“Mas que papel é desempenhado pelo inconsciente? O inconsciente parece fornecer modelos a que se pode chegar diretamente a partir do interior, sem observar os fatos exteriores, modelos que, depois, parecem ajustar-se à realidade exterior.
Isso é um milagre ou não? Há duas explicações possíveis: ou o inconsciente tem conhecimento de outras realidades, ou o que chamamos de inconsciente é uma parte da mesma coisa que constitui a realidade exterior, pois ignoramos como o inconsciente está ligado à matéria. Se uma ideia maravilhosa sobre como explicar a gravitação me ocorre a partir do meu íntimo, poderei afirmar que o inconsciente não material me está fornecendo uma ideia maravilhosa acerca da realidade material, ou deverei dizer que o inconsciente me dá essa ideia maravilhosa sobre a realidade exterior porque ele próprio está ligado à matéria, é um fenômeno da matéria e a matéria conhece a matéria?
(…) podemos apenas especular ou formular uma hipótese que o inconsciente tem provavelmente um aspecto material, o que explicaria por que ele conhece tudo sobre a matéria: porque é matéria, é matéria que se conhece a si mesma, por assim dizer. Se assim fosse, então haveria um tênue ou vago fenômeno de consciência, até na matéria inorgânica.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 61-63.
1a Palestra | Introdução