O Eremita

“Correspondência Astrológica: Virgem

O Eremita significa estar sozinho. Seja por escolha a ou circunstância, uma pessoa atravessa um período de completa solidão física ou emocional.

As pessoas às vezes fazem uma distinção entre estar sozinho” e “estar isolado”, Presumivelmente, escolhemos o primeiro e sofremos o segundo (…) Quase todo mundo em um relacionamento longo gosta de momentos ocasionais em que seu parceiro se afasta por um período e, assim, tem-se a liberdade de se fazer o que quiser, desde fazer barulho, comer coisas que o parceiro ou parceira odeia ou simplesmente redescobrir quem se é fora do relacionamento.

O Eremita seria então isso, um xmã em busca de uma visão? Como ele segura uma lanterna, podemos dizer que encontrou sua visão e agora usa seu conhecimento para iluminar o caminho para outras pessoas.

Em nossa cultura, as pessoas às vezes acessam o Eremita através da terapia. Nela, não raro uma pessoa paciente separa-se das preocupações darias normais pelo menos por uma ou duas horas por semana para buscar seu verdadeiro eu.

Um modelo mais antigo para essas experiências era a iniciação. Novamente o Eremita pode revelar um candidato à iniciação que abandonou a sociedade normal ou o professor/mestre/guru que o guiou em seu caminho até ali. Tanto o Hierofante quanto o Eremita representam professores. O Hierofante dirige o aprendizado que todos podemos encontrar em doutrinas, livros e cerimônias. Por sua vez, o Eremita revela mistérios que devemos vivenciar diretamente. 

(…) Waite projetou a versão Rider de modo que o utensílio ficasse aberto, a fim de que vissemos a luz na forma de uma estrela de seis pontas. Nessa versão, O Eremita não guarda a luz apenas para si mesmo, mas também para os outros.

Em Meditações sobre o Tarô, O Eremita é evocado como aquele que nos con duz ou nos inspira, e é visto em termos arquetipicos. “É o venerável e misterioso Eremita, o mestre dos mais intimos e queridos sonhos da juventude, além de constituir o mestre dos sonhos de todos os jovens de todos os países que buscam a porta estreita e o caminho difícil que parte da terra em dire ção ao divino. Dê-me o nome de um pais ou de uma época para a qual a ju ventude… não teve sua imaginação assombrada pela figura de um paí sábio e bom, de um mestre espiritual, de um eremita.”

O Eremita acende uma luz para nós, mas apenas se subirmos alto o suficiente para encontrá-lo. Isso, porque ele mora no topo de uma montanha, e precisamos do empenho e da coragem da Força – carta 8 – para chegar a un nível em que possamos vislumbrar a lanterna do Eremita – carta 9.

Há uma velha piada sufi que fala dessas questões e da relação do Louco como Eremita. Um homem andando pela rua na antiga Bagdá vê Nasrudin, Louco de muitas dessas histórias, vasculhando o chão embaixo de um poste de luz. Questionado sobre o que está fazendo, Nasrudin responde: “Perdi minhas chaves e preciso delas para entrar em casa”. (Lembre-se de que mui tas pessoas descrevem as cartas do tarot como “chaves”, e então pense no que uma casa trancada pode simbolizar.)

Abaixando-se para ajudar, o transeunte diz: “Onde exatamente você as deixou?”.

“Na próxima rua”, responde Nasrudin.

A próxima rua? Então por que você está procurando aqui?”

E que aqui a luz é melhor.”

Talvez O Eremita nos diga que antes que possamos procurar as chaves, precisamos escalar através da escuridão em direção à luz genuina.

A lanterna acesa significa a luz da mente, que deve iluminar o passado,
presente e o futuro. (…) O bastão simboliza o apoio dado pela Prudência ao homem que não revela seu propósito. 

Eremita ou Profeta (…)

Nos títulos míticos, ele compõe com o Hierofante e o Mago uma espécie de trindade mágica (…) busca da verdade.

Paul Christian chama O Eremita de “Prudencia”, uma ideia seguida por Mathers e Waite. A Prudencia assim como a Fortitude da Força- é uma das virtudes cardeais. (…) maturidade.

Se considerarmos que A Roda da Fortuna vem em seguida como carta de número 10, e alguns a veem como significando a virada de ano, então a dimensão da velhice se torna mais significativa. (…) planeta Saturno.

(…) devemos pensar no Eremita como parte de uma série de imagens que levam à carta da Morte. Ele simboliza terminações através do número save, o último digito. Mas nove também é o número da nova vida, apontando aos nove meses da gravidez que resulta em nascimento.

Na segunda triade, O Eremita fica entre A Sacerdotisa que está acima dele e A Torre que está abaixo. Ele mantém todas as coisas protegidas, silen- ciosas, indefinidas. A Torre explode tudo e expõe tudo, destruindo divisões e destroçando categorias. 

(…) os Sacerdotes ou Padres do Deserto do cristianismo primitivo. A palavra “eremita” vem de um termo grego que significa “aquele que vive no deserto”, pois é exatamente onde esses primeiros monges estabeleceram seus retiros.

O abade Lot foi ao abade Joseph e disse:

“Pai, conforme posso, mantenho minhas pequenas rotinas, meu pequeno jejum, minha oração, minha meditação e meu contemplativo silêncio. E de acordo com o que está ao meu alcance, me esforço para limpar meu coração de qualquer pensamento. O que mais devo fazer?”

O ancião levantou-se em resposta e estendeu as mãos para o céu, e seus dedos se tornaram como dez lampadas de fogo. E disse: “Por que não ser transmutado em puro fogo?”

A menos que mantenhamos a luz do amor e da paixão, todas as nossas tentativas de conhecimento, meditação ou verdade sagrada tornam-se uma lanterna que não emite nenhuma luz, nenhum calor, estando apenas no to po da montanha solitária. Devemos nos tornar essas imagens, nos transfor mar em puro fogo.

Na versão da Golden Dawn mostrada aqui, O Eremita está no c´írculo da cobra ouroboros, aquela que devora a própria cauda e que simboliza, entre outras coisas, a própria eternidade.

O segundo significado mais importante é o arquétipo do Velho Sábio – um professor, um mentor, um terapeuta ou um líder espiritual.

O Eremita pode significar também maturidade e a sabedoria que vem com a idade (…) ambas as cartas mostram aspectos de Hermes.

(…) a necessidade de encontrar seu próprio caminho.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.151-159.

Compreensão de símbolos

“Quando a educação do discípulo de magia não é iniciada ou concluída por um mestre, ela deve estar baseada na compreensão de símbolos e da ciência explicados acima (…) Ela deve seguir tendências para a unidade no discípulo: isto é, seguir a síntese de suas aspirações e de sua potencialidade.

Comece do germe espiritual e estabeleça um objetivo fixo e imutá- vel; pense que você tem de alcançar esse objetivo, qualquer que seja, desde que seja honesto e ético.

Para estudar minuciosamente os meios para educar sua vontade, nunca mude seu objetivo. Você pode escolhê-lo livremente mas, uma vez feita a opção, jamais se afaste da meta.

(…)

Se você entendeu o primeiro aforismo, estude o germe. Eduque a si mesmo para sondar as profundezas desconhecidas do seu espírito para o sopro, que provocará a sua transformação – e a Luz aparecerá para você.

(…)não se engane; as palavras mudam como os humores das pessoas; curve-se apenas diante da verdade, seja qual for o nome dado a ela, seja lá como esti- ver sendo chamada; a verdade é uma só.

(…)

O mundo é a matéria, as sensações da matéria, a ilusão do eflúvio material, a sociedade humana espiritualmente não redimida, orgulho, ambição, satisfação dos desejos carnais. Este mundo do sacer dócio egípcio foi chamado na Idade Média de mundo sublunar, isto é, variável ou mutável como a Lua; só pode haver concepção imaculada se o mundo sublunar ou a Lua forem colocados sob os pés. Então, o mundo está dentro de nós: é aquela parte de nós que sente com mais força o eflúvio terrestre, é a parte mais terrena, mais socialmente brutal do Homo sapiens.

O homem corresponde à sensibilidade de segundo grau do indivíduo pensante. Além da sensibilidade física em indivíduos desenvolvidos os pretensamente civilizados, uma sensibilidade hiperfísica torna-se evidente. No indivíduo pensante, o homem se manifesta ape- nas como mentalidade humana, ativa na sociedade.

Tomás de Kempis diz:”Tenta, portanto, afastar teu coração das coi- sas visíveis de modo a desviar todos os teus sentimentos para o invisível”.

Homem: razão, vontade, inspiração.

(…)

O ovo ou germe deve ser entendido como a mais profunda raiz da alma conhecida pelo homem; em outras palavras, é o Jesus Cristo de Tomás de Kempis, isto é, o princípio mais elevado e puramente divino existente no homem.

A vida iniciática ou mágica ativa é o caminho mais curto, isto é, o mais rápido. Mas, na natureza, tudo é evolução e tudo avança por graus; celeridade não significa a supressão de estágios intermediários, mas sim a condensação de períodos. Consequentemente, maiores são as dores, mais sangrentas as feridas e muito mais afiada a coroa de espinhos.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.214-218.

Terceira Parte

Os Aforismos

A ação é mágica e é ciência

(…) Secretum Secretorum.

O pensamento é fé e é religioso.

A ação é mágica e é ciência.

Considere como verdade, e viva de acordo com essa verdade, apenas aquilo que as suas observações e a sua experiência provarem ser bom para sua saúde, seu bem-estar a para bem-estar de outros como você. A ciência hierática, estou dizendo, foi e é considerada pelos homens comuns como uma ilusão ou uma fé, embora para o iniciado ela nunca deva deixar de ser consciência. A fé cega está se apossando das massas e faz parte da religião do profano. Por outro lado, a fé como resultado de nossa própria pesquisa, depois que a pesquisa provou sua verdade, é ciência hierática e consciência sacerdotal.

Nunca digas “Magister dixit” [assim falou o Mestre), porque neste caso terás fé na ciência dele, mas não consciência, e teu dever ao se tornar um iniciado é conquistar e possuir consciência por meio de uma obra ativa, sob orientação do iniciador.

O homem que pensa, aspira, como o crente cristão que recita o Pai Nosso, pela vinda do reino do Pai.

O homem que pratica, realiza, como o Pai, a obra do reino.

Se quer de fato tornar-se um estudante de magia, meu leitor deve começar praticando (isto é, agindo) e, antes de agir, deve se educar e, antes de se educar, deve compreender.

Assim, compreender, educar-se, agir: aqui estão os três pilares para as primeiras primeiras práticas de magia.

(…)

O silêncio subjetivo, ou a ausência de fala, coloca o indivíduo fora de qualquer estagnação artificial de criações autónomas.

As palavras que pronunciamos são a confirmação de nossas próprias ideias, materializadas repetidas vezes por meio de sons articulados. Pessoas que falam muito condensam conceitos que elas ainda não foram capazes de assimilar no plano físico. Aquele que não acredita, mas diz, acaba acreditando naquilo que diz. A educação para o silêncio interior e pessoal é a melhor preparação psíquica para que o corpo mais pesado se separe dos três elementos superiores.

Não há iniciação que não comece com o silêncio:”Não fales do que saberás ou do que verás, e fica calado não apenas com tua boca, que é o órgão de transmissão do pensamento”. A educação no silêncio, por irradiação mecânica, influencia a sensibilidade lunar da alma, que também aprenderá a ser silenciosa, como é silenciosa uma boca fechada.

Tudo deve estar em silêncio ao redor daquele que se propõe a conquistar uma reintegração para que sua inteligência solar se manifeste: você deve ser silencioso em termos subjetivos e objetivos, com a boca, em ação e em pensamentos, enquanto dorme ou quando acorda, pois aquele que fala cria e cada criação é um deslocamento da forma e, por conseguinte, uma ocultação da verdade amorfa primitiva, ou espírito da luz.

O discípulo deve saber como permanecer em silêncio e viver no meio da multidão que é facilmente influenciada, mas que não influencia o homem sábio, cuja alma tem de ser insensível a todas as palavras, ruídos e costumes, que são as principais influências sobre as pessoas, E isso não é tudo: ele deve manter silêncio com sua alma e obrigar todos os espíritos que falam com ela a ficarem também em silêncio.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.207-209.

Terceira Parte

Os Aforismos

 

 

A sociedades apontam o caminho

“Não é necessário, repito, pertencer a nenhuma sociedade em particular para aprender sobre ocultismo; qualquer um pode fazer isso sozinho, e as sociedades devem apenas apontar o caminho que o aluno vai seguir.

Em todas as épocas, o poder entendeu que só conseguiria governar o homem subjugando seu intelecto.

Fazer com que o aprendizado sirva exclusivamente às suas próprias ideias é o objetivo de todos os regimes despóticos.

Sempre houve rebeldes que opuseram os ensinamentos da Unidade aos ensinamentos parciais do déspota.

Impedir que o poder viole a iniciação – esse é o eterno objetivo da autoridade.

(…)

Toda a história nos diz que o palácio nunca suprimirá o templo; que o templo não poderá subsistir se tentar exercer concomitantemente poder e autoridade.

No corpo humano, síntese do mundo, o poder é exercido pelo coração; autoridade, pelo cérebro. O coração não demora muito a parar quando afastado influência dos nervos.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.275-276.

Capítulo 11

Ciência oculta e ciência contemporânea

“(…) seguimos essa ciência até os santuários de iniciação egípcia; redescobrimos o grande segredo que continham: a existência e a implementação de um agente universal único na essência e triplice nas manifestações.

Já sabemos que as duas ciências são, na verdade, apenas aspectos opostos de uma só e única Ciência: a primeira, ciência oculta, preocupa-se com a teoria geral e a sintese; a outra, ciência contemporânea, preocupa-se principalmente com o particular e a análise. Tais considerações são suficientes, por si mesmas, para mostrar claramente as respectivas posições desses dois aspectos da verdade.

No entanto, a ausência de vinculos que liguem os diversos ramos do conhecimento é cada vez mais sentida; sugestão a distância, manifestações de força desconhecida nas sessões espíritas, pesquisadas pelos mais eminentes estudiosos do mundo inteiro, forçaram a ciência da matéria a penetrar no domínio do espírito. Os últimos céticos, temendo ser convencidos à força, não desejam mais observar esses fenômenos inexplicáveis e acreditam que, assim, impedirão a revelação da verdade.

Todos os grandes homens afirmam que o estudo do visível não basta e que apenas o invisível contém as verdades dignas de serem conhecidas.”


PAPUS
.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.263-264.

Capítulo 11

Sobre a magia

“A magia era a aplicação prática das capacidades psíquicas adquiridas ao longo dos vários graus iniciáticos.

Os antigos, observando a existência de vida em toda parte, notaram também a influência universal exercida pela vontade.

O desenvolvimento da vontade é, pois, o objetivo de todo homem destinado a dominar as forças da natureza.

O mundo perceptível é penetrado em todos os pontos por outro mundo puramente espiritual, que escapa aos nossos sentidos; o mundo visível tem, por con trapartida, o mundo invisível.

Esse mundo invisível é povoado por seres espirituais de várias classes.

Alguns seres se mostram indiferentes tanto ao bem quanto ao mal, mas podem se tornar instrumentos de um ou de outro e são chamados de espíritos ele mentares ou elementais.

Há também seres, vestígios vitais de homens pouco evoluidos, de vontade perversa ou que cometeram suicídio, que recebem o nome de larvas. São movidos por um único objetivo: o desejo insaciável.

Finalmente, o mundo invisível também é povoado por nossas ideias, que se comportam como seres reais.

Todo pensamento do homem, depois de elaborado, passa para o mundo interior e se torna uma entidade ativa, associando-se – aderindo, seria a palavra – a um ELEMENTAL, isto é, a uma das forças semi-inteligentes dos reinos. Sobrevive como inteligência ativa – criatura gerada pela mente – por maior ou menor periodo, conforme a intensidade original do impulso cerebral que a produziu.

Assim, um bom pensamento é perpetuado como poder ativo, benéfico; um mau pensamento, como um demônio maléfico. Portanto, o homem está sempre povoando sua correnteza no espaço com um mundo próprio (…) O adepto manipula essas formas conscientemente, ao passo que outros homens as descartam inconscientemente.

O agente por cujos meios agimos sobre essas forças intelectuais é a vontade!

A diferença entre um mago e um feiticeiro é que o primeiro sabe o que faz e qual resultado vai obter, enquanto o segundo ignora tudo isso. Dessa forma, o que importa é a Vontade, e todas as tradições são unanimes quanto a esse assunto (…)”.

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 102-103.

Capítulo 5

VIRTUDE, os ATRIBUTOS e a NATUREZA

“De posse dos signos capazes de exprimir sua ideia, o iniciado deve curvar-se a outra consideração: quem escolherá como seu futuro leitor.

Era preciso criar uma linguagem previamente adaptada à inteligência da pessoa a quem ela se destina. Uma palavra que para o vulgo não passava de um con- junto de rabiscos era uma revelação para o vidente:

Os sábios do Egito agiam de modo muito diferente nos tempos anti- gos ao escrever as letras que chamavam de hieroglifos, que quem não podia ouvir não ouvia, mas eram ouvidas por quem podia ouvir a VIRTUDE, os ATRIBUTOS e a NATUREZA das coisas figuradas.

Voltando ao triângulo das três palavras FATOS-LEIS-PRINCÍPIOS, veremos o iniciado na posse de três diferentes meios de expressar uma ideia no sentido positivo, no sentido comparativo ou no sentido superlativo.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 78-79.

Capítulo 4

As ideias são o invisível

“Uma ideia, enquanto permanece no cérebro do criador, é invisível ao restante da humanidade. A maioria das pessoas, incapaz de se comunicar exceto pelos sentidos, só percebe uma ideia depois de senti-la.

As ideias são o invisível; para tornar o invisível visível, é preciso empregar signos. Os signos são os meios exteriores que o homem usa para transmitir ideias.

Os elementos do signo são: a voz, os gestos e os caracteres escritos. Sua matéria-prima são: o som, o movimento e a luz.

Devemos agora empreender o estudo dos signos a fim de descobrir como o sacerdote egípcio expressava as ideias que recebia pela iniciação.

Que objeto de pesquisa seria mais maravilhoso para o filósofo que a origem das linguagens humanas?


PAPUS
.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.75.

Capítulo 4

Escada da iniciação

“Subindo mais um degrau na escada da iniciação, o aspirante descobre que as duas naturezas, a natural e a naturalizante, se mesclam no homem, podendo ascender à ideia de uma única força cuja natureza dupla representa os dois polos.

Não há nenhuma dúvida de que, durante o ciclo anterior de civilização, a unidade da humanidade no Universo, a unidade do Universo em Deus e a unidade de Deus nele mesmo não eram ensinadas como superstições primitivas, obscuras e reacionárias. Ao contrário, eram ensinadas como o coroamento brilhante e magnificente da quádrupla hierarquia das ciências que energizava um culto biológico sob a forma de sabeísmo.

O nome do Deus supremo desse ciclo – Ishvara, Esposo de Prakriti, a Sabedoria viva da natureza naturalizante – é o mesmo que Moisés tomou, quase cinco séculos depois, da tradição caldaica dos semitas e dos santuários de Tebas, para formar o símbolo cíclico de seu movimento: Ishvara-El ou, por contração, Israel, isto é, inteligência dos reis ou Espírito de Deus.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 70.

Capítulo 3

O Mundo

O Mundo

Aqui, monde não designa o planeta Terra, mas o Universo como sistema organizado.

Sobre o Mundo

(…)essa carta não representa nosso planeta, como poderia representar (…) Ela contém todos os atributos para designar o conjunto do Universo e até a divindade. (…) desde o início da Idade Média: Jesus triunfante ocupa seu lugar nessa forma oval, a mandorla, que em italiano significa amêndoa. (…) Talvez provenha da Índia, onde também é vista emoldurando imagens de divindades hindus. (…) No Império Romano, o culto a Mitra era muito difundido. Como outros cultos orientais, ele convivia com o cristianismo primitivo: desse modo, sua imagem pode ser reutiliza para representar Cristo. E cercado por quatro figuras: o anjo ou homem, a águia, o leão e boi, que costumam ser associados aos quatro evangelistas, mas na realidade aparecem na Bíblia a partir de Ezequiel (1. 10-28) e, na visão do profeta, estão relacionados à própria manifestação da divindade: “A forma de seus rostos era como o de homem, à direita, os quatro tinham rosto de leão, à esquerda, rosto de boi, e também rosto de águia, todos os quatro. As quatro faces cercam o trono de Deus.

(…) o que faz a figura feminina em meio aos mais elevados atributos da divindade, normalmente reservados às representações de Deus? Isso quase poderia configurar uma blasfêmia. Seria ela o que chamamos de “o Mundo”? (…) Portanto, nessa carta do tarô, ela representaria o Cristo na mandorla. Dois símbolos normalmente separados se fundiram o mundo (a esfera, a mulher) e seu criador (a mandorla, as quatro figuras).

(…) aqui provavelmente se trata mais de uma alegoria da Glória, que aos poucos suplanta o Cristo triunfal. Os antigos dicionários iconológicos descrevem da seguinte forma como representar o triunfo absoluto sobre qualquer coisa: por meio de uma figura feminina alegórica, que usa uma coroa e/ou um cetro e é colocada como Cristo acima do globo do mundo.

Significados 

(…) representa o tempo. […] No centro está a Deusa do Tempo, com seu véu que esvoaça e lhe serve de cinto ou peplo, como chamavam os antigos. Ela parece согrег como o tempo e em um circulo que representa as revoluções temporais, bem como o ovo de onde tudo sai no tempo.

(…) o absoluto, realização da Grande Obra, triunfo certo, sucesso garantido.

Apoteose, triunfo certo, sucesso garantido.

Representa o homem que se equilibrou apoiando-se nos princípios cósmicos: a sabedoria e a espiritualidade, a força geradora e a força diretriz, e que exerce seu poder sobre a natureza na harmonia das leis universais.

Ela concretiza harmoniosamente os esforços da evolução indicada pelas lâminas anteriores.

Tendência à perfeição. Domínio mental e psíquico.

Amor pela humanidade.

Aquisições ricas. Negócios sólidos e esplêndidos. Sucesso e mundanidades. Boa saúde.

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 265-267.