Todas as outras coisas existem por causa dele

“Assim, então, ao que pode ver essas coisas: com efeito, Deus quer que isso exista, – e isso existe sobretudo por elet. Pois que todas as outras coisas existem por causa dele… Pois a coisa propria do Bem é ser o pró pro Bem conhecido, ó Tat.

-Encheste-nos, ó pai, da boa e mui bela contemplação e do pouco que é necessário: o olho de minha mente ficou admirado por tal comtemplação. Pois, assim, a contemplação do Bem não é como o raio do Sol, que sendo ígneo, ofusca e faz os olhos fecharem; pelo contrário, o Bem tanto brilha quanto, sendo o poderoso, pode receber o influxo do brilho inteligível: pois, deveras, é agudíssimo para chegar ao coração, porém, também, é inofensivo e cheio de toda imortalidade.

(…) os que podem tirar algo mais abundante da contemplação dormem muitas vezes no corpo para ter a mui bela visão. (…) Porém agora ainda somos fracos em relação a visão e ainda não temos os olhos da mente para abrir e contemplar a beleza incorruptível e inconcebível daquele Bem. Pois, então, o verás quando não tiveres nada a dizer sobre ele. Pois a gnose dele é um silêncio divino e a supressão de todas as sensações.(…) Porém o Bem tendo brilhado sobre toda a mente, também ilumina e eleva toda a alma através do corpo e o transforma todo em essência. Pois é impossível, ó filho, uma alma, tendo visto <a> beleza do Bem, ter sido divinizada em corpo de homem.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 183.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus X

O nous gesta todos os pensamentos

“Pois o nous gesta todos os pensamentos, tanto os bons, quando receber as sementes por Deus, como os contrários, quando receber as sementes por alguns dos daimones.

Pois as sementes de Deus são poucas, mas são grandes e belas e boas: virtude, sensatez e piedade; e a piedade é a gnose de Deus, que o conhecedor, vindo a ser cheio de todas as coisas boas, tem as intelecções divinas, e não as produzidas pela massa. Por isso, os que estão na gnose nem podem agradar à massa, nem a massa, a eles. (…) Mas o piedoso, tendo consciência da gnose, suportará todas as coisas; pois todas as coisas para ele, mesmo as más para os outros, são boas; mesmo sendo hostilizado, dirige todas as coisas à gnose, e somente ele faz com que as coisas más sejam favoráveis.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 175.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IX

O homem é duplo

E tendo ele toda permissão do mundo dos mortais e dos viventes irracionais, olhou para baixo através da harmonia [das esferas planetárias), tendo rompido a couraça, também mostrou a bela forma de Deus à natureza postada para baixo, o qual, tendo uma beleza insaciável <e> toda energia dos regentes em si mesmo e a forma de Deus, ela tendo visto, sorriu com amor, já que ela tinha contemplado a visão da mui linda forma do Homem. a aparência [dele] na água e a sombra [dele] sobre a terra. Mas o [mesmo] vendo a forma semelhante a ele estando nela e na água, amou e quis habitar lá. E com a vontade foi feita a energia, e ele habitou a forma irracional; e a natureza tendo recebido o amado, enlaçou toda e se misturaram; pois eram amantes. E, por isso, de todos os viventes sobre a terra, o homem é duplo: mortal por causa do corpo, mas imortal por causa do homem essencial; pois sendo imortal e tendo a autoridade sobre todos, sofre as coisas mortais estando submetido à heimarmene. Portanto, [mesmo] estando acima da harmonia [sic das esferas planetárias], sendo harmonioso, tem vindo a ser escravo; e sendo macho-fêmea, de um Pai sendo macho-fêmea, e insone de um insone. É dominado.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 123.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus I

O neoliberalismo

“O neoliberalismo, que gera muitas injustiças, não é algo muito bonito. A palavra inglesa fair significa tanto justo quanto belo. Também a palavra fagar (antigo alto-alemão) significa belo. Originalmente, a palavra fegen significa deixar brilhando. O duplo sentido de fair é uma indicação marcante de que, originariamente, beleza e justiça se sustentam na mesma ideia. A justiça é vista como bela. Há uma sinestesia especial que liga a justiça com a beleza.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 995.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

A salvação do belo

“A salvação do belo é igualmente o resgate do político. Hoje parece que a política vive ainda apenas de decretos de urgência. Já não é livre. Isto quer dizer: Hoje já não há política. Se ela já não admite nenhuma alternativa, acaba se aproximando de uma ditadura, da ditadura do capital. Os políticos, que hoje se degradaram em capangas do sistema, que no melhor dos casos são hábeis administradores da economia doméstica ou contadores, não são mais políticos no sentido aristotélico.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 984.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

Estado de Bem-aventurança Meditativa

O celestial estado de bem-aventurança meditativa experimentado nesta vida é um antegozo da alegria sempre-nova sentida pela alma imortalizada no estado após a morte. A alma leva consigo essa alegria às sublimes regiões astrais de A bem-aventurança e beleza celestial, onde as flores vitatrônicas fazem beleza celestiais do desabrochar suas pétalas iridescentes no jardim do éter e onde o clima, a atmosfera, o alimento e os habitantes são feitos de diferentes vibrações de luz multicolorida – um reino de manifestações refinadas que estão, mais do que as rudes imperfeições da Terra, em harmonia com a essência da alma.

Pessoas virtuosas que resistem às tentações na Terra mas não reino astral se libertam totalmente da ilusão – são recompensadas após a morte com um descanso revigorante nesse reino astral, entre os numerosos semianjos e almas semirredimidas que levam uma vida muito superior àquela na Terra. Lá, elas desfrutam dos resultados de seu bom karma astral por um período carmicamente predeterminado; passado esse tempo, seu karma terreno remanescente as atrai de volta à reencar nação em um corpo físico. Seu “grande galardão” no céu astral as capacita a manifestar à vontade condições desejáveis, lidando inteiramente com vibrações e energia, e não com as propriedades fixas das substâncias sólidas, líquidas e gasosas encontradas durante sua jor nada terrena. No céu astral, todos os móveis, propriedades, condições climáticas e de transporte estão sujeitos ao poder de vontade dos seres astrais, que são capazes de materializar, manipular e desmaterializar a substância vitatrônica desse mundo mais sutil de acordo com sua preferência.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 495-496.

Capítulo 26: As Beatitudes. O Sermão da Montanha, Parte I.

Grandeza Espiritual

“Um poste de luz ilumina a rua em todas as direções exceto diretamente sob sua base, onde se projeta uma sombra. De modo similar, um profeta iluminado por Deus lança luz em todos e é amplamente reconhecido, com a frequente exceção das pessoas que lhe são próximas e que mantêm com ele um relacionamento familiar ou social, mas não devocional. A ênfase excessiva e míope no aspecto humano de um relacionamento cega essas pessoas e não lhes permite ver a grandeza espiritual de um personagem divino.

(…)

Quem vive em meio à grandeza panorâmica das imponentes montanhas do Himalaia pouco aprecia a inspiradora paisagem por que sua atenção está na sua vida doméstica; as pessoas ficam tão acostumadas ao extraordinário lugar em que vivem que o consideram “nada especial”. Mas para os visitantes que vêm de terras longinquas com uma atitude mental entusiasta, a majestosa vastidão dos elevados picos é uma experiência deslumbrante.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 200-201.

Capítulo 39: “Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria”

Acolhendo Nossa Humanidade

Acomodar tudo”, enquanto prática, significa acolher humanidade em toda a sua glória e confusão. Significa aceitar a beleza, a feiura, a alegria e a dor do mundo – nosso mundo e também todo seu mistério, ambiguidade e contradição. Como viver uma vida com a qual não podemos contar? Como podemos nos deliciar com um pedaço de bolo de chocolate quando uma criança na África tem cólera? Como podemos reconciliar o “eu” e a “iluminação”? Quem pode responder a esse tipo de pergunta? Ninguém pode. O que podemos fazer é acolher seu mistério.

Acomodar tudo é uma prática do coração, uma vez que estamos convidando a vida em vez de rejeitá-la. Essa prática expressa o princípio fundamental da não violência, porque não podemos responsabilizar os outros por nossa felicidade e dor. Não podemos apontar o dedo para o governo e nossa dizer: “É por causa de vocês que minha vida é péssima”. Não podemos objetivar as coisas desse modo quando praticamos. Mas podemos aceitar vida sabendo que cada momento surge em conexão com uma gigantesca e insondável paisagem, da qual somos parte integrante. Somos naturalmente grandes naturalmente infinitos – como todo o resto. ”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 87-88.

Nos Tornarmos Grandes

“Mas a vida não é algo que acontece para nós. Não conseguimos nos separar do fluxo constante de experiências que chamamos de “nossa vida”. Não somos vítimas da nossa vida nem somos não merecedores dela. A vida não é bela ou divina demais para nós. Ela não é grande demais, ou dolorosa, ou assustadora, ou mesmo complicada demais para nós, ainda que algumas vezes pareça ser. Nosso desafio, como seres humanos, é nos tornarmos suficientemente grandes para acomodar tudo isso.

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 87.

Nosso Mundo

“A forma que nossa vida toma tem menos a ver com o que encontramos do que com nossa relação com isso. Quando objetificamos a experiência- seja a beleza ou dor – entramos em uma relação de luta com nosso mundo – um mundo todo sobre “mim”.

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 86.