Trunfos e cartas menores – Paus

“O Louco (0), e O Mundo (21) – com ambos contendo a totalidade da experiência (…)

Paus

Elemento: Fogo, energia masculina básica, yang.

“Arma” Mágica A varinha do Mago

Hermes, deus da magia, da energia criativa masculina, guía das almas e trapaceiro.

Paus são ativos, de mente forte, corajosa, otimista, enérgica e aventureira. (…) pessoas de assumir responsabilidade em demasia ou ter expectativas irreais (…)Espadas permitem que a energia de Paus pense nas coisas com mais cuidado, enquanto Ouros podem torná-los mais práticos.

Ás de Paus

O Ás é a carta primária, a mais pura das dez cartas numeradas.

As folhas que caem do bastão na versão Rider têm a forma de Yods, a primeira letra do Nome sagrado, Yod-Heh-Vav-Heh, e também a primeira de Yeshua, a palavra hebraica para Jesus. O As de Paus é a dádiva da própria vida.

É a monada, indiferenciada (…)

LEITURAS: Energia, vida, saúde, coragem, vigor, sim plicidade, entusiasmo, o começo de algo excitante.

Dois de Paus

Com dois, temos a possibilidade de espelhamento, de energia separada para permitir que algo surja. (…)O fogo não gosta de ser contido, pois assim se extinguiria. Ele precisa de novas experiências ou fomen- tos para sustentá-lo.

LEITURAS: Escolha (…) Busca da sabedoria inerente à energia do fogo.

Três de Paus

(…) “compreensão”, (…) compreen der o fogo – encontrar significado nele, perceber como usá-lo.(…) o fogo a energia vital.

Binah também é a Grande Mãe, a deusa de quem o mundo se origina. O que pode ser a mãe do fogo? (…)A ideia pitagorica enfatiza a energia renovada, a unidade restaurada no mundo criativo.

Minha leitura geral do número três aponta para atividades em grupo, ou em família, mas possivelmente em uniões triangulares, Assim, o Très de Paus pode in dicar pessoas compartilhando atividades criativas.

LEITURAS – Energia manifestada, chegando a uma com preensão do que a energia criativa tem significado em sua vida.

Quatro de Paus

(…) o número quatro significa estrutura, matéria e estabilidade do mundo físico.

(…) um caramanchão ou pergolado simples feito de te quatro postes e um dossel de flores. Aqui, o fogo tor- na-se estruturado, mas de forma aberta e disponível e a serviço da celebração e do festejo dos celebrantes (Emanação) que vem em nossa direção.

LEITURAS- Estruturas simples, energia vital definida formada, visível. A descoberra de meras. Pessoas celebrando juntas. Uma explosão de emoção e energia. Possivelmente casamento.

Cinco de Paus

Gevurah é o lugar áspero na Árvore da Vida, um lugar de contração e de adversidade. (…) é como se a competição energizasse ao invés de prejudicar. (…) podemos pensar em uma chama que queima o que é velho e fraco.

O conceito pitagórico de cinco é mais extremado-semidivindade e abertura para uma consciência superior. Podemos entender isso melhor se virmos a cabeça como a quinta ponra na estrela de cinco pontas do corpo. (…) senso de múltiplas possibilidades na vida.

Seis de Paus

(…)Qual é a harmonia do fogo? 2) O que a sustenta? e (3) O que a enfraquece?

(…) indica pessoas que compartilham excitação e entusiasmo.

Sua confiança os inspira, e é assim que ele (…) expressa a generosidade do naipe de Paus.

LEITURAS- Situações emocionantes e harmoniosas ao mes mo tempo.

Sete de Paus

As cartas de número sete me parecem apontar para criatividade e inventividade, ter a consciência das pos sibilidades após a harmonia presente nas de número seis.

A representação humana da versão Rider é ativa, aparentemente armando-se contra as figuras de baixo, embora apenas vejamos seus bastões se estenden do em direção a ele. O tema da consciència surge com o conhecimento de que ele deve permanecer no topos trata-se de uma figura de tensão, incapaz de relaxar.

Sete é um número do cosmos, para as sete esferas planetá- rias, mas também de nós mesmos, para os sete chacras

LEITURAS-Forças dinâmicas, enérgicas, criativas, possivelmente agressivas. Há uma necessidade de nos abrirmos ao fogo em vez de usá-lo contra os outros – Ou simplesmente usá-lo para nos mantermos por cima.

Oito de Paus

(…) a necessidade de se tornar uma pessoa enérgica – alguém obstinado que, no entanto, age apenas de acordo com ideais cuidadosamente pensados.

A ideia pitagórica enfatiza tanto a estabilidade quanto a espiritualidade. Como o fogo se torna estável? Talvez seja apenas dando-lhe um propósito maior, a serviço de alguma ação ou energia do espírito.

(…) sendo provavelmente mais forte em Paus o que faz sentido, já que é o naipe mais dinâmico. (…) de todas as cartas de Paus, a de número oito é aquela que comunica pura energia. Ao mesmo tempo, os bastões vindos do céu parecem inclinadas para o chão, como se estivessem prestes a encontrar a estabilidade.

LEITURAS- Movimento, rapidez, rumo à estabilidade. (…) agindo a partir de ideias e construções mentais, de buscar a coisa certa a se fazer.

Nove de Paus

Nove é o número da conclusão, tanto por ser o último digito único quanto pelos nove meses de gravidez. As sim, cada nove deve mostrar de alguma forma o cumprimento final de seu respectivo naipe. (…) a figura dessa carta mostra alguém que se mantém muito forte e musculoso enquanto olha cautelosamente por cima do ombro para a fileira de bastões alinha- dos atrás dele. (…) E observe também a bandagem na cabeça do personagem, a representar a ferida psíquica de sua postura defensiva. A versão Rider do Nove de Paus pode mostrar alguém que teve que lutar por muito tempo e que agora não pode nem desistir da bata- lha, nem confiar nas pessoas.

LEITURAS – (…) a imagem é de coragem e força em uma situação tensa. Também comunica atitude defensiva. (…) ela se torna uma carta de plenitude de energia, criatividade, entusiasmo e inspiração.

Dez de paus

(…) na versão Rider, ver- mos a ideia de excitação ardente por ter assumido mui- tas responsabilidades ou por estar apenas sobrecarregado pelos fardos da vida diária. E se pensarmos no tipo de pessoa que podemos associar ao fogo – alguém carismático, entusiasmado, que ama a vida em todas as suas emoções.

(…) Dez de Fo go tudo que é novo se torna um galho de consciência.

LEITURAS – Com o baralho Rider, depreende-se o sentido de estar sobrecarregado de responsabilidades. (…) pode ser uma carta de vida nova e maior consciência do significado de suas ações e entusiasmos.

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág. 341-365.

Os Naipes

“Encontramos o número quatro nas estruturas mais básicas de nossas vidas, dos quatro pontos necessários para formar a estrutura sólida mais simples, aos quatro membros do corpo humano, às quatro direções de frente, trás, di- reita e esquerda, às quatro dimensões terrenas causadas pela Terra girando em um eixo polos Norte e Sul, com o sol nascendo no Leste e se pondo no Oeste até as quatro estações marcadas pelos solstícios e equinócios. Ne- nhuma dessas estruturas são invenções humanas.

Vejamos um pouco da história desses naipes. Historiadores especializados em cartas acreditam que os naipes vieram diretamente das cartas de baralho mamelucas originalmente trazidas do norte da Africa – no contrário dos Arcanos Maiores, que parecem ter sido inventados na Europa.

Muito mais tarde, a Ordem Hermética da Aurora Dourada deu a eles o nome mais mágico de Varinhas (Wands), pois a Golden Dawn des drutu os quatro objetos de naipe como “armas” mágicas.

Macgregor Mathers mudou isso para Pentáculo, uma estrela de cinco pontas (chamada pentagrama) dentro de um círculo. Este tornou-se o nome do naipe para a Golden Dawn (…) meu Shining Tribe Tarot. Nele, eu realmente mudei todos os emblemas de objetos feitos por humanos para aspectos da natureza Árvores para Paus, Rios para Copas, Pássaros para Espadas e Pedras para Ouros.

Uma visão dos naipes os descreve como representativos das classes medievais. Paus significam a classe camponesa, Copas, o sacerdócio – em virtude dos cálices usados na comunhão; Espadas, a aristocracia; e Ouros, a classe mercantil (…)  Aqui está uma versão moderna: Paus podem representar pessoas da classe trabalhadora; Copas as artes e os serviços sociais – incluindo figuras religiosas; Espadas, os militares e a poli cia, mas também a lei e o governo; e Ouros, empresários e administradores.

Para alguns, eles sugeriram as quatro “reliquias” do Santo Graal, para usar o termo no tarot Arturiano de Caitlin e John Matthews. As taças são o próprio Graal, o suposto cálice usado por Cristo para introduzir a comunhão na Última Ceia- “Esse é depois usado para coletar seu sangue quando pendurado na cruz. Os outros o meu sangue, sendo naipes derivariam assim de uma lança, uma espada e um disco que aparecem de fato nas histórias do Graal.

Paus pertencem a Hermes, deus da magia, da rapidez e da mudança, e portador do caduceu, a “varinha mágica” definitiva. As taças, tantas vezes vistas como o naipe do amor, apontam assim para Afisdite, deu sa do amor, da beleza e da sensualidade. O “elemento” de Copas é a Agua, e Afrodite nasceu do mar. Espadas combinam com Apolo, pois este é o naipe da mente, e os gregos viam o deus como o portador da civilização e o pat de artes e das polo tambem for um guerreiro e un conquistar -aludindo assim ao lado violento de Espadas. Também podemos ver Espa das como Atena, deusa guerreira da sabedoria e da justiça – embora e naipe provavelmente combine mais com uma figura masculina, Ouros/Pentáculos/ Moedas, o naipe mais terreno e material, evoca Gaia, deusa da própria Terra.

Gertrude Moakley, estudiosa do tarot Visconti-Sforza, identificou cada naipe com uma das Virtudes Cardeais da Idade Média. Nessa acepção, o naipe de Paus representaria Fortitude; Copas, Temperança, Espadas, Justiça, e Ouros (Moedas), Prudência.

Eu diria que Paus nos inspiram à ação, Copas servem para cura, Espadas motivam à comunicação e/ou ao conflito, e Ouros nos ajudam a entender o valor do dinheiro e do trabalho.

(…)

De longe, a associação mais comum com os naipes no tarot moderno são quatro “elementos” – Fogo, Agua, Ar e Terra – identificados pela primei avez pelo filósofo grego pré-socrático Empedocles.

Yang e yin, para usar os termos chineses – nos naipes, com Paus e Espadas como masculinho/yang e Copas e Ouros como feminino/yin.

(…) a Golden Dawn forma o padrão, que funciona da seguinte de Paus de Fogo, Copas de Agua, Espadas de Ar, Ouros (Moedas) de Terra. (…) A maioria dos decks, no entanto, e gue a Golden Dawn, sendo este o sistema que usaremos aqui.

O tarot também reconhece um quinto elemento, chamado Quintessência, ou Eter. Este é o elemento do espírito, incorporado nos Arcanos Maiores.(…) em vez disso, descreve uma substância sem forma e indetectável que supostamente permeia toda a existência. Acreditava-se que o éter era o meio pelo qual as ondas de luz viajavam pelo espaço.

O fogo representa a primeira centelha de criação, calor, ação, energia, confiança. A água expressa sentimentos, principalmente amor e relacionamentos, imaginação, intuição, família. O ar nos aponta para a mente que, assim como ele, não podemos ver, mas que nos afeta constante e fortemente. Podemos sentir o ar de forma suave, como na contemplação, ou descontrolada mente, como na raiva, como em uma tempestade. (…) Por sua vez, o elemento Terra evoca solidez e estabilidade. O emblema moderno, Ouros (Pentáculos), sugere magia, então para muitas pessoas o naipe de Ouros referiria à magia da natureza.

Paus (Batões, Bastões, Cajados, Árvores): Fogo, masculino, básico; ação, otímismo, aventura, força, competição.

Copas (Calices, Vasos, Rios): Água, feminino, básico; emoção, amor, relacionamento, imaginação, felicidade, tristeza, família.

Espadas (Láminas, Pássaros): Ar, masculino, mais complexo; atividade mental, conflito, heroísmo, dor, justiça, injustiça.

Ouros (Pentáculos, Moedas, Discos, Pedras): Terra, feminino, mais complexo; natureza, trabalho, dinheiro, posses, segurança.

Arcanos Maiores (Trunfos, Chaves): Luz, andrógino/hermafrodita, espiritualidade; Ideias herméticas, exílio e retorno, professores, mestres, libertação.

Paus e Copas tendem a ser positivas e otimistas, com Espadas e Ouros sendo naipes mais sombrios, mais desafiadores. Ao mesmo tempo, Paus e Ouros lidam com ação e trabalho, elementos e coisas externas a nós mesmos, enquanto Copas e Espadas lidam com as qualidades intangíveis da emoção e do pensamento, que partem de dentro de nós.

(…) precisamos considerar mais um símbolo de quatro que é vital para os Arcanos Menores. Este é o chamado Tetragrammaton ou Tetragrama – o nome de Deus formado por quatro letras hebraicas, geralmente traduzido como “senhor” ou “Lord” nas Biblias (….)

יהוה

A tradição considera esta palavra impronunciável – constituindo Yod-Heh-Vav-Heh.

Os cabalistas veem o Nome divino como uma fórmula de criação, e esse conceito pode nos ajudar a entender os naipes e sua relação entre si. Yod- Paus é a primeira faisca, ou desejo, para criar, vindo diretamente do Espi rito. A primeira Heh-Copas recebe e germina o impulso criativo. Gênesis nos diz: “Havia trevas sobre a face do Abismo. E Deus disse: Haja luz. A luz penetra profundamente na escuridão, ou, em outros termos, Yod entra em Heh. Vav – Espadas-desenvolve a centelha original, a forma como a letra estende a imagem curta e em forma de gota de Yod. Finalmente, o segundo Heh-Ouros nos revela a criação finalizada. Esse padrão vale para o cosmos e também para qualquer coisa criada, desde um bebé até uma pintura ou uma mesa. Podemos ver o padrão na forma de um triângulo.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág. 301-310.

O fogo como o instrumento de criação

É necessário, ó filho, o ouvinte compreender o falante, e ser de mesma mente e ter a audição mais aguçada do que a voz do falante; a composição desses indumentos, o filho, vem a ser com corpo terreno, pois é possível o nous, ele por si mesmo, fixar-se nu em um corpo terreno, pois, nem é possivel um corpo terreno aguentar tão grande imortalidade, nem tal virtude tolerar um corpo passivo tendo boas relações consigo, portanto, recebeu a alma como um véu, mas a alma sendo algo divino, usa o pneuma como ajudante; porém, o pneuma rege o vivente.

(…) Porém o nous sendo o mais penetrante de todos os desígnios divinos, também tem o corpo mais sutil de todos os elementos, o fogo; pois o nous sendo Demiurgo de todos, usa o fogo como o instrumento para a criação; e, de fato, o nous do Todo é Demiurgo de todas as coisas, mas o nous do homem é Demiurgo somente das coisas sobre a terra; pois, nos homens, estando desnudo do fogo, sendo humano pela ação de habitar, o nous não pode criar as coisas divinas.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 191.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus X

Salvação do homem

“Porém todas as coisas dependem de um princípio. E o princípio é do Um e Único.”

(…)

“Isso é a única salvação para o homem: a gnose de Deus.”

“(…) e a mente, depois de ter vindo a ser limpa dos indumentos, sendo divina por natureza, recebe um corpo de fogo e anda por todo lugar, tendo deixado a alma ao julgamento justo segundo a dignidade.

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 189.

Parte II- Corpus Hermeticum Graecum.

Lilellus X

O fogo do amor espiritual

“(…) reacendia-se o fogo do amor espiritual, espargindo suas sementes de amizade verdadeira sobre todo o amor. E como? Com castos abraços, com terno afeto, com ósculos santos, uma conversa amiga, sorrisos modestos, semblante alegre, olhar simples, ânimo suplicante, língua moderada, respostas afáveis, o mesmo desejo, pronto obséquio e disponibilidade incansável.”

Frei Tomás de Celano. Primeira Vida: Vida de São Francisco de Assis Escrita em 1228 D.C, Ed. Família Católica,2018, Local: 622.

PRIMEIRO LIVRO

Capítulo 15- Fama de São Francisco

O fogo encerrado na lareira

“O fogo, liberto de afazeres práticos, estimula a fantasia. Ele se torna um meio da inatividade:

O fogo encerrado na lareira foi certamente o primeiro tema de devaneio para o ser humano, símbolo do repouso, convite ao repouso. […] Assim, acreditamos que não se entregar ao devaneio diante do fogo é perder o uso verdadeiramente humano e primeiro do fogo. […] Só recebemos o bem-estar do fogo se apoiamos os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos. Essa atitude vem de longe. A criança junto ao fogo a adota naturalmente. Não por acaso, é a atitude do pensador. Determina uma atenção muito particular que nada tem em comum com a atenção da espreita ou da observação. […] Perto do fogo, é preciso sentar-se; é preciso repousar sem dormir.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 122.

Considerações sobre a inatividade