O fascínio Irresistivel das Histórias

“As histórias ajudaram a nos tornar quem somos (…) Dados de pesquisas arqueológicas e estudos antropológicos levam a crer que a mente humana evoluiu em paralelo com a narração de histórias.

Há cerca de um milhão de anos, os hominídeos, nossos ancestrais, começaram a controlar o uso do fogo, e, ao que parece, isso exerceu impacto enorme na evolução deles. O controle lhes proporcionou aquecimento e defesa contra predadores, além de lhes permitir cozinhar alimentos, o que gerou consequências importantes para o crescimento do cérebro. No entanto, aconteceu também outra coisa.

O fogo criou um novo estímulo aos vínculos sociais. O calor e a luz uniam as pessoas ao cair da noite. Isso parece ter ocorrido em todas as culturas anti- gas de caçadores e coletores ao longo dos últimos trezentos mil anos.

E o que eles faziam durante o tempo que passavam juntos? Aparentemente, uma forma de interação social passou a predominar em muitas culturas: a narração de histórias.

A antropóloga Polly Wiessner (…) culturas coletoras: Casos que traziam indivíduos de lugares distantes para junto da fogueira e para o coração e a mente dos ouvintes.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 68.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Narração.

Estrutura para Criar uma História

*Cria a linha mestra. (É simplesmente o arco narrativo da história.)

*Se a história for envolvente, você obtém uma reação intensa da plateia. Caso a história seja a seu respeito, você cria empatia em relação a algumas coisas pelas quais mais preza.

*Você não esquece o que vai dizer porque a estrutura é linear; e para seu cérebro é muito fácil lembrar fatos em sequência.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 71.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Narração.

Como contar uma História

Ao contar uma história num palco, lembre-se de quatro pontos principais:

*Fundamente-a num personagem pelo qual a plateia possa sentir empatia.

*Construa tensão, seja mediante curiosidade, intriga social ou perigo real

*Dê o nível correto de detalhes. Se forem insuficientes, a história não será vivida; se forem excessivos, ela se arrastará.

*Termine com uma resolução satisfatória, seja ela engraçada, comovente ou reveladora.

(…)

Uma vez, quando eu tinha oito anos, meu pai me levou para pescar. Estávamos num barco minúsculo, a oito quilômetros da praia, quando caiu uma tempestade. Papai pôs um colete salva-vidas em mim e murmurou em meu ouvido: “Filho, você confia em mim?” Assenti. Ele me jogou para fora do barco. [Pau- sa.] Isso mesmo, sem brincadeira. Ele me jogou no mar! Caí na água e voltei à superficie, tentando respirar. A água estava incrivelmente gelada. As ondas eram assustadoras. Monstruosas. Em seguida, papai também mergulhou. Apa- vorados, vimos o barquinho virar e afundar. Mas papai me segurou o tempo todo, dizendo que tudo ia dar certo. Quinze minutos depois, chegou o helicóp- tero da Guarda Costeira. Eu soube depois que, como sabia que o barco estava danificado e iria afundar, papai havia chamado a Guarda Costeira, dando nossa localização exata. Achou que era melhor me jogar no mar do que correr o risco de ficarmos presos quando o barco virasse. E foi assim que aprendi o verdadei ro significado da palavra “confiança”

E eis aqui a forma como não se deve contar essa história:

Aprendi o que é confiança com meu pai, quando eu tinha oito anos e fomos apa nhados por uma tempestade quando estávamos pescando cavala. Ainda não tinhamos pegado nenhuma quando a tempestade caiu. Papai sabia que o barco ia afundar, porque era um daqueles barcos infláveis da marca Saturn, que em geral são bem fortes. Mas um dia esse tinha sofrido um furo, e papai achou que isso poderia acontecer de novo. De qualquer forma, a tempestade era forte demais para um bar- co inflável, e ele já estava se enchendo de água. Por isso, papai ligou para o serviço de salvamento da Guarda Costeira, que na época ficava à disposição 24 horas por dia, todos os dias da semana, ao contrário de hoje. Ele informou a nossa localiza- ção, e aí, para evitar o risco de ficarmos presos debaixo do barco, pôs um colete salva-vidas em mim, me jogou na água e depois também pulou do barco. Ficamos à espera da Guarda Costeira, e, de fato, quinze minutos depois o helicóptero apa- receu acho que era um Sikorsky MH-60 Jayhawk- e nos levou em segurança.

(…) Se você vai contar uma história, certifique-se de saber por que a está contando, elimine todos os detalhes desnecessários para demonstrar o que deseja e inclua informações que permitam aos ouvintes imaginar vividamente o que aconteceu.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 70-71.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Narração.

Imaginar, Sonhar e Compreender

“Segundo a dra. Wiessner, essas histórias desempenharam um papel crucial na expansão da capacidade humana de imaginar, sonhar e compreender os pensamentos alheios.

Graças às longas eras em que ouvimos histórias ao redor de fogueiras, nossa mente acompanha uma narrativa muito bem.

(…) é natural que, ao escutar uma história, o ouvinte mostre empatia com as experiências vividas pelos personagens. Ele se vê imerso em seus pensamentos e emoções. Na verdade, sente fisicamente o que os personagens sentem; se eles estiverem estressados, empolgados ou eufóricos, o mesmo acontecerá com o ouvinte. E isso o leva a se interessar pelo desfecho, prende sua atenção.

Quais são os elementos de uma boa história? A fórmula clássica consiste em: um protagonista luta por um objetivo, encontra um obstáculo inesperado e disso resulta uma crise. O protagonista tenta superar o obstáculo, o que leva a um climax e, por fim, a um desenlace. (Também pode haver interrupções e reviravoltas no enredo.)

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 69.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Narração.

Conte Uma História

Histórias podem estabelecer brilhante mente o contexto de uma palestra e fazer o público se interessar por um assunto.

Quando consegue unir humor, autodepreciação e insight na mesma história, você já tem um começo vitorioso.

As histórias com potencial para gerar a melhor sintonia são as relacionadas a você ou a pessoas próximas. Contados com verossimilhança, casos de fracasso, constrangimento, azar, perigo ou desastre são muitas vezes o momento em que os ouvintes passam da atenção convencional ao interesse profundo.

A recomendação básica aqui é: seja autêntico.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 65-66.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Sintonia.

Conclusão

“São os vencedores que escrevem a história a seu modo. Não causa surpresa, então, que o ponto de vista da maioria bem-sucedida tenha dominado todos os relatos sobre a origem do cristianismo. Os cristãos eclesiásticos primeiro definem os termos (designando-se a si mes- mos “ortodoxos” e seus oponentes “hereges”); depois de monstram ao menos para sua própria satisfação que seu triunfo era historicamente inevitável ou, em termos religiosos, “guiado pelo Espírito Santo“.

No entanto, as descobertas de Nag Hammadi reabriram questões fundamentais. Elas sugerem que o cristianismo pode ter se desenvolvido em direções muito diferentes ou que o cristianismo que conhecemos poderia não ter sobrevivido. Se o cristianismo tivesse permanecido multifacetado, provavelmente teria desaparecido junto com diversos cultos religiosos da Antiguidade. Acredito que devemos a sobrevivência da tradição cristã à estrutura organizacional e teológica que a igreja emergente desenvolveu.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 161.

Capítulo: Conclusão.

A Natureza de Deus e a Política

“Esse não é um caso único: podemos ver em toda a história do cristianismo como as várias crenças sobre a natureza de Deus continham inevitáveis e diferentes implicações políticas.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 51.

Capítulo: 2- “Um Deus, Um Bispo”: A Política do Monoteísmo.

Consequências Políticas da Ressurreição

“O que temos como fato histórico é que determinados discípulos – Pedro, em especial – sustentaram que a ressurreição aconteceu. E, mais importante, sabemos o resultado: logo após a morte de Jesus, Pedro assumiu o grupo como líder e portavoz.

(…)

No início do século II, os cristãos compreenderam as possíveis consequências políticas de terem “visto o Senhor ressuscitado”: em Jerusalém, quando Tiago, irmão de Jesus, disputou, com êxito, a autoridade com Pedro, uma tradição manteve que Tiago, e não Pedro (e com certeza tampouco Maria Madalena), fora a “primeira testemunha da ressurreição”.

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 6-7.

Capítulo: 1- A Controvérsia Sobre a Ressurreição de Cristo: Acontecimento Histórico ou Símbolo?

Exame de Datação dos Papiros

“O exame de datação dos papiros tornava mais densa a encadernação de couro e os manuscritos coptas, situando-os entre 350-400 d.C. Mas os estudiosos discordam categoricamente sobre a data dos textos originais. É pouco provável que alguns deles sejam posteriores a 120-150 d.C., pois Irineu, o bispo ortodoxo de Lyon, declara por volta de 180 d.C. que hereges “vangloriam-se de possuir mais evangelhos do que realmente existem”, e lamenta que em sua época esses escritos já tenham atingido ampla circulação – da Gália até Roma, Grécia e Ásia Menor.
Quispel e seus colaboradores, os primeiros a publicar o Evangelho de Tomé, sugeriram, para o original, o ano aproximado de 140 d.C.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. XVII.

Capítulo: Introdução.

João Batista o Percursor

“Muitos acreditam que João estava associado aos essênios e a suas práticas esotéricas e ascéticas; entre as cerimônias dos essênios estava o batismo para a purificação do corpo e do espírito”

Nota: Os essênios eram uma seita judaica ascética que existiu desde aproximadamente 150 a.C. até o final do primeiro século d.C. O historiador judeu Flávio Josefo (37-100 d.C.) descreve os essênios em sua Antiguidades Judaicas (Livro 18, Capítulo 1). O estudioso romano Plinio, o Velho (23-79 d.C.) escreveu que os essênios viviam próximo ao Mar Morto, has colinas acima de Ein Gedi (onde, em 1998, arqueólogos israelitas escavaram o que se crê constituírem ruínas de uma comunidade essênia). Muitas semelhanças existem entre entre o que os historiadores sabem do modo essênio de vida e de como viveu João Batista, conforme descrito nos Evangelhos. Além do batismo de purificação pela água, há também evidência de que aderiam a uma dieta vegetariana. Eles mantinham comunidades do tipo monástico no deserto a fim de se isolarem do que consideravam práticas mundanas e corruptas dos sacerdotes e da população.

“O essênio, como o iogue indiano, buscava alcançar a união divina e as ‘dádivas do Espírito’ pela meditação solitária em locais retirados”, escreveu o arqueólogo Arthur Lillie em India in Primitive Christianity (…) “Numerosas autoridades, tais como Hilgenfeld e Renan, afirmam que houve influência budista nas doutrinas dos essênios. E foi através desta seita judaica que a influência budista chegou à Palestina e, mais tarde, filtrou-se para o Cristianismo. (…) A vida levada pelos essênios”, ele diz (citando o historiador Sir Charles Eliot em Hinduism and Buddhism: An Historical Sketch) “foi ‘exatamente como a que poderia ser desenvolvida por aspirantes à verdade que estivessem tentando pôr em prática em outro país os ideais religioso da Índia”.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 111-112.

Capítulo 6: O batismo de Jesus.