“(…) de acordo com reflexões antropológicas pode-se admitir que a humanidade viveu originalmente em pequenos grupos tribais de cerca de vinte a trinta pessoas, entre as quais havia normalmente dois ou três introvertidos superdotados que tinham experiências interiores pessoais e eram os guias espirituais, enquanto os vigorosos caçadores ou combatentes eram os guias terrenos. Nesse caso, há material sobre as experiências interiores imediatas e a escassa tradição.
(…) há ainda os fenômenos de encontro imediato de indivíduos com o inconsciente nas experiências organizadas de iniciação de certos povos. Por exemplo, em muitas tribos de índios norte-americanos, parte da iniciação de um jovem feiticeiro consiste em ir para o pico de uma montanha, ou para um deserto, depois de jejuar e às vezes também de ingerir drogas, e aí aguardar uma visão ou alucinação ou experiência, que depois relatará ao seu Mestre, seu Iniciador.
(…) Naturalmente, em todos os sistemas religiosos existem seitas que tendem a revivificar experiências imediatas. Sempre que uma religião parece estar excessivamente codificada, forma-se normalmente uma seita compensatória para revivificar experiências individuais, e isso explica tantas cisões.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 30-32.
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