Significação psíquica poderosa

“(…) numa conversa, uso palavras como “Estado”, “dinheiro”, “saúde” ou “sociedade”, parto do pressuposto de que os que me escutam dão a esses termos mais ou menos a mesma significação que eu. Mas a expressão “mais ou menos” é o que importa aqui. Cada palavra tem um sentido ligeiramente diferente para cada pessoa, mesmo para os de um mesmo nível cultural. O motivo dessas variações é que uma noção geral é recebida num contexto individual, particular e, portanto, também compreendida e aplicada de um modo individual, particular.

Sempre que os conceitos são idênticos às palavras, a variação é quase imperceptível e não tem qualquer função prática. Mas quando se faz necessária uma definição exata ou uma explicação mais cuidadosa, podemos descobrir as variações mais extraordinárias, não só na compreensão puramente intelectual do termo, mas particularmente no seu tom emocional e na sua aplicação. Essas variações são sempre subliminares e, portanto, as pessoas não as percebem.

Mesmo o conceito filosófico ou matemático mais rigorosamente definido, que sabemos só conter aquilo que nele colocamos, ainda é mais do que pressupomos. É um acontecimento psíquico e, como tal, parcialmente desconhecido.

(…) A direita, uma árvore da África ocidental, que as tribos chamam de ju-ju ou árvore-espírito, e à qual atribuem poderes mágicos.

Esses aspectos subliminares de tudo o que nos acontece parecem ter pouca importância em nossa vida diária. Mas na análise dos sonhos, em que os psicologos se ocupam se constituem nas raízes quase invisíveis dos nossos pensamentos conscientes. É por isso que objetos ou ideias comuns podem adquirir uma significação psíquica tão poderosa que acordamos seriamente perturbados, apesar de termos sonhado coisas absolutamente banais uma porta fechada ou um trem que se perdeu.

As imagens produzidas nos sonhos são muito mais vigorosas e pitorescas do que os conceitos e experiências congêneres de quando estamos acordados. E um dos motivos é que, no sonho, tais conceitos podem expressar o seu sentido inconsciente. Nos nossos pensamentos conscientes restringimo-nos aos limites das afirmações racionaisafirmações bem menos coloridas, uma vez que as despojamos de quase todas as suas associações psíquicas.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 47-48.

I Chegando ao inconsciente

Carl G. Jung

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