Tendência a prescindir da morte

“Temos uma tendência patente a prescindir da morte, a eliminá-la da vida. Tentamos silenciá-la; temos até o provérbio: pensamos em algo como na morte. Como na própria, claro está! A morte própria é, pois, inimaginável, e quantas vezes o tentámos pudemos observar que, em rigor, permanecemos sempre como espectadores. Assim, foi possível arriscar na escola psicanalítica esta asserção: no fundo, ninguém acredita na sua própria morte ou, o que é a mesma coisa, no inconsciente, cada qual está convencido da sua imortalidade.

(…)

Acentuamos com regularidade a motivação casual da morte, o acidente, a enfermidade, a infeção, a idade avançada, e traímos assim o nosso empenho em rebaixar a morte de necessidade a casualidade. Uma acumulação de casos mortais afigura-se-nos como algo de sobremaneira horrível. Diante do próprio morto adotamos um comportamento peculiar, quase como de admiração por alguém que levou a cabo algo de muito difícil. Excluímos a crítica a seu respeito, fazemos vista grossa sobre qualquer injustiça sua, determinamos que de mortuis nil nisi bene, e achamos justificado que na oração fúnebre e na inscrição sepulcral ele seja honrado e exaltado.

(…)

Esta nossa atitude face à morte exerce, porém, uma poderosa influência na nossa vida. A vida empobrece-se, perde interesse, quando a aposta máxima no jogo da vida, ou seja, a própria vida, se não tem de arriscar.”

FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.39-31.

Considerações atuais sobre a guerra e a morte (1915)
“A nossa atitude diante da morte”

Ele Sofre, Se Esforça e Se Regozija

A persistência do homem no erro é a razão de permanecer condenado ao ostracismo, banido da consciência divina.  (…) A verdade é que, sendo Deus onipresente, Ele sofre naqueles que choram, Se esforça naqueles que trabalham e Se regozija nos que conhecem a bem -aventurança da alma. O Grande Espírito desejou Se tornar muitos, e em muitos Se tornou; mas os muitos não O reconhecem. Eles se mantêm segregados devido ao seu individualismo. Aferrando-se à ilusão de que seu ego possui uma existência separada, eles se esquecem por completo de que sua individualidade é apenas uma diminuta onda na superfície do Oceano Cósmico. A salvação consiste em romper essa ilusão do individualismo, de modo que a pequena onda possa imergir no oceano do Espírito.

(…)

Quando a alma novamente se percebe como filha de Deus, descendente autêntica do Infinito Imaculado – e compreende que, devido à ilusão onirica, apenas imaginou ser temporaria mente um ser pecador -, então a consciência abriga uma fé inquebrantável nessa realidade. A mera; a convicção latente de que a alma é filha de Deus é permanente e imutável, ainda que esteja oculta por algum tempo na matriz de pecado própria da mortalidade.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 98.

Capítulo 35: O Perdão dos Pecados.

Concentrar-se na Vida Eterna

“Quanto a enfrentar as imposições inevitáveis da vida, “vosso Pai Celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas“. Deus espera que o aspirante espiritual desempenhe as tarefas úteis que lhe cabem, mas não como o materialista que mantém as energias e o olhar focalizados em ganhos egoístas e prazeres sensoriais. “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça” significa concentrar-se na Vida Eterna, a fonte de todas as vidas, e expressar a glória dessa imortalidade em todas as interações com o mundo.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 570.

Capítulo 29: “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça” – O Sermão da Montanha, parte IV.

Relação Entre a Consciência e o Corpo

“Quando o homem conhecer plenamente a relação entre a consciência e o corpo, virá a compreender por que razão se desintegram as célu las corporais quando se separam do corpo a vida e a consciência; e saberá como remodelar o corpo infundindo-lhe vida e consciência à vontade, mesmo que tenha experimentado a morte física. A conquista da imortalidade consciente, evidenciada na ressurreição de seu corpo físico, é o “sinal” supremo e a demonstração metafísica que Jesus con cedeu ao mundo para toda a futuridade. Seu propósito foi despertar nos homens a fé, e encorajar e dar esperança àqueles que estivessem dispostos a esforçar-se por alcançar, através da meditação, sua própria imortalidade no reino de Deus.

(…)

Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. (Matheus 12:43-45)”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 133-134.

Capítulo 36: Que significa a blasfêmia contra o Espírito Santo?

Pescadores de Homens

“Os sábios consideram este mundo um oceano de ilusão onde os peixes humanos são constantemente acossados pelos tubarões dos sentidos. (…)  Deus quer que os verdadeiros pescadores de homens aprendam a arte de lançar a rede de seu magnetismo espiritual para capturar as almas presas pelo erro, trazendo-as a Ele. Aqueles que são conduzidos com sabedoria à presença de Deus estão sempre protegidos nas águas límpidas da imortalidade.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 425.

Capítulo 23: Pescadores de Homens.

Os Filhos de Deus São Imortais

Como almas, centelhas individualizadas do Espírito ilimitado, os filhos de Deus são imortais, livres de qualquer dependência material. Deus planejou as células das flores, das plantas, dos animais e dos seres humanos para que vivessem recarregadas pela Energia Cósmica – e não se alimentando cruelmente umas das outras. Somente quando a alma se identifica com o corpo humano profanado por Satã é que o homem sente a fome característica da dependência de suprimentos da natureza. A Força Ilusória Cósmica levou o homem consciente de seu corpo a acreditar que sem o sustento físico sua existência se extinguiria. Ao voltar-se para os produtos da terra para sua nutrição (alento e alimento), o homem permanece preso a ela e esquece sua verdadeira natureza, que vive exclusivamente da Energia Cósmica e da vontade de Deus.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 178.

Capítulo 8: A Tentação de Jesus no deserto.

A Batalha Humana

O aspecto humano de Jesus não desmerece sua grandeza; ao contrário, o enaltece perante os olhos humanos. Além disso, infunde nos corações frágeis a esperança de que, por meio do exercício pleno da força de vontade sobre o corpo e suas tentações, o homem pode vencer a carne e, tal como Jesus, elevar-se desde a condição humana até o plano divino.

(…) Nesse caso, as palavras de Jesus “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” teriam sido hipocrisia ou encenação absurda. Se Jesus fosse Deus, como poderia sentir-se separado Dele mesmo?

Um Jesus verdadeiramente humano e divino que se debate contra as torturas e as tentações da carne, e que por força do poder da alma alcance a vitória sobre elas e a herança da vida eterna, é uma grande fonte de inspiração e de confiança para os frágeis seres humanos sujeitos a severas tentações.

(…) Seria fácil para um deus imortal, dotado de um corpo mas não afetado por ele, desempenhar um papel de sofrimento, perdão e crucificação; porém é extraordinariamente difícil para um simples ser humano vencer o ódio dos demais com o amor e aceitar e suportar que crucifiquem seu corpo injustificadamente.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. III. Editora Self, 2017, pág. 406-407.

Capítulo 74: A crucificação.

Imortalidade

“A busca da imortalidade física procede de uma incompreensão do ensinamento tradicional. (…) Conhecer a eternidade é iluminar-se; não reconhecer a eternidade produz a desordem e o mal. (…) A bênção concedida ao fiel sempre segue a própria estatura deste, assim como a natureza do desejo que o domina: a bênção é tão-somente um símbolo da energia da vida adaptado às exigências de um caso específico.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 175-177.

Integração

“E por isso podemos dizer que, afinal de contas, o moderno alvo terapêutico de uma cura que produza o retorno à vida é atingido por meio da antiga disciplina religiosa (…) aquele que se libertou em vida (jívan mukta), desprovido de desejos, compassivo e sábio, “com o coração concentrado pela ioga, vê todas as coisas sob a mesma luz, observa-se a si mesmo em todos os seres e observa todos os seres em si mesmo. Como quer que leve a vida, vive em Deus”. (…) Aqueles que sabem, não apenas que o Eterno vive neles, mas que eles mesmos, e todas as coisas, são verdadeiramente o Eterno, habitam os bosques de árvores que atendem aos desejos, bebem o licor da imortalidade e ouvem, em todos os lugares, a música silenciosa da harmonia universal. Esses são os imortais”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 157.

Sacramentos

“(…) somos unidos às imagens imortais da força iniciatória, através da operação sacramental na qual o homem, desde o início dos seus dias na Terra, afastou os terrores de sua fenomenalidade e ascendeu à visão transfiguradora do ser imortal”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 137-138.