“As pessoas reunidas em Pentecostes, ao receberem o Espírito: eu as imagino cansadas, largadas nos bancos. A inspiração do cansaço diz menos sobre o que é para se fazer e mais sobre o que é para se deixar de fazer
(…)
É preciso, aí, comportar-se de modo inteiramente silencioso. […] Também é preciso se alienar da razoabilidade com que se cuida de negócios. É preciso privar seu espírito de todos os instrumentos e impedir, nisso, de servir como um instrumento. […] É preciso manter-se consigo mesmo, até que cabeça, coração e membros estejam em puro silêncio. Caso se alcance assim, porém, a suprema ausência de si, então, por fim, o fora e o dentro se tocam, como se explodisse um calço que dividiu o mundo…!*”
*MUSIL, R. Der Mann ohne Eigenschaften. Ed. Adolf Frisé. Reinbek, 1978, p. 1.234.
HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 357-365.
Considerações sobre a inatividade