Missões de Amor ao Desequilíbrio

“(…) A mente é o soldado em luta. Ganhando denodadamente o combate em que se empenhou, tão logo seja conduzida às aferições da morte sobe verticalmente para a vanguarda, na direção da Esfera Superior, expressando-se-lhe o triunfo por elevação de nível. Entretanto, se fracassa, e semelhante perda é quase sempre a resultante da incúria ou da rebeldia, volta horizontalmente, nos acertos da morte, para a retaguarda, onde se confunde com os desajustados de toda espécie, para indeterminado período de tratamento.

(…)

– Decerto, as legiões vitoriosas não se esquecem dos que permaneceram no desequilíbrio e daí vemos as missões de amor e renúncia, funcionando diligentes onde estacionam a desarmonia e a dor.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 25.

Ideias Fixas

“– Sinceramente, por mais me esforce, grande é a minha dificuldade
para penetrar os enigmas da cristalização do Espírito em torno de certas situações e sentimentos. Como pode a mente deter-se em determinadas impressões, demorando-se nelas, como se o tempo para ela não caminhasse? Tomemos, por exemplo, o drama de nosso infortunado companheiro, há séculos imobilizado nas ideias de vingança… Estará nessa posição lamentável, por tantos anos, sem ter reencarnado?

(…)

– É imprescindível compreender que, depois da morte no corpo físico, prosseguimos desenvolvendo os pensamentos que cultivávamos na experiência carnal. E não podemos esquecer que a Lei traça princípios universais que não podemos trair. Subordinados à evolução, como avançar sem lhe acatarmos a ordem de harmonia e progresso? A ideia fixa pode operar a indefinida estagnação da vida mental no tempo.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 25.

O Serviço do Bem

“(…) O progresso é obra de cooperação. Consagrando-se à disciplina e ao estudo, à meditação e à prece, ele se renovará mentalmente, apressando a própria cura, depois da qual poderá cooperar em trabalhos mediúnicos dos mais proveitosos. Todo esforço digno, por mínimo que seja, recebe invariavelmente da vida a melhor resposta.

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

Assimilação Mental

“(…)Os pensamentos daqueles que partilham o mesmo teto agem e reagem uns sobre os outros, de modo particular, através de incessantes correntes de assimilação. A influência dos encarnados entre si é habitualmente muito maior que se imagina. Muita vez, na existência carnal, os obsessores que nos espezinham estão conosco, respirando, reencarnados, o mesmo ambiente. Do mesmo modo há protetores que nos ajudam e elevam e que igualmente participam de nossas experiências de cada dia. É imprescindível compreender que, em toda a parte, acima de tudo, vivemos em espírito.
O intercâmbio de alma para alma, entre pais e filhos, cônjuges
e irmãos, afeiçoados e companheiros, simpatias e desafeições,
no templo familiar ou nas instituições de serviço em que nos agrupamos, é, em razão disso, a bem dizer, obrigatório e constante. Sem perceber, consumimos ideias e forças uns dos outros.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

Serviço em Momento de Descanso do Corpo

“Uma jovem, de fisionomia nobre e calma, penetrou o quarto em Espírito, passou rente a nós sem notar-nos e, reanimando Américo, retirou-o para fora.

(…)

É Laura, a filha generosa, que ainda mesmo durante o sono físico não se descuida de amparar o genitor doente.

(…)

Quando o corpo terrestre descansa, nem sempre as almas repousam. Na maioria das ocasiões, seguem o impulso que lhes é próprio. Quem se dedica ao bem, de um modo geral continua trabalhando na sementeira e na seara do amor, e quem se emaranha no mal costuma prolongar no sono físico os pesadelos em que se enreda…

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

Não Existem Vítimas

“– Indubitavelmente, a expiação do grupo doméstico sob nossa vista é rude e dolorosa… Em passado próximo, o paralítico de hoje era o dirigente de pequeno bando de malfeitores. Extremamente ambicioso, asilou-se num sítio, onde se transformou em perseguidor de viajantes desprevenidos, dedicando-se ao furto e à vadiagem… Conseguiu convencer quatro amigos a acompanhá-lo nas aventuras delituosas a que se entregou pela cobiça tiranizante, comprometendo-lhes a vida moral, e esses quatro companheiros são hoje os filhos que lhe recebem nova orientação, crivando-o de preocupações e desgostos. Desviou-os do caminho reto, agora busca recuperá-los para a estrada justa, achando-se, ele mesmo, em penosas inibições…”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

Família em Luta Expiatória

“– Achamo-nos à frente de pai e filho. Júlio, o genitor de Américo, foi acometido, faz muitos anos, de paralisia das pernas, vivendo assim amarrado à cama, onde ainda se esforça pela subsistência dos seus, em trabalhos leves. Entregue à provação e à soledade, começou a ler e a refletir com segurança. Apreendeu a verdade da reencarnação, encontrou consolo e esperança nos ensinamentos do Espiritismo e, com isso, tem sabido marchar com resignação e fortaleza nos dias ásperos que vem atravessando…

(…)

Sustentado pelo devotamento heroico da esposa, trouxe ao mundo cinco filhos, dos quais uma jovem que lhe foi abençoada irmã noutra vida terrestre, e os demais, inclusive Américo, são quatro rapazes de trato muito difícil. Márcio, que já conhecemos, é cliente da embriaguez, Guilherme e Benício estão consumindo a mocidade em extravagâncias noturnas, Laura que é abnegada companheira dos pais, e o nosso Américo, o primogênito, que ainda está longe de recuperar o equilíbrio completo…”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

Nova Chance de Aprendizado

“– Nosso amigo em reajuste, antes da presente imersão na carne, vagueou, por muitos anos, em desolada região de trevas. Aí foi vítima de hipnotizadores cruéis com os quais esteve na mais estreita sintonia, em razão da delinquência viciosa a que se dedicara no mundo. Sofreu intensamente e voltou à Terra, trazendo certas deficiências no organismo perispiritual. É um histérico, segundo a justa acepção da palavra. Acolhido pelo heroísmo de um coração materno e por um pai que lhe foi associado de insânia, hoje também na travessia de amargosas provas, vem procurando a própria recuperação. Aos sete anos da nova experiência terrena, quando se lhe firmou a reencarnação, sentiu-se tomado pela desarmonia trazida do mundo espiritual e, desde então, vem lutando no laborioso processo regenerativo a que se impôs.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

A Dor Para o Aprendizado

“– O enigma de nosso irmão – elucidou o Assistente – é de natureza mental, considerando-se-lhe a origem pura e simples, mas está radicado à sensibilização psíquica, tanto quanto as ocorrências de ordem mediúnica.

– (…) poderemos considerá-lo médium?

De imediato, não. Presentemente, é um enfermo que reclama cuidado assistencial, no entanto, sanada a desarmonia de que ainda é portador, poderá cultivar preciosas faculdades medianímicas, porque a moléstia, nesses casos, é fator importante de experiência. A dor em nossa vida íntima é assim como o arado na terra inculta. Rasgando e ferindo, oferece os melhores recursos à produção.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.

Tortura por Ligações Passadas

Findo o acidente paroxístico, notamo-lo suarento e desmemoriado, qual se fora surdo às preces que Raul Silva pronunciava, implorando o socorro divino em seu favor.

(…)

Abeirava-se a reunião da fase de encerramento, contudo, o rapaz que nos tomara, por último, a atenção, prosseguia apático, melancólico.

Registrávamos a esperança e o encorajamento, em variados tons, em todos os presentes, menos nele, que denotava tortura e introversão.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 24.