Sábios

“Declaração Tomás de Aquino: “Reserva-se o nome de sábio apenas àquele cuja consideração é o fim do universo, fim esse que é também o início do universo”. Eis o princípio básico de toda a mitologia: o início no fim. Os mitos da criação são permeados por um sentido de predestinação que reivindica ao imperecível todas as formas criadas, cujo primeiro aparecimento teve esse mesmo imperecível como fonte.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 264.

Grande Paradoxo

“De acordo com uma das formas tradicionais de encarar esses suportes da meditação, a forma feminina (em tibetano: yum) deve ser observada como o tempo; e a forma masculina (yab) como a eternidade. A união dos dois produz o mundo, em que todas as coisas são, a um só tempo, temporais e eternas, criadas a imagem desse deus macho-fêmea autoconsciente. (…) E assim é que tanto o masculino como o feminino devem ser encarados, alternativamente, ora como o tempo, ora como a eternidade. Isso quer dizer que os dois são o mesmo, cada um é os dois e a forma dual (yab-yum) não passa de efeito da ilusão – a qual, todavia, não difere da iluminação.

Eis uma suprema enunciação do grande paradoxo por meio do qual o mundo dos pares de opostos é abalado e o candidato admitido à visão visão do Deus, o qual, ao criar o homem à sua própria imagem, o criou homem e mulher.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp . 161-162.

O Mito da Criação do Genesis

“Ele representa uma das formas básicas de simbolização do mistério da criação: a transmissão da eternidade ao tempo, a transformação  do um no dois e depois no muitos, assim como a geração da nova vida por meio da recombinação do dois”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 147.

A Essência do Tempo

“Pois a essência do tempo é o fluxo, a dissolução do momentaneamente existente; e a essência da vida é o tempo. (…) O paradoxo da criação, do surgir das formas temporais a partir da eternidade, é o segredo germinal do pai. Ele jamais pode ser efetivamente explicado. (…) O herói transcende a vida, com sua mancha negra peculiar e, por um momento, ascende a um vislumbre da fonte”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 142.

Deusa Mulher

“Tal como a mudança, o rio do tempo, a fluidez da vida, a deusa cria, preserva e destrói a um só tempo. (…)  A mulher representa, na linguagem pictórica da mitologia, a totalidade do que pode ser conhecido. O herói é aquele que aprende”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 116-117.

Separação e Transfiguração

“O professor Toynbee utiliza os termos “separação” e “transfiguração” para descrever a crise por intermédio da qual é atingida a dimensão espiritual mais elevada que possibilita a retomada do trabalho da criação. O primeiro passo, a separação ou afastamento, consiste numa radical transferência da ênfase do mundo externo para o mundo interno, do macrocosmo para o microcosmo, uma retirada, do desespero da terra devastada, para a paz do reino sempiterno que está dentro de nós”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 27.