Hábito da Soberba

“Nasce-lhes também certa vontade algo vã, e às vezes muito vã, de falar sobre assuntos espirituais diante de outras pessoas, e ainda, às vezes, de ensiná-los mais do que de aprendê-los. (…) Ternam-se semelhantes ao fariseu que, louvando a Deus, se gabava das obras que fazia, enquanto desprezava o publicano.

A estes mesmos principiantes, frequentemente o demônio aumenta o fervor e desejo de fazer estas e outras obras, para que juntamente lhes vá crescendo a soberba e presunção. Sabe muito bem o inimigo que todas estas obras e virtudes, assim praticadas, não somente de nada valem, mas se tornam prejudiciais a eles. E a tanto mal costumam chegar alguns, que a ninguém quereriam parecesse bom senão eles mesmos.

(…) logo desejam e procuram tratar com outros que lhes quadrem ao gosto; pois ordinariamente desejam tratar de seu espírito com quem imaginam há de louvá-los e estimá-los.

Com grande presunção, costumam propor muito, e fazer pouco. Têm, por vezes, muita vontade de serem notados pelos outros, quanto ao seu espírito e devoção; para isto dão mostras exteriores de movimentos, suspiros e outras cerimônias, e até alguns arroubamentos – em público mais do que em segredo, – nos quais os ajuda o demônio.

Às vezes buscam outro confessor para a ele dizerem as culpas mais graves, a fim de que o primeiro não pense que eles têm defeitos, mas somente virtudes. Para tal insistem em dizer só o bem que há neles, e com termos encarecidos, no desejo de que tudo pareça melhor.”

CRUZ, São João da. A noite escura da Alma. Editora Família Católica, 2018, versão Kindle, Posição: 285-306.

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