“O fogo, geralmente, representa emoção e paixão que tanto pode nos queimar como nos iluminar. Os sacrifícios, as oferendas, são queimados a fim de dissolver a parte física de tal forma que o essencial ou a imagem possa subir aos deuses pela fumaça.
(…) A paixão obriga o indivíduo a sacrificar uma atitude muito independente e muito intelectual e torna o indivíduo capaz de conferir uma realidade concreta ao espírito. Quando se suporta o sofrimento de uma paixão, o espírito não é mais uma ideia, mas é experienciado como uma realidade psíquica.
Na alquimia, o fogo simboliza, frequentemente, a participação do indivíduo no trabalho e é equivalente à paixão que o indivíduo coloca nos diferentes estágios do processo alquímico.
O crânio diz à menina que ela precisa tapar seus olhos e não olhar de jeito nenhum para a queima. Aqui também aparece o tema do perigo de uma iluminação prematura. Não se pode querer saber intelectualmente tudo o que ocorre na psique nem querer definir e categorizar a qualquer custo todos os acontecimentos interiores; é preciso dobrar a própria curiosidade e simplesmente esperar. Somente uma pessoa forte é capaz de controlar a própria impaciência e deixar o jogo se desenrolar sem olhar; por outro lado, uma consciência mais fraca quer ler o sonho interpretado imediatamente, pois teme a incerteza e a obscuridade da situação.”
FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág.230-231.
7. Sombra, anima e animus nos contos de fada