“Nessa fase da vida, a individuação requer que encontremos nosso significado individual, o que pode se manifestar de diversas formas. Começamos a pensar por nós mesmos de maneira diferente e a fazer escolhas baseadas em um senso interno do que é certo para nós. Essas decisões podem não estar de acordo com as expectativas das autoridades ou dos superiores, portanto, precisamos estar dispostos a fazer sacrifícios e mudanças. Em última análise, essa é a fase do crepúsculo do estágio do Pai. Esse novo padrão de ser é o que Erich Neumann descreveu como centroversão, que é uma circumambulação em torno de um centro. Mas como descobrir esse centro? Jung identificou esse centro como o self, o princípio central organizador da psique. No entanto, você não pode descobrir o self apenas por meio de ruminações e introspecção. Esses métodos podem levá-lo apenas até uma certa margem. Perguntar a si mesmo: “O que estou sentindo? Do que eu gosto? O que eu quero?” pode ser um começo, mas não é suficiente para transcender a consciência egoica. O ego está cercado por uma penumbra de consciência, e você pode expandir sua consciência para dentro dessa penumbra, mas ainda está limitado a um modo limitado de consciência, a menos que comece a procurá-la em outro lugar. Você precisa abrir uma porta ou um armário que ainda não explorou. É aqui que os sonhos e a imaginação ativa se tornam os principais métodos para ir além da consciência do ego e descobrir o self.
A centroversão não é uma circumambulação em torno do ego, mas, sim, uma circumambulação em torno de si mesmo. Nesse processo, o ego é deslocado para uma posição secundária dentro da psique, e o centro em torno do qual se circula é o self, o princípio central organizador da psique identificado por Jung. Isso significa que a consciência egoica não detém mais autoridade absoluta na tomada de decisões, e as grandes decisões são tomadas levando em conta uma série de outros fatores, incluindo a contribuição do inconsciente. Para obter informações do inconsciente, os junguianos recorrem a métodos como sonhos e imaginação ativa, em vez de confiar apenas na introspecção e na racionalização. Portanto, a consulta ao self torna-se essencial para tomar decisões importantes.
(…) imaginação ativa e confrontar partes difíceis de si mesmo, como os aspectos sombrios, é possível mudar gradualmente o foco para um mundo mais interno e autodirigido. Isso cria uma separação e uma transição do Mundo Pai, da autoridade externa, para o mundo do indivíduo, ou o mundo autodirigido. Dessa forma, é possível alcançar uma fase adulta mais madura, interiormente dirigida e criativa, que oferece uma qualidade de liderança que não era possível no estágio anterior.
Em cada uma das etapas do processo de individuação, a pessoa desenvolve uma persona significativamente própria. Na velhice, quando alguém deixa de lado o status e as responsabilidades em relação ao mundo, a questão central da vida passa a ser: “Quem sou eu? Que tipo de persona posso encontrar nesta fase da vida?”. Algumas culturas apresentam uma tradição do velho sábio ou da velha sábia, alguém que não é mais ativo na vida e ainda assim incorpora uma qualidade preciosa que faz que as pessoas os procurem em busca de orientação.”
STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023. Local, 357-388.
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Estágio Três: Fase Adulta Madura – A Idade do Indivíduo