Estranheza, um momento da filosofia

“Nossa sociedade, que se tornou um depósito de mercadorias. Ela está entupida com coisas de vida curta e propagandas. Ela perdeu toda alteridade, toda estranheza [Fremdheit]. Assim, também não é mais possível nenhum espanto.

A estranheza é, igualmente, um momento da filosofia. Ela inere ao próprio espírito. Assim, o espírito é, segundo sua essência, crítica.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 969-975.

Linguagem do outro

A negatividade é vivificante

“Justamente a negatividade é vivificante. Ela nutre a vida do espírito. O espírito obtém a sua verdade apenas ao encontrar a si mesmo na absoluta rasgadura. Apenas a negatividade do rasgo e da dor mantém o espírito vivo. O espírito é “esse poder”, “não como o positivo que olha para longe do negativo”. Ele é “esse poder apenas ao olhar o negativo nos olhos e se demorar nele”. Hoje, fugimos desesperadamente do negativo, em vez de nos demorarmos nele. O aferrar-se ao positivo reproduz, porém, apenas o igual.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 481.

Angústia

O homem exterior

“O homem exterior, por sua parte, se vê tão desassistido pelo espírito, que já não encontra coisa sobre a terra que possa recreá-lo, segundo seu instinto humano. Já não lhe resta outra consolação que Deus, que vai agindo tudo isto por amor e com grande misericórdia para satisfazer sua justiça. E entender que isto é assim lhe dá uma grande alegria e uma grande paz.

Todas estas coisas as vejo e as toco, mas não sei encontrar as palavras convenientes para expressar o que quereria dizer. O que eu disse, o sinto agir dentro de mim espiritualmente.”

Santa Catarina de Gênova. Tratado do Purgatório, Ed. Santa Cruz, 2019, Local: 630-638.

Capítulo I – Tratado do Purgatório

Jejum do exterior

Falta o espírito

“Espírito significa originalmente ser-fora-de-si ou comoção. A inteligência artificial pode até calcular muito rapidamente, mas a ela falta o espírito. Para ela, calcular a comoção seria apenas um incômodo.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 649.

Inteligência Artificial

Pentecostes

“As pessoas reunidas em Pentecostes, ao receberem o Espírito: eu as imagino cansadas, largadas nos bancos. A inspiração do cansaço diz menos sobre o que é para se fazer e mais sobre o que é para se deixar de fazer

(…)

É preciso, aí, comportar-se de modo inteiramente silencioso. […] Também é preciso se alienar da razoabilidade com que se cuida de negócios. É preciso privar seu espírito de todos os instrumentos e impedir, nisso, de servir como um instrumento. […] É preciso manter-se consigo mesmo, até que cabeça, coração e membros estejam em puro silêncio. Caso se alcance assim, porém, a suprema ausência de si, então, por fim, o fora e o dentro se tocam, como se explodisse um calço que dividiu o mundo…!*”

*MUSIL, R. Der Mann ohne Eigenschaften. Ed. Adolf Frisé. Reinbek, 1978, p. 1.234.

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 357-365.

Considerações sobre a inatividade

Deus é Amor

Assim, o método supremo para que o homem possa livrar-se da necessidade de colher os resultados de suas ações errôneas do passado consiste em abandonar sua condição de ser humano, convertendo-se em filho divino. As más ações de uma alma identificada com o corpo (isto é, como o ego) terão de ser punidas de acordo com a lei do karma; mas se a alma, por meio da meditação extática, libertar-se totalmente de sua identificação com o corpo e se perceber como a pura imagem do Espírito, ela não estará mais sujeita a punição por quaisquer erros que tenha cometido em sua condição humana.

Suponhamos que o poderoso monarca de uma nação se disfarce e vá até uma taverna de seu reino, embriagando-se a ponto de esquecer sua estatura, e dê início a uma violenta briga com um dos clientes. Os taberneiros o levam até o juiz, o qual havia sido indicado para o cargo pelo próprio rei. Quando o juiz está prestes a pronunciar a sentença, o monarca recupera suas faculdades, retira o disfarce e diz: “Eu sou o rei que o nomeou para o cargo de juiz e tenho poder para lançá-lo na prisão. Como você se atreve a condenar-me?” Similarmente, a alma soberana e sempre perfeita, enquanto identificada com o corpo, pode agir mal e ser condenada pelo juiz do karma; mas, quando identifica sua consciência com Deus – o Criador do juiz cármico -, então essa alma régia não está mais sujeita ao julgamento relativo às suas negligências do passado.

(…)

O amor por Deus – a entrega a Deus – destrói no homem o karma da ignorância. O amor puro – o amor divino – remove as barreiras que se interpõem entre o homem e seu Criador. A mulher pecadora que “muito amou” foi transformada pelo toque santificante desse amor.

(…)

Deus é amor. Ainda que a consciência externa esteja iludida ou sob a influência do mal, toda alma é um sagrado receptáculo pleno desse divino amor.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 99-100.

Capítulo 35: O Perdão dos Pecados.

Tornar-se Puro de Coração

A suprema experiência religiosa é a percepção direta de Deus, para a qual é necessário tornar puro o coração.”

Bhagavad Gita 

O iogue que, de maneira completa, tranquilizou a mente e controlou as paixões, livrando-as de toda a impureza, e que se unificou com o Espírito, ele verdadeiramente alcançou a suprema beatitude.

Com a alma unida ao Espírito com a yoga, tendo uma visão de igualdade para com todas as coisas, o iogue contempla seu Eu (unido ao Espírito) em todas as criaturas, e todas as criaturas no Espírito.

Aquele que Me percebe em toda parte e contempla todas as coisas em Mim nunca Me perde de vista, nem Eu jamais o perco de vista.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 486.

Capítulo 26: As Beatitudes. O Sermão da Montanha, Parte I.

Beatificar é Tornar Supremamente Feliz

Enquanto ensinava, Jesus fez com que suas sagradas vibrações e divina força vital emanassem através de sua voz e de seus olhos e se difundissem sobre os discípulos, tornando-os tranquilamente sintonizados e magnetizados, capazes de receber a plena medida de sua sabedoria por meio da compreensão intuitiva.

(…) Beatificar é tornar supremamente feliz; beatitude significa a felicidade, a bem-aventurança, do céu. *(…) princípios morais e espirituais cujo eco jamais decresceu ao longo dos tempos – princípios por meio dos quais a vida do homem se torna abençoada, repleta de bem-aven turança celestial.

A palavra “pobres”, utilizada na primeira Beatitude, significa estar destituído de qualquer refinamento superficial e exterior de riqueza espiritual. (…) Ser “pobre de espírito” é despojar o ser interior, o espírito, do desejo e apego por objetos materiais, posses terrenas, amigos materialistas e o amor humano egoísta.

*Nota:  “Beatificar” deriva do latim: beatus, feliz + facere, tornar. O termo utilizado para “bem-aventurados (…)” no texto original grego dos Evangelhos é makarios, que em latim corresponde a beati, do qual deriva beatitude em português, estado de bem -aventurança ou suprema alegria.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 480.

Capítulo 26: As Beatitudes. O Sermão da Montanha, Parte I.

Jejum e Cura

Um método físico de tratar a doença consiste em jejuar criteriosamente a fim de purificar o corpo de toxinas e rejuvenescer a força vital. No jejum, a vontade volta a depender do Espírito e retira energia da fonte cósmica, reforçando e estimulando a energia curativa no corpo.

(…)

Mas, qualquer que seja o método de tratamento adotado, o resultado – positivo ou negativo – é ainda assim determinado em boa medida pela mente.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 460.

Capítulo 25: A cura dos doentes.