A prática mágica

“As riquezas representam abundância além das necessidades do indivíduo: entre um filósofo que se alimenta de migalhas de pão e vive em um barril e um milionário que trabalha e rouba seus semelhantes para aumentar o patrimônio, o filósofo é o mais rico.

Antes de desejar riquezas, é preciso esclarecer o que se deseja (…)

Deus não esquece o que tem de ser feito, e o espírito de Deus em nós só é surdo quando o enterramos sob nossas mentiras.

O discípulo da magia expõe sua necessidade a Deus e seja atendida se for isto a coisa certa a ser feita. Não tens um teto; talvez esteja escrito no princípio de absoluta pede que ela pão; não tens justiça que você se redimir.

A prática mágica – venho repetindo isso com muita frequência pode ser seguida por aqueles cuja natureza é positiva em termos aristocráticos, por aqueles com uma determinação férrea ou por pessoas que querem e sentem que é possível ter êxito não orando a Deus, que é algo que todo mundo faz, mas identificando-se com a natureza divina, ativa, e fundindo-se com sua própria vontade, iluminada pela justiça.

As forças ocultas que vivem em nós, integradas aos poderes que pertencem essencialmente à nossa natureza animal, assim como acontece com os músculos do corpo, ficam atrofiadas se não forem desenvolvidas e tornadas flexíveis pelo exercício. A vontade que dirige essas forças é um reflexo da centelha divina que é nosso intelecto.

(…) a magia é a arte e a ciência de tornar o homem ativo um deus e de não obrigárigá-lo a sofrer o sofrer o refluxo e o fluxo das inconstantes marés da Lua religiosa.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.222-224.

Terceira Parte

Os Aforismos

O Deus que vive dentro de nós

(…) o terrível dilema de descobrirmos o Deus que vive dentro de nós mesmos  (…) Se, antes da criação, Deus tinha um poder criativo ativo, depois da criação, isto é, já estando corporificado e individualizado como homem, ele deve preser- var a capacidade de seu potencial criativo essencial.

(…)

A magia tem de absorver toda a exterioridade da Religião Eterna da qual o Budismo, o Bramanismo, a crença dos caldeus do Egito, o Paganismo e o Cristianismo são apenas vislumbres da verdade na vastidão do tempo. A magia é a ciência.

(…)

Os tempos são a moralidade: a moralidade, a chave para a ciência das formas religiosas, reside nos costumes. Mores sunt tempora; a famosa tempora [índole] ou mores [costumes] são expressões unilaterais – o grau espiritual (com sua grande influência sobre a sociedade) dita o progresso ascendente da sociedade humana.

Pedir ao Mestre um livro no qual sejam ensinados milagres da mesma forma como são ensinadas as regras de jogos de baralho é pedir para ser alvo de uma mentira covarde do espírito vulgar. Você deve pedir e obter a luz antes que o Mestre fale, caso contrário as palavras dele serão como pérolas atiradas aos porcos.

(…)

O Fogo Criativo, além de todas as coisas criadas, de todas as per sonalidades e personificações, representa o dilema da vitória ou aniquilamento do espírito ativo e inquiridor. A incrível bravura das evocações de uma pirotecnia mágica não pode ser apreciada sequer como invenção de um romancista. Mas depois da sua conquista, o último véu cai de nossos olhos e compreendemos o Mestre.

Não devemos tentar produzir milagres sem antes empreendermos uma tentativa ousada de nos destruirmos, átomo por átomo, com o objetivo de ver a face daquele cuja face real, como está escrito, ninguém jamais viu, cuja voz só foi ouvida por aquele que foi salvo das águas, a quem Cristo chamou de Pai.

O primeiro aspecto do raio de Deus, conhecido, em termos cabalísticos, pelo nome de Ariel, é o poder taumatúrgico ou capacidade de realizar milagres, milagres que não são violações das leis da natureza, como pensam os profanos e ignorantes; nem se devem em grande par te à ignorância dos crentes, como pseudocientistas da normalidade dos eventos tentariam nos fazer crer.

Ariel é um anjo, ou seja, é a forma da força expressa pela inteligência divina. Portanto, ele é força e é inteligência. É instintivamente forte e inteligente. É capaz.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.191-193.

Terceira Parte

Os Mistérios da Taumaturgia

O segredo de Deus

“(…) aviso que, a partir de agora, acredito que tenho o direito de considerá-lo meu discípulo.

Toda inteligência humana se esforça para apreender o segredo de Deus e daí a mixórdia das ciências profanas, da astronomia à química analítica, da física de meteoros às especulações sobre micróbios, da física experimental à fisiologia do sistema nervoso e das ciências embriológicas a todas as outras ciências, infinitas em número que, recém- nascidas ou prestes a nascer, parecem ser a última palavra da verdade, quando, na realidade, não são mais que reticências na cegueira da grande massa humana que tenta escalar o Olimpo.

Assim, desde o início dos tempos, a humanidade tem sido dividida em duas classes distintas: os simples que, de modo inconsciente, recor dam o mundo antes da malicia humana, e os astutos, que negam tudo para não serem classificados entre os tolos. Os primeiros têm a fé como companheira; os segundos, o medo de serem enganados; eles são os extremos cujo termo médio é representado pelos iluminados que esta vam e estão sempre presentes em todos os países, em todas as raças, em todas as épocas, para agir na escuridão da jornada humana como uma tocha para a onda de criaturas que, entre vanglória, espasmos e impotência, estão a caminho de deixar on cemitérios cheios de oses onde a vaidade ergue mausoleus que parecem eternos e que, na visão da eternidade, não passam de um raio de luz!

Hermes, nos antigos aforismos mágicos, patrimônio de eterna revelação divina, ensina que, para familiarizar-se com um cão, é necessá rio nos transformarmos em cão, um aforismo ou dogma misterioso que deve ser interpretado de maneira literal: vamos nos tornar um deus, um anjo ou demônio se procurarmos a amizade de deuses, anjos ou demônios e, para ter um relacionamento com a alma dos mortos, precisamos viver a vida dos mortos.

As antigas escolas de iniciação, dos caldeus aos egípcios, e destes aos templários e seus herdeiros, não aceitavam um discípulo sem testar sua coragem e sua fé. Estou me referindo a testes com fogo, resistência à ten- tação do desejo, coragem para não ceder diante de aparições assustadoras.

Tenho certeza de que chegaria lá, apesar de todos os pesadelos que os sacerdotes tiveram de enfrentar nos dias de outrora. Mas há um monstro que precisamos derrotar antes de bater a porta do oculto. Esse ogro do jovem consciente é chamado de opinião pública.

Não temos medo de monstros, do fogo, dos elementos, mas, como resultado da corrompida formação social de nossa época, podemos ter medo do que as pessoas pensarão a nosso respeito se nos virem mergulhados em um livro”maluco” ou nos deixando levar pelas manias dos loucos! Esse é o momento fatal.

Se somos indiferentes ao desprezo das pessoas, se, entre o equilíbrio da razão bem definido e as palavras das pessoas que zombam de nós, somos fortes o bastante para nos separarmos do mundo, começa remos a ser: começaremos a viver nossa própria vida; começaremos a ser vitoriosos sobre a maioria numérica das ilusões e veremos que o quadro muda assim que nosso génio toca nossa testa e mostra as pessoas que somos superiores à natureza vulgar.

As ações do discípulo só devem ser avaliadas pela premissa da liberdade, pelo julgamento equilibrado que traz a intuição do nível de perfeição do espírito humano.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.65-66.

Segunda Parte

Preparação

Uno, mais Forte que Tudo

“Unus, Pollentissimus Omnium! (Uno, mais Forte que Tudo!)

Oh Sol, Deus radiante, nosso pai, que cria formas e através da sombra dá alívio a coisas visíveis no mar de seu eterno esplendor, ilumine com sua divina luz aquele que, puro de coração e mente, lê neste livro as leis e práticas para ascender ao poder dos deuses: deixe que ele entenda, e que não entenda mal; dê-lhe a humildade de saber que é ignorante e a virtude para elevar-se acima da visibilidade da vida terrena para onde a voz da Besta não o seduza e ele possa sentir o sopro de seu Espírito fértil.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.63.

Segunda Parte

Elementos de Magia Natural e Divina

O único conceito científico de Deus

“O único conceito científico de Deus é este: a lei que governa o Universo no mais perfeito equilíbrio. Essa lei é infinita, constante e eternamente a mesma em toda parte: sobre a Terra, no pensamento inteligente, fora da órbita da Terra, na gravitação dos mundos visíveis, no deslocamento moral de almas agrupadas em uma sociedade.

O invisível Deus do Universo, cujas manifestações são a prova positiva de sua existência, é a inteligência que governa todas as manifestações que afetam nossos sentidos.

Essa inteligência universal (Deus invisível), por meio da sábia perseverança de suas manifestações, é a lei reguladora da natureza universal.

A conquista de poderes nada mais é que o direito de obtê-los por essa lei.

Um atleta que treina o dia inteiro para conseguir levantar pesos sobre todos os homens mais preguiçosos.

(…)

Esse é o direito do poder.

Uma conquista dentro da lei, não fora da lei universal.

Quem não entende isso é simplesmente louco, porque imagina o poder sem conquista.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág. 24-26.

Um apelo aos que aspiram à Luz

A unidade

“O Universo, concebido como um todo animado, é composto de três princípios: Natureza, Homem e Deus, ou, na linguagem hermética, Macrocosmo, Microcosmo e Arquétipo.

O homem é chamado de microcosmo, ou mundo pequeno, porque contém
analogicamente as leis que regulam o Universo.

A natureza constitui o fulcro e o centro para a manifestação geral dos outros principios.

O homem, afetando a natureza por intermédio da ação e outros homens por intermédio do verbo, sobe para Deus por intermédio da prece e do êxtase, constituindo o vínculo entre criação e criador.

Deus, que oculta suas ações providenciais em domínios onde outros princípios atuam livremente, controla o Universo, do qual reconduz todos os elementos para a unidade de direção e ação.

Deus se manifesta no Universo por meio de ações da Providência enviadas para iluminar o homem em sua evolução; mas não pode, dinamicamente, se opor a nenhuma das outras duas forças primordiais.

O homem se manifesta no Universo por meio da ação da vontade, que lhe permite lutar contra o Destino e torná-lo servo de seus desígnios. Na aplicação de sua volição ao mundo exterior, ele tem completa liberdade para invocar a luz da Providência ou rejeitar seus efeitos.

A natureza se manifesta no Universo por meio da ação do destino, que perpetua, de maneira imutável e em ordem estritamente determinada, os tipos fundamentais que constituem a base para sua ação.

Fenômenos são do domínio da natureza; leis são do domínio do homem; principios são do domínio de Deus.

Deus só cria princípios. A natureza desenvolve os princípios criados a fim de
fazer fenômenos; e o homem, pelo uso sua vontade faz das faculdades que
que possui, estabelece as relações que unem os fenômenos aos princípios e transforma e aperfeiçoa esses fenômenos graças à criação de leis.

Mas um fenômeno, por simples que seja, não passa da tradução, pela natureza, de um princípio emanado de Deus; e o homem pode sempre restaurar o vínculo que relaciona o fenômeno visível ao princípio invisível recorrendo a uma lei (a base para o método analógico).

(…)

Um navio é lançado no imenso oceano e navega rumo ao objetivo que lhe foi de signado como termo de viagem.

Tudo que o navio contém vai sendo conduzido para lá.

No entanto, cada um de nós é livre para organizar sua cabine do modo que lhe convém. Cada um de nós é livre para subir ao convés e contemplar o infinito ou descer ao porão. O avanço ocorre todos os dias para tudo o que está no navio; mas cada pessoa é livre para agir como quiser no círculo de ação a ela prescrito.

Todas as classes sociais estão a bordo, do imigrante mais pobre, que passa as noites no saco de dormir, ao norte-americano rico, que ocupa uma cabine luxuosa.

E a velocidade é a mesma para todos: o rico e o pobre, o alto e o baixo chegarão ao fim da jornada no mesmo momento.

Uma máquina indiferente funciona de acordo com leis rigorosas, que movem o sistema inteiro.

Uma força cega (vapor), gerada por um fator especial (calor) e canalizada pelos tubos de metal e órgãos do navio, anima a máquina toda.

Uma vontade, que controla tanto a máquina orgânica quanto os passageiros, governa tudo: o capitão.

Alheio às ações dos passageiros, o capitão, de olhos fixos no objetivo a ser atingido e mãos presas ao leme, move o imenso organismo em direção ao termo da viagem, dando ordens a um exército de inteligências que lhe obedecem.

O capitão não comanda diretamente a hélice que propele o navio; só tem controle sobre o leme.

Assim, o Universo pode ser comparado a um imenso navio, com aquele que chamamos Deus manobrando o leme; a natureza é a máquina, resumida pela hélice, que faz cegamente o sistema inteiro trabalhar de acordo com regras estritas; e os humanos são os passageiros.

Há progresso geral para o sistema todo, mas cada humano é absolutamente livre dentro de seu próprio círculo de destino.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.231-232.

Capítulo 9

Universo com o número 12

“Pitágoras, designando Deus com 1 e a matéria com 2, exprimiu o Universo com o número 12, resultado da união dos outros dois. Esse número é formado pela multiplicação de 3 por 4, ou seja, esse filósofo concebia o mundo universal como composto de três mundos particulares que, ligados um ao outro por meio de quatro modificações elementares, se desenvolveram em doze esferas concêntricas.

O Ser inefável, que preenche essas doze esferas sem ser capturado por nenhuma delas, é DEUS.

De acordo com o sistema de emanações, eles concebiam a unidade absoluta de Deus como a alma espiritual do Universo; acreditavam que essa unidade criadora, inacessível aos próprios sentidos, produzia, por emanação, uma difusão de luz que, avançando do centro para a circunferência, ia perdendo o brilho e a pureza à medida que se distanciava do centro para os confins da escuridão, com a qual acabava se confundindo. Assim, esses raios divergentes, tornando-se cada vez menos espirituais e sendo incidentalmente repelidos pela escuridão, se condensavam, misturando-se com esta, e, assumindo forma material, engendravam todas as espécies de seres encontrados no mundo.

Aceitavam, pois, que entre o Ser supremo e o homem existia uma incalculável cadeia de seres intermediários cuja perfeição decrescia na medida de seu distanciamento do Princípio criador.

(…)

Para os gnósticos, esses seres intermediários eram Éons. Esse nome, que em egípcio significa Princípio de Vontade e se desenvolve por meio de uma faculdade plástica inerente, foi usado pelos gregos para significar um período infinito.

(…) uma das tábuas mágicas de Agrippa, a do Quaternário.

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.109-110.

Capítulo 5

A ordem é o próprio propósito

“O não-uso, além disso, seria reconhecido nesse mundo como propósito legítimo. Para ser reconhecido, deve servir à manutenção e perpetuação do todo ordenado. É a própria ordem, e somente ela, que não requer legitimação; ela é, por assim dizer, “seu próprio propósito”. Ela simplesmente é, e não adianta desejar que não fosse: isso é tudo o que precisamos ou podemos saber sobre ela. Talvez exista porque Deus a fez existir em Seu ato de Criação Divina; ou porque criaturas humanas, mas à imagem de Deus, a fizeram existir em seu trabalho continuado de projetar, construir e administrar. Em nossos tempos modernos, com Deus em prolongado afastamento, a tarefa de projetar e servir à ordem cabe aos seres humanos.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 1014.

Capítulo 2 | Individualidade

Capitalismo – pesado e leve

O nous é da própria essência de Deus

“O nous, ó Tat, é da própria essência de Deus (…) o nous não é separado da essencialidade de Deus, mas emitido como a luz do Sol. E esse nous, deveras, é Deus no homem.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 211.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus XII

Deus é invisível

“Então dizes que “Deus é invisível”? Bendize. E há alguém mais manifesto do que ele? Por isso mesmo ele fez todas as coisas, para que, através de todas as coisas o vejas. Isso é o Bem de Deus, e está é sua virtude: ser manifestado através de todas as coisas; pois nada é invisível, nem dos incorpóreos. O nous é visível no pensar, Deus é visível no fazer.

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 209.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus XI