A histeria

“A histeria, que nada mais é do que uma caricatura dos mecanismos psicológicos normais, fornece exemplos ainda mais drásticos nesta linha. Tratei recentemente de uma paciente histérica cujo trauma principal era que seu pai a espancara de forma brutal. Ao darmos um passeio, aconteceu que seu casaco caiu no chão empoeirado. Apanhei-o do chão e quis tirar a poeira batendo nele com a bengala. Mal havia começado este processo, quando a dama voou para cima de mim com os gestos mais violentos de defesa e me arrancou o casaco das mãos. Disse que não podia ver isso. Que lhe era insuportável. Eu já suspeitava da conexão e perguntei pelos motivos. Admirou-se muito e só conseguiu dizer que para ela era extremamente desagradável ver seu casaco sendo tratado assim. Estas ações sintomáticas, como Freud as chama, são frequentes entre os histéricos. A explicação é simples. Um complexo de memória, com carga emocional, e que momentaneamente na consciência, enseja certas ações a partir de seu lugar invisível, exatamente como se estivesse presente na consciência.

Pode-se dizer que nossa consciência está cheia desses intrusos qua se estranhos cuja identidade é difícil de provar. Cada dia entram cente nas de associações no círculo iluminado da consciência, e nós perguntaremos em vão por maiores informações sobre sua origem. Devemos lembrar-nos sempre de que a consciência só é uma parte da psique. Talvez a maior parte dos elementos psíquicos seja inconsciente.

A consciência encontra-se, portanto, numa posição bastante precária diante dos movimentos automáticos do inconsciente, independentes de nossa vontade.”

O inconsciente premedita todos os novos pensamentos e combinações. E quando a consciência se aproxima do inconsciente com um desejo, foi o inconsciente que previamente lhe inspirou este desejo.

É neste solo traiçoeiro que se movimenta todo aquele que procura novos caminhos espirituais. Ai dele se não exercitar constantemente a autocrítica!”

“Como diz Lombroso, existem malucos com genialidade e gênios com maluquices. Um dos sinais mais comuns e gerais da degeneração é a histeria, a falta de autocontrole e autocrítica.”

JUNG, C.G. Estudos Psiquiatricos. OC, vol.1. Petrópolis: Vozes. 2013. Pág 111-112.

Páragrafo 170-174

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