O fogo como o instrumento de criação

É necessário, ó filho, o ouvinte compreender o falante, e ser de mesma mente e ter a audição mais aguçada do que a voz do falante; a composição desses indumentos, o filho, vem a ser com corpo terreno, pois é possível o nous, ele por si mesmo, fixar-se nu em um corpo terreno, pois, nem é possivel um corpo terreno aguentar tão grande imortalidade, nem tal virtude tolerar um corpo passivo tendo boas relações consigo, portanto, recebeu a alma como um véu, mas a alma sendo algo divino, usa o pneuma como ajudante; porém, o pneuma rege o vivente.

(…) Porém o nous sendo o mais penetrante de todos os desígnios divinos, também tem o corpo mais sutil de todos os elementos, o fogo; pois o nous sendo Demiurgo de todos, usa o fogo como o instrumento para a criação; e, de fato, o nous do Todo é Demiurgo de todas as coisas, mas o nous do homem é Demiurgo somente das coisas sobre a terra; pois, nos homens, estando desnudo do fogo, sendo humano pela ação de habitar, o nous não pode criar as coisas divinas.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 191.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus X

Não existe o que ele não vivifica

“(…)Não existe o que ele não vivifica, e, trazendo todas as coisas, vivifica;

(…)

Assim, Deus é o Pai do mundo; e o mundo, das coisas no mundo; e tanto o mundo é filho de Deus como os que no mundo existem por causa de mundo; e provavelmente o mundo tem sido chamado ordem; pois ornamenta todos os seres pela distinção do engendramento, e pelo contínuo da vida, e pelo infatigável de energia, e pela velocidade da necessidade, e pela sustentação dos elementos, e pela ordem dos que hão de vir a ser.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 177.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IX

Criação do Demiurgo

“Visto que o Demiurgo fez todo o mundo, não com as mãos, mas com uma palavra, sendo assim, compreenda como é o corpo daquele que é Presente, Sempre Existente, que fez todas as coisas, o Uno, e o que criou todos os seres por vontade sua; com efeito, isto é o corpo dele: não é tangível. nem visivel, nem comensurável, nem dimensional, nem semelhante a qualquer outro corpo. (…) o homem, o ornamento do corpo divino, o vivente mortal do vivente imortal; (…) Por que, então, ó pai, Deus não repartiu o conhecimento entre todes? Quis, ó filho, colocar isso como prêmio no meio para as almas. -E onde o colocou? Tendo enchido uma grande cratera disso, enviou; designando um arauto, também the ordenou apregoar aos corações dos homens estas coisas: mergulha-te a ti mesmo nessa cratera, tu que podes, tu que crês que subirás para o que tem enviado o vaso de mistura, tu que conheces por que vieste a ser.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 147.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus IV

O sentido profundo do sabá

“O sabá é um “palácio no tempo” que liberta os humanos e os leva do mundo passageiro até aquele mundo que há de vir (Olam Haba). Menucha (repouso) é um sinônimo para o mundo por vir. O sentido profundo do sabá é que a história é suspensa ao ingressar na feliz inatividade.

A criação do ser humano não é o último ato da Criação. Só o repouso do sabá consuma a Criação.

(…)

O repouso do sabá não representa uma simples sequência ao trabalho de Criação. Antes, só ele leva a Criação a seu termo.

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 1083-1089.

O Pathos da ação

O Pensamento é Ação em Si

“Tendo falado de modo geral das leis eternas que governam a criação de Deus e de como sua observância é necessária para que se alcance o reino dos céus, Jesus ilustra (nos versículos 21 a 48) adaptações específicas – maneiras de cumprir o espírito de justiça natural dessas leis.

Os homicidas não apenas se contrapõem à lei universal da criação divina, mas privam suas vítimas da legítima oportunidade de esgotar independentemente seu próprio karma – impossibilitando o progresso desses indivíduos em sua existência atual.

Jesus assinalou que, à luz da justiça natural, o mal reside não apenas em atos homicidas, mas também em pensamentos e emoções de ira que dão origem a esses atos.

(…)

A ira, quer se origine de uma causa real ou de uma percepção imaginária, pode provocar uma pessoa a ponto de impeli-la à violência. Em casos de ira extrema, as pessoas podem mentalmente desejar a morte de seus inimigos.

Desse modo, a fim de cumprir a lei “Não matarás”, Jesus disse que não apenas o ato, mas também todos os pensamentos, as palavras e ações relacionados com o fato de matar devem ser estrita mente evitados.

(…)

O pensamento, precursor da ação, é em si mesmo uma ação num plano mais sutil.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 510-512.

Capítulo 27: Cumprir da Lei. O Sermão da Montanha, Parte II.

Leis Universais (dharma)

As leis universais (dharma) que sustentam a manifestação objetiva da criação emanam dessa Inteligência Divina que tudo governa. É por isso que Jesus declarou: “Eu vos digo que seria mais fácil que os universos causal, astral e físico – ‘o céu e a terra‘ -, cuja vastidão é inconcebível, se dissolvessem no vazio do que a mais diminuta porção da lei divina deixasse de demonstrar sua realidade”.

(…) Jesus sabia que todas as manifestações celestiais e terrenas têm um só propósito: tornar visível a Perfeição Invisível por meio da expressão ativa das leis divinas da justiça.

(…)

As leis divinas são os padrões que a presença de Deus imprime na matriz da criação. O homem constrói uma vida em harmonia com Deus na medida em que age de acordo com o código de justiça.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 506-508.

Capítulo 27: Cumprir da Lei. O Sermão da Montanha, Parte II.

Consciência Crística e Sua Justiça

“Todos os fenômenos, tanto na terra quanto no céu, são manifestações inconcebivelmente numerosas de um único Númeno ou Substancia divina. Essa Essência subjacente, que conecta todas as coisas numa unidade cósmica, é a verdade, a Realidade, Deus refletido na criação como a Inteligência Crística. A Verdade da criação, sua essencial divindade ou bondade – até então oculta pelo disfarce macabro de maya – é revelada por aqueles que, como Jesus, manifestam a Consciência Crística e Sua justiça.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 506.

Capítulo 27: Cumprir da Lei. O Sermão da Montanha, Parte II.

A Importância da Lei

Jesus fala firme e claramente sobre a importância de cumprirmos as leis eternas da justiça. Esses códigos divinos são transmitidos ao homem pelo Senhor da Criação através de Seus autênticos profetas e se evidenciam na maravilhosa estrutura do universo. A ordem cósmica das leis universais que tece os padrões dos céus e da terra se expressa com igual exatidão como a ordem moral que governa a vida dos seres humanos.

A Lei” para o povo judeu, a quem Jesus pregava, era a Lei de Moisés – os Dez Mandamentos e outros preceitos morais e religiosos estabelecidos no Torá. Na voz dos profetas surgem proclamações das eternas verdades, que são imutáveis, não sectárias e aplicáveis universalmente em todas as épocas; e também códigos de conduta necessários em um período particular ou sob um conjunto de circunstâncias – uma adaptação das verdades eternas às necessidades específicas do ser humano.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 504-505.

Capítulo 27: Cumprir da Lei. O Sermão da Montanha, Parte II.

Ciclos de Evolução e Decadência

“A raça humana passa por repetidos ciclos de evolução e decadência, que constam de quatro períodos, durante os quais as faculdades mentais e morais do homem se desenvolvem gradualmente desde as trevas da era materialista até a iluminação da era espiritual, para então, através de um longo declínio, voltar a cair no materialismo.”*

*Nota: As escrituras da India identificam estes quatro períodos como Kali Yuga (a era em que a humanidade percebe apenas os aspectos físicos mais densos da criação), Dwapara Yuga (quando o intelecto humano se desenvolve o suficiente para compreender e controlar as forças sutis atômicas e eletromagnéticas), Treta Yuga (a era mental, em que os poderes latentes da mente se desenvolvem de maneira extraordinária) e Satya Yuga (a era da iluminação espiritual, quando a humanidade como um todo vive em sintonia com Deus, com as Suas leis e com os Seus planos para a criação).

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 197.

Capítulo 39: “Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria”