“Na alquimia, o etíope é frequentemente o símbolo do nigredo e é óbvio o que isso significava em linguagem psicológica, porque não é muito diferente da forma como os negros ainda se apresentam hoje em dia no material inconsciente de pessoas brancas, isto é, o homem natural, primitivo, em sua totalidade ambigua. O homem natural em nós é o homem genuíno, mas também o homem que não cabe em padrões convencionais, e que, em parte, é impelido por seus instintos.
(…) Jung também descreveu em Psicologia e Alquimia como um dos grandes temas mitológicos do pensamento alquímico, ou seja, a ideia de que a alma divina, ou a Sabedoria de Deus, ou a anima mundi uma espécie de figura feminina se separa do homem original, o Adão original, e entra na matéria, quando então tem de ser resgatada.
Jung explica que isso representa o que acontece quando alguma coisa é projetada, ou seja, que há a ideia arquetípica do homem divino, ou da Divindade feminina, e esse arquétipo é projetado na matéria, o que realmente significa que a imagem cai na matéria. Tais mitos ampliam o que o alquimista não conhecia conscientemente, ou só em parte que, de fato, eles estavam buscando o inconsciente, ou a imagem da Divindade feminina, ou investigando a experiência do homem divino na matéria. Isso era o que eles procuravam, como tentei explicar com o texto alquímico grego.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 346-347.
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