesmo, estaria aberto ao inconsciente. Esse ego manifesta o Si-mesmo ao assumir uma dupla atitude em relação ao inconsciente e, ao estar constante e humildemente aberto ao inconsciente, oferece uma base de realização para o Si-mesmo. Deus necessita do nosso pobre coração, disse Angelus Silesius, a fim de ser real.
(…) o Sol niger seria o aspecto sombrio, escuro, da consciência. Assim, o deus Sol na mitologia tem frequentemente um aspecto oculto e destrutivo. Apolo, por exemplo, é o deus dos ratos e dos lobos. O aspecto negativo do sol é especialmente compreendido nos países quentes, onde o sol ardente do meio-dia destrói todas as plantas. Nos países quentes, os espectros saem ao meio-dia e, na Bíblia, por exemplo, há o demônio do meio-dia. O lado escuro ou sombrio do sol é demoníaco.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 257-260.
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