“Por certo, há símbolos em comum: o sol, a lua, o carro de guerra e a balança que serve para pesar a alma dos mortos, símbolo herdado pela alegoria da Justiça, descrita por Aristóteles e presente no tarô. Porém, devemos falar de símbolos em comum ou de simbolos universais? E, mesmo no primeiro caso, eles não são absolutamente representados da mesma maneira. Os autores que escrevem sobre o tarô, em geral muito sensíveis aos detalhes, não podem deixar de notar esse fato. Em seu conjunto, os 22 arcanos maiores apresentam imagens muito distantes da cultura faraônica: o Papa, o Diabo ou o Julgamento são figuras cristãs. A Justiça, a Força e a Temperança são alegorias surgidas sob o Império Romano. Vale lembrar também que Antoine Court de Gébelin evocou o tarô e o Egito em 1781, período egiptomaníaco por excelência, ao qual retornaremos. Embora ele tenha se referido ao tarô como um termo proveniente do egípcio antigo tar e ro (“caminho régio”), essa menção se deu numa época em que ninguém compreendia o significado dos hieróglifos.”
NADOLNY, Isabelle. História do Tarô. Um estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 18.