Os Naipes

“Encontramos o número quatro nas estruturas mais básicas de nossas vidas, dos quatro pontos necessários para formar a estrutura sólida mais simples, aos quatro membros do corpo humano, às quatro direções de frente, trás, di- reita e esquerda, às quatro dimensões terrenas causadas pela Terra girando em um eixo polos Norte e Sul, com o sol nascendo no Leste e se pondo no Oeste até as quatro estações marcadas pelos solstícios e equinócios. Ne- nhuma dessas estruturas são invenções humanas.

Vejamos um pouco da história desses naipes. Historiadores especializados em cartas acreditam que os naipes vieram diretamente das cartas de baralho mamelucas originalmente trazidas do norte da Africa – no contrário dos Arcanos Maiores, que parecem ter sido inventados na Europa.

Muito mais tarde, a Ordem Hermética da Aurora Dourada deu a eles o nome mais mágico de Varinhas (Wands), pois a Golden Dawn des drutu os quatro objetos de naipe como “armas” mágicas.

Macgregor Mathers mudou isso para Pentáculo, uma estrela de cinco pontas (chamada pentagrama) dentro de um círculo. Este tornou-se o nome do naipe para a Golden Dawn (…) meu Shining Tribe Tarot. Nele, eu realmente mudei todos os emblemas de objetos feitos por humanos para aspectos da natureza Árvores para Paus, Rios para Copas, Pássaros para Espadas e Pedras para Ouros.

Uma visão dos naipes os descreve como representativos das classes medievais. Paus significam a classe camponesa, Copas, o sacerdócio – em virtude dos cálices usados na comunhão; Espadas, a aristocracia; e Ouros, a classe mercantil (…)  Aqui está uma versão moderna: Paus podem representar pessoas da classe trabalhadora; Copas as artes e os serviços sociais – incluindo figuras religiosas; Espadas, os militares e a poli cia, mas também a lei e o governo; e Ouros, empresários e administradores.

Para alguns, eles sugeriram as quatro “reliquias” do Santo Graal, para usar o termo no tarot Arturiano de Caitlin e John Matthews. As taças são o próprio Graal, o suposto cálice usado por Cristo para introduzir a comunhão na Última Ceia- “Esse é depois usado para coletar seu sangue quando pendurado na cruz. Os outros o meu sangue, sendo naipes derivariam assim de uma lança, uma espada e um disco que aparecem de fato nas histórias do Graal.

Paus pertencem a Hermes, deus da magia, da rapidez e da mudança, e portador do caduceu, a “varinha mágica” definitiva. As taças, tantas vezes vistas como o naipe do amor, apontam assim para Afisdite, deu sa do amor, da beleza e da sensualidade. O “elemento” de Copas é a Agua, e Afrodite nasceu do mar. Espadas combinam com Apolo, pois este é o naipe da mente, e os gregos viam o deus como o portador da civilização e o pat de artes e das polo tambem for um guerreiro e un conquistar -aludindo assim ao lado violento de Espadas. Também podemos ver Espa das como Atena, deusa guerreira da sabedoria e da justiça – embora e naipe provavelmente combine mais com uma figura masculina, Ouros/Pentáculos/ Moedas, o naipe mais terreno e material, evoca Gaia, deusa da própria Terra.

Gertrude Moakley, estudiosa do tarot Visconti-Sforza, identificou cada naipe com uma das Virtudes Cardeais da Idade Média. Nessa acepção, o naipe de Paus representaria Fortitude; Copas, Temperança, Espadas, Justiça, e Ouros (Moedas), Prudência.

Eu diria que Paus nos inspiram à ação, Copas servem para cura, Espadas motivam à comunicação e/ou ao conflito, e Ouros nos ajudam a entender o valor do dinheiro e do trabalho.

(…)

De longe, a associação mais comum com os naipes no tarot moderno são quatro “elementos” – Fogo, Agua, Ar e Terra – identificados pela primei avez pelo filósofo grego pré-socrático Empedocles.

Yang e yin, para usar os termos chineses – nos naipes, com Paus e Espadas como masculinho/yang e Copas e Ouros como feminino/yin.

(…) a Golden Dawn forma o padrão, que funciona da seguinte de Paus de Fogo, Copas de Agua, Espadas de Ar, Ouros (Moedas) de Terra. (…) A maioria dos decks, no entanto, e gue a Golden Dawn, sendo este o sistema que usaremos aqui.

O tarot também reconhece um quinto elemento, chamado Quintessência, ou Eter. Este é o elemento do espírito, incorporado nos Arcanos Maiores.(…) em vez disso, descreve uma substância sem forma e indetectável que supostamente permeia toda a existência. Acreditava-se que o éter era o meio pelo qual as ondas de luz viajavam pelo espaço.

O fogo representa a primeira centelha de criação, calor, ação, energia, confiança. A água expressa sentimentos, principalmente amor e relacionamentos, imaginação, intuição, família. O ar nos aponta para a mente que, assim como ele, não podemos ver, mas que nos afeta constante e fortemente. Podemos sentir o ar de forma suave, como na contemplação, ou descontrolada mente, como na raiva, como em uma tempestade. (…) Por sua vez, o elemento Terra evoca solidez e estabilidade. O emblema moderno, Ouros (Pentáculos), sugere magia, então para muitas pessoas o naipe de Ouros referiria à magia da natureza.

Paus (Batões, Bastões, Cajados, Árvores): Fogo, masculino, básico; ação, otímismo, aventura, força, competição.

Copas (Calices, Vasos, Rios): Água, feminino, básico; emoção, amor, relacionamento, imaginação, felicidade, tristeza, família.

Espadas (Láminas, Pássaros): Ar, masculino, mais complexo; atividade mental, conflito, heroísmo, dor, justiça, injustiça.

Ouros (Pentáculos, Moedas, Discos, Pedras): Terra, feminino, mais complexo; natureza, trabalho, dinheiro, posses, segurança.

Arcanos Maiores (Trunfos, Chaves): Luz, andrógino/hermafrodita, espiritualidade; Ideias herméticas, exílio e retorno, professores, mestres, libertação.

Paus e Copas tendem a ser positivas e otimistas, com Espadas e Ouros sendo naipes mais sombrios, mais desafiadores. Ao mesmo tempo, Paus e Ouros lidam com ação e trabalho, elementos e coisas externas a nós mesmos, enquanto Copas e Espadas lidam com as qualidades intangíveis da emoção e do pensamento, que partem de dentro de nós.

(…) precisamos considerar mais um símbolo de quatro que é vital para os Arcanos Menores. Este é o chamado Tetragrammaton ou Tetragrama – o nome de Deus formado por quatro letras hebraicas, geralmente traduzido como “senhor” ou “Lord” nas Biblias (….)

יהוה

A tradição considera esta palavra impronunciável – constituindo Yod-Heh-Vav-Heh.

Os cabalistas veem o Nome divino como uma fórmula de criação, e esse conceito pode nos ajudar a entender os naipes e sua relação entre si. Yod- Paus é a primeira faisca, ou desejo, para criar, vindo diretamente do Espi rito. A primeira Heh-Copas recebe e germina o impulso criativo. Gênesis nos diz: “Havia trevas sobre a face do Abismo. E Deus disse: Haja luz. A luz penetra profundamente na escuridão, ou, em outros termos, Yod entra em Heh. Vav – Espadas-desenvolve a centelha original, a forma como a letra estende a imagem curta e em forma de gota de Yod. Finalmente, o segundo Heh-Ouros nos revela a criação finalizada. Esse padrão vale para o cosmos e também para qualquer coisa criada, desde um bebé até uma pintura ou uma mesa. Podemos ver o padrão na forma de um triângulo.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág. 301-310.

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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