Morte de Cristo

“O homem do Sudário morreu por crucifixão, isto é, em consequência da asfixia que dela resultou. A posição de um crucificado, com os braços presos no alto e o corpo pendurado dos mesmos, acaba por dificultar os movimentos da caixa torácica, iniciando um processo de asfixia. Para respirar, o condenado precisa erguer o corpo, flexionando os braços e apoiando-se tanto quanto possível nas pernas, esticando-as ao máximo para que o corpo suba.

O Sudário indica tanto a posição normal como a posição erguida: esta, resultante do esforço para respirar, aquela indicando a posição caída, determinada pelo cansaço. Dois fluxos de sangue, com uma divergência aproximada de 10 graus, se percebem imediatamente nos antebraços, especialmente no braço esquerdo, indicando as duas posições do corpo (fig. 6).

(…)

(…) o homem do Sudário não teve as pernas quebradas. Diz São João: Como era dia da Preparação (da Páscoa), para que os corpos não ficassem na cruz em dia de sábado, por ser grande dia aquele sábado, os judeus rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e os tirassem. Vieram, pois, os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele estava crucificado. Chegando a Jesus, como-o viram já morto, não lhe quebraram as pernas… (Jo 19, 31-34).”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 34-35.

Punhos e Pés Cravados

“(…) a palavra hebraica Yad, usada na profecia messiânica – trespassaram -lhe as mãos e os pés (SI 22, 16)-, era usada com grande variedade de aplicações, chegando a designar o antebraço e até o cotovelo.

Os crucificados não eram pregados na cruz atravessando-lhes a palma da mão, pois desse modo as mãos se rasgariam e o corpo certamente se desprenderia da cruz.  No pulso localiza-se o espaço de Destot que, atravessado pelo prego e amparado nos ossos que o rodeiam, pode sustentar o peso do corpo e permitir-lhe os movi mentos necessários para a frente e para trás. (fig. 7).

Durante muito tempo, uma observação atenta do lençol teria levado à conclusão de que o homem do Sudário tinha apenas quatro dedos: não se descobriam sinais do polegar. Foi um cirurgião de Paris, o Dr. Barbet, quem achou a explicação: um prego introduzido no espaço de Destot secciona ou prejudica necessariamente o nervo mediano, o nervo que flexiona os polegares, fazendo-os encolher-se para o interior da mão. Pesquisas recentes, feitas por computador, obtiveram imagens em que se observa que os polegares do homem do Sudário estão presentes na figura, mas dobrados bem junto da palma da mão.

O espaço de Destot só foi descrito anatomicamente no século XIX. Como poderia um pintor ou um eventual falsificador saber das consequências que um prego nele cravado provocaria no polegar, de modo a reproduzi-las na mortalha?” (!)

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 32-33.

Coroa de Espinhos

“As pessoas condenadas a morrer numa cruz costumavam ser salteadores, escravos que tinham praticado algum crime especialmente grave, ou agitadores que tivessem cometido um delito contra o Estado romano. Evidentemente, essas pessoas não eram coroadas como reis antes de serem crucificadas. Nenhum documento antigo nos fala disso.

(…)

(…) Os soldados romanos tinham ouvido os chefes judeus acusarem Jesus de blasfemar porque se dizia Deus; e sabiam que, à pergunta de Pilatos: És tu o rei dos judeus?, Jesus respondera: Tu o dizes, eu sou rei. Para isto nasci e para isto vim ao mundo para dar testemunho da verdade (Jo 18, 37).

(…) Então os soldados do procurador, conduzindo Jesus ao Pretório, reuniram ao redor dele toda a coorte. E despojando-o das vestes, lançaram- lhe em cima um escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram- lha na cabeça, e na mão direita uma cana; e dobrando o joelho diante dele, diziam escarnecendo: «Salve, rei dos judeus». Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da cana, davam-lhe golpes na cabeça (Mt 27, 27-30).

(…) toda a calota craneana apresenta feridas resultantes de objetos perfurantes finos, que coincidem com os espinhos de uma possível coroa em forma de capacete, capazes (…)”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 30-31.

Corpo Flagelado

“Mateus, Marcos e João relatam que Pilatos, tentando demover a multidão, que exigia a crucifixão de Cristo, manda os soldados romanos açoitarem Jesus (cf. Jo 19, 1; Mt 27, 26, Mc 15, 16). (…)

Os romanos não flagelavam os condenados à crucifixão, a não ser moderadamente e enquanto estes transportavam a cruz até o lugar de execução. Ora, o Sudário revela traços de feridas que mostram ter o homem de Turim sido brutalmente flagelado por todo o corpo, a exceção da cabeça, pés e antebraços (fig. 3).

As feridas são numerosas, entre 110 e 120, e tanto pelo tamanho como pela forma são idênticas às produzidas pelo flagrum taxillatum romano, o «horrível flagelo»> um açoite de correias com pedaços de chumbo ou ossos de arestas cortantes nas pontas. (…) Tanto pelo número de chicota das -os judeus estavam proibidos pela lei de ultrapassar os 40 açoites (Dt 25, 3)-, como pelo flagelo empregado, vê-se que há coincidência com os dados do Evangelho: o castigo foi aplicado pelos soldados romanos.

Pelo ângulo das chicotadas, pode-se inferir que eram dois os algozes (…) Esta comprovação exclui que a flagelação tivesse ocorrido enquanto o condenado transportava a cruz (…) É outra coincidência com o Evangelho.

a coincidência mais importante com o relato evangélico é a que explica a crueldade ex cepcional da flagelação que, como vimos, não era usual aplicar previamente a um condenado à crucifixão.

(…) Mas a vista de Jesus desfeito pelos azorragues deixou o povo ainda mais raivoso: Fora com ele! Crucifica-o!, clamavam. Depois de uma nova tentativa, Pilatos, acovardado, cede: Então entregou-o a eles para que a crucificassem (Jo 19, 15-16). A mudança de opinião de Pilatos é o que explica, pois, a sucessão dos dois suplícios que Jesus sofreu, à diferença do comum dos condenados.

(…) os antebraços de Jesus não foram atingidos pelos flagelos, e isto indica que foi acoitado antes de carregar-a-cruz, pois os braços estavam atados à coluna, e por tanto fora do alcance dos acoites.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 28-30.